15 carros que são gambiarras nacionais (detalhes)

Chevrolet Agile é uma das gambiarras nacionais
Chevrolet Agile é uma das gambiarras nacionais

Pode parecer que não, mas quase todas as montadoras que atuam no mercado brasileiro já fizeram ou ainda fazem algumas gambiarras para oferecer soluções diferenciadas para os consumidores.

O Chevrolet Agile, por exemplo, é considerado uma das maiores gambiarras da indústria automotiva brasileira.

Os carros “gambiarras” são aqueles modelos que nasceram reaproveitando diversos componentes de outros veículos. Ou pior ainda, carros que deveriam evoluir e pararam no tempo ou até os que sofreram com a pesada tributação brasileira.

Porém, nem sempre esses modelos são ruins. Alguns são bastante razoáveis, mas outros sofrem (ou sofreram) de males que só um projeto novo pode salvar.

Ao ler esta lista, lembre-se de que o Notícias Automotivas não quer enfatizar críticas a uma marca ou outra, afinal, todas elas criaram suas gambiarras, em algum momento. Confira:

1) Volkswagen Gol (até 2008)

Volkswagen Gol G4 Trend 1

Na década de 70, a VW começou a planejar o sucessor do Fusca, que já não conseguia enfrentar concorrentes como o Chevette e o Fiat 147. Ele teria uma nova plataforma, motor dianteiro e suspensão traseira com eixo de torção, além de um desenho novo e moderno.

O Gol foi lançado em 1980 com a plataforma adaptada do Passat, com o motor 1300 arrefecido a ar (emprestado do Fusca) e com linhas claramente inspiradas no Scirocco. Os instrumentos do painel vindos da Variant II completavam a obra.

O desenho e o novo chassi agradaram, mas o motor era fraco demais para o modelo. Para melhorar o desempenho, foi adotado o motor 1600, também arrefecido a ar, mas o estepe precisou sair do cofre do motor e ser adaptado no bagageiro, onde ficou até a chegada da segunda geração, em 1994.

Essa geração foi apresentada pela fábrica como um carro totalmente novo, mas na realidade a plataforma continuava baseada na BX e o motor ainda era longitudinal. Sofreu dois facelifts conhecidos pelos pseudônimos “Gol Geração 3” e “Gol Geração 4“, que também podem ser classificados como gambiarras.

2) Chevrolet Celta

chevrolet celta advantage1

Apesar de não ter tantas adaptações, o Celta entrou na lista de gambiarras devido a sua origem: é um Corsa com roupa simples.

Lançado em 2000 para ser o carro mais barato do Brasil, o Celta aproveitava o motor 1.0 do Corsa Wind de 1994 e a plataforma do Corsa A, lançado pela Opel em 1983. Além disso, as adaptações fizeram com que a coluna de direção saísse deslocada para a esquerda, como era no Chevette.

Em 2002 ele ganhou os motores VHC, mais potentes e econômicos que, em 2005 tornaram-se flexíveis em combustível. O primeiro facelift aconteceu em 2006, quando a plataforma já completava 23 anos.

3) Fiat Linea

Fiat Linea Latam 323 2014–16 2

Desde o fim da produção do Tempra a Fiat tenta repetir seu sucesso na categoria dos sedãs médios, e a última aposta foi o Linea. Ele deriva do Punto (que na Europa é Grande Punto), de quem usa a plataforma esticada.

No Brasil, essa plataforma combina elementos novos com a plataforma do Idea, que por sua vez deriva do Palio. Isso fez com que o Linea fosse estreito demais em relação aos concorrentes, se tornando uma gambiarra.

O sedã também compartilhava com o hatch o para-brisa e as portas dianteiras, e seu motor 1.9 16V era derivado do 1.6 16V do Palio, de 1996.

A Fiat esperava vender 2 mil unidades por mês. Apesar de ser um carro razoável e de linhas elegantes, apenas 887 unidades foram vendidas em alguns meses.

4) Ford Ka

ford ka

Quando o Ka foi lançado no Brasil, vivíamos uma época feliz no mercado nacional. Quase todos os modelos vendidos no país estavam em sintonia com os EUA e a Europa e a estabilidade econômica facilitava a compra desses carros.

O Ka original tinha um estilo que não agradou os brasileiros apesar de ter sido um sucesso na Europa. Em 2001, ele passou por um facelift que nunca aconteceu no Velho Mundo. Mesmo assim o Ka não decolou.

Com a necessidade de lançar algo competitivo nesse segmento, a Ford desenvolveu um novo Ka, diferente daquele que estava em desenvolvimento na Europa.

Um carro de baixo custo, feito para agradar o peculiar mercado brasileiro, corrigindo os pontos fracos da geração anterior e tornando-se um rival de peso para o Mille. Por isso a Ford reaproveitou peças do antigo Ka (portas e para-brisa) e parte da estrutura da picape Courier.

A queda acentuada da parte posterior do teto, mantida pela equipe de design, foi rejeitada por reduzir o espaço para a cabeça dos ocupantes do banco de trás. A solução foi atenuar a queda e disfarçar o espaço morto com um vinco.

Logo após o lançamento os internautas chamavam o Ka de “franKAstein” (para não dizer gambiarra) em alusão ao monstro do romance de Mary Shelley.

Mas os números de vendas mostraram que o Ka, na verdade, virou um monstro de vendas, pois desde o seu lançamento ocupava um lugar entre os dez carros mais comprados no país.

5) Ford Del Rey

Ford Del Rey Belina Ford Del Rey 2 door 2

Com a decadência do Landau e o fim do Maverick, a Ford precisava de um carro na categoria de sedãs luxuosos. Os nomes cogitados eram o Taunus (não confundir com o americano Taurus) e o Granada.

Mas a decisão final foi construir um novo carro tendo como base o consagrado Corcel II. Com estilo claramente inspirado no Ford Granada, o Del Rey foi feito sobre uma inalterada plataforma do Corcel. Do compacto também vinham o motor CHT e as imensas portas.

Era um sedã luxuoso e confortável, conforme seu ancestral Landau, mas o espaço interno era comprometido pela distância entre eixos, que era a mesma do Corcel. Como era um carro maior e consequentemente mais pesado, o desempenho acabou limitado.

A situação piorou com a chegada do Chevrolet Monza, que tinha mais espaço interno, estilo mais jovem e motor mais potente. Não havia como concorrer com este novo adversário.

Apesar disso, o Del Rey permaneceu o mesmo até 1991, quando foi substituído pelo Versailles. As únicas alterações foram um facelift em 1985 e o motor AP1800, que passou a ser utilizado após a criação da Autolatina e melhorou significativamente o desempenho do sedã, infelizmente tarde demais.

6) Volkswagen Santana e Ford Versailles

Volkswagen Santana BR spec 1998–2006

A plataforma B2 da Volkswagen estreou em 1978 nos Audi 80 e 90 e deixou de ser utilizada em 1991 com o encerramento da produção do Audi Quattro.

Exceto no Brasil e outros países emergentes, pois foi exatamente em 1991 que ela foi utilizada na reestilização do Santana (que já usava essa plataforma desde 1984) e no novo Ford Versailles.

Ambos eram carros iguais, exceto por detalhes externos e pelo interior, que seguia as características de cada marca. Com o fim da Autolatina, em 1996, a Ford descontinuou o Versailles e em seu lugar ficaram o Mondeo, que já era importado desde o ano anterior, e o americano Taurus.

Já a Volkswagen manteve o Santana em produção até 2006, quando o carro completou 22 anos no mercado.

7) Renault Symbol

Renault Symbol 2008–12 3 1

Um olhar mais atento ao sedã da Renault confirma: você já viu esse carro antes e ele também pode ser chamado de gambiarra automotiva. É o Clio Sedan com uma carinha mais moderna.

O que aconteceu foi que o Clio sedã estava posicionado acima do Logan, mas como tinha o mesmo visual desde 2003, acabou esquecido pelo consumidor.

O sucesso do Logan provocou uma saída à francesa do Clio, deixando um espaço na tabela entre o Logan Privilege e o Mégane. A solução da fabricante foi renovar o velho Clio sedã de 1999 para torná-lo atrativo novamente.

É exatamente o mesmo carro, sendo que as alterações foram somente estéticas e ele continuava com todos os defeitos e todas as qualidades do Clio. O lançamento da versão de entrada com o antigo motor 1.6 8V ainda fez dele um novo rival para o honesto Logan.

8) Peugeot 207 brasileiro

peugeot 207 renault clio 1

O 207 foi lançado em 2006 na França e já no ano seguinte tornou-se o carro mais vendido da Europa. Seguindo o padrão de nomenclatura da Peugeot, o 207 é o substituto do 206, um carro maior, mais moderno e com a nova bocarra dos irmãos maiores.

Mas a Peugeot do Brasil decidiu não produzir o carro por aqui. Provavelmente pelo custo final que acabaria reposicionando o modelo e o deixaria próximo demais do 307. Daí, a solução encontrada pela fábrica foi “renovar” o 206.

Ele ganhou os faróis, o para-choque “bocudo” e o interior baseados no 207 de verdade. O para-choque traseiro recebeu uma maquiada e perdeu a importante luz de neblina. Montar um carro dessa forma é muito comum, mas no caso do 207 a fábrica anunciou um veículo totalmente novo.

E assim ganhamos o nosso 207 Brasil, uma tentativa frustrada do pessoal do marketing da Peugeot de agregar valor ao superfacelift. E pra quem acha que não poderia ser pior, fizeram a versão sedã, com um porta-malas enxertado atrás do hatch.

9) Chevrolet Vectra

vectra elite 7

Lançado em 1988 para substituir o Ascona/Monza, o Vectra só chegou por aqui em 1993, em sua primeira geração. Três anos mais tarde o Monza saiu de linha no Brasil e o Vectra ganhou sua reestilização, ainda com a plataforma original GM2900 de 1988 e o motor 2.0 do Monza.

Apesar disso, o interior era totalmente renovado e trazia muitos equipamentos e acessórios nunca vistos em um carro nacional. Em 1998, chegaram os motores 2.2 com mais torque, mas ainda com o mesmo bloco do anterior.

O Vectra B durou até 2005, dois anos após ter saído de linha na Europa e substituído pelo Vectra C, que usava uma plataforma mais moderna e que nunca chegou ao Brasil. Por aqui a GM optou por montar um Astra C europeu sobre a plataforma do Astra B (de 1998).

O motor continuou o 2.0 do Monza e a suspensão traseira perdeu o sistema de multibraços, tendo um eixo de torção. Vendia cerca de 1.500 unidades por mês.

10) Fiat Doblò

Fiat Doblò 7 lugares
Fiat Doblò 7 lugares

Inicialmente, o Fiat Doblò foi anunciado como um carro com proposta comercial. Ele nasceu como um simples furgão com portas laterais corrediças para servir às empresas na entrega de produtos e serviços.

Porém, logo de início a Fiat viu oportunidade para lançar uma versão do Doblò destinada a passageiros. E então surgiu o Doblò que conhecemos por aqui (o modelo comercial é conhecido como Doblò Cargo).

Logo de cara, dá para notar que o Doblò para passageiros não foi feito para o transporte de pessoas. Ele não é lá muito confortável e o isolamento acústico também não é dos melhores. Sobretudo na versão de sete lugares, viajar no porta-malas é um grande desafio.

11) Chevrolet Agile

chevrolet agile 2010 1

O Chevrolet Agile é considerado uma das maiores gambiarras dos últimos tempos. Ele nasceu em meio à crise que assolava o mercado norte-americano, o que fez a Chevrolet beirar a falência.

Portanto, marca precisava de um carro que fosse amplamente barato na linha de produção, para dar uma boa margem de lucro no mercado. Tudo isso para tirar a empresa do sufoco.

Eis que surgiu um hatch compacto com a plataforma do antigo Corsa B, sem direito a um simples subchassi dianteiro. Além disso, o Agile tinha uma série de cortes de custos descarados, como o para-brisa curto demais (deixando o painel também curto e bem na cara do motorista), ausência de defletor de escapamento, acabamento simples e motor antigo.

Porém, recompensava com uma boa lista de equipamentos. E deu certo: o Agile foi um dos mais vendidos da categoria por diversos meses.

12) Fiat Strada

fiat strada adventure 2014 2

A Fiat Strada pode até ser um dos comerciais leves mais vendidos no Brasil. Porém, não dá para negar que a picapinha era uma bela de uma gambiarra. A última versão do modelo era a mesma geração lançada em 1998.

Ou seja, ela já tinha mais de 21 anos de mercado. Desde então, já teve seu visual atualizado seis vezes e recebeu uma série de novidades para se manter em atividade no mercado.

Por outro lado, a Strada trouxe boas inovações. Foi a primeira picape compacta cabine estendida, lançada em 1999.  Além disso, estreou a configuração cabine dupla em 2009, também algo inédito na categoria. No ano de 2013, a Stradinha passou a ofertar a configuração de carroceria cabine dupla com três portas.

A concorrência, porém, não é capaz de desbancar a Fiat Strada. A Chevrolet Montana era antiquada demais e oferecia motor mais fraco. Já a Volkswagen Saveiro, por mais moderna que seja, fica devendo em robustez.

13) Honda WR-V

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O sucesso dos SUVs compactos no mercado brasileiro cresceu os olhos da Honda no Brasil. Não contente em liderar o segmento com o Honda HR-V, a marca japonesa resolveu fazer uma gambiarra em cima do Fit para chama-lo de SUV. Eis que surgiu o Honda WR-V.

Em comparação com o Honda Fit, o Honda WR-V tinha a dianteira e traseira com desenho diferenciado, parte frontal da carroceria com formato mais alto, suspensão elevada, adereços plásticos, suspensão exclusiva e entre-eixos maior em 2,5 centímetros. E só.

Se você entrar dentro de um Fit e depois em um WR-V, vai perceber que ambos são praticamente idênticos. E o pior: o Honda WR-V é mais caro e menos equipado que o irmão “civil”.

14) Renault Captur

renault captur lançamento NA 30

Outro exemplo de crossover compacto que chegou como uma gambiarra nacional foi o Renault Captur. Na realidade, trata-se de um projeto russo e não brasileiro. Todavia, o nosso Captur é bem diferente do modelo oferecido na Europa.

Para começar, a Renault resolveu construir o Captur em cima da plataforma do Duster, que é bem mais barata que a do Captur europeu (construído sob a base do Clio de quarta geração, que inclusive nem chegou ao Brasil por ser caro demais).

Além disso, ele tem acabamento interno mais simples, uma dose a menos de equipamentos e mecânica menos avançada. Para se ter uma ideia, a versão topo de linha do Captur usa um câmbio automático de quatro marchas, algo abolido por quase todos os outros modelos do segmento.

Ainda bem que parte disso foi revolvida com a chegada do novo motor 1.3 turbo ao modelo.

15) Chevrolet Montana

chevrolet montana ls 2011

A Montana de última geração bebeu da mesma fonte do Agile. Dá para dizer que ela era um Agile com caçamba.

Ou seja, um Corsa B utilitário. Isso é um retrocesso frente à antiga geração da picapinha, que era baseada no projeto do Corsa C, dotado de uma plataforma bem mais moderna.

Ela era a terceira das picapes e a menos vendida delas, o que fez a Chevrolet deixar de vender a Montana. No lugar, deverá oferecer uma picape maior, com carroceria cabine dupla e quatro portas, nos mesmos moldes da Fiat Toro.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.