Renault Sandero RS 2.0 anda bem, mas peca nos detalhes

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Após revitalizar o Sandero mantendo a filosofia de baixo custo e personalização que contribuíram para a conquista de mais clientes no Brasil, a Renault partiu para diversificar seu lineup de origem romena. Assim, uma das apostas foi a esportividade e o Sandero RS 2.0 foi o resultado.

Desenvolvido em parceria com a divisão esportiva Renaultsport, o Sandero RS 2.0 surge como uma proposta diferenciada no segmento de esportivos, que no Brasil dispõe de pouquíssimas opções.

A Renault decidiu converter seu popular em um modelo de melhor performance e para isso recorreu aos especialistas, em vez de tentar algo caseiro. Assim, o Sandero RS 2.0 chega com motor 2.0 Flex modificado, mas não muito mais potente. O objetivo é entregar funcionamento mais agressivo e respostas mais aguçadas.

Para acompanhar o motor, modificações visuais e mecânicas foram feitas no Sandero, embora nem tudo esteja de acordo com a proposta e em relação ao seu preço, que é de R$ 59.280. Com rodas de liga leve aro 17, o valor sobe para R$ 60.280. Ainda assim, é mais em conta que um Fiat Punto T-Jet (veja aqui opinião de dono sobre Punto T-Jet 2013), por exemplo.

Mas, será que anda mesmo?

Por fora…

O primeiro impacto do Renault Sandero RS 2.0 é o visual, que é condizente com a proposta. Faróis duplos com detalhes em preto brilhante, grade personalizada com as letras RS, para-choque com spoiler proeminente e acabamento diferenciado e LEDs diurnos fecham o frontal.

Nas laterais, o RS recebeu rodas de liga leve aro 17 polegadas com acabamento em preto brilhante. O visual é interessante, mas notamos que as pinças de freio não possuem pintura.

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Não faria diferença em termos de performance, mas realçaria a proposta do modelo. Saias laterais, faixas decorativas, nome Renault Sport e retrovisores em preto brilhante destacam-se nas laterais.

Na traseira, as lanternas têm máscara negra e acabamento cromado. O escape duplo também é cromado, enquanto o para-choque apresenta difusor de ar em cinza brilhante.

O defletor de ar no teto é prolongado. O teto tem apenas antena e poderia ser pintado de preto, que na cor branca cairia bem.

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Por dentro…

Se por fora o Sandero RS 2.0 chama atenção, por dentro ele poderia estar mais de acordo. Os bancos esportivos em veludo e tecido têm bom visual, destacando-se o acabamento em dois tons (preto e bege claro) com costuras e faixas vermelhas.

O logotipo RS é bordado nos apoios de cabeça.

Há também pedais esportivos e volante em couro com costuras vermelhas, cujo aplique de mesma cor com as letras RS na parte inferior realça a proposta. A alavanca do câmbio também tem o mesmo acabamento.

O cluster tem velocímetro até 220 km/h (o hatch alcança 202 km/h) e aparência geral normal, sem qualquer personalização que aponte para esportividade.

No computador de bordo, apenas o modo Sport é indicado, mas sem nenhum alarde visual. E é tudo isso que se destaca no acabamento do Sandero RS em relação aos demais.

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A partir daí, o Sandero se impõe ao RS e o baixo custo se torna evidente.

Os vidros traseiros acionados pelo condutor continuam no console central, próximos do novo botão dos modos Sport e Sport+. Lá também fica o nada ergonômico limitador/controlador de velocidade, cujos ajustes e memória ficam em botões separados no volante.

A coluna de direção – com ajuste apenas em altura – conta com o clássico comando de áudio e telefonia, que ainda tem um botão de chamada meio perdido na parte frontal da direção. Não é de todo ruim, mas a Renault já poderia ter colocado um volante multifuncional de verdade no modelo.

O acabamento geral é pobre. Com exceção dos bancos dianteiros, o restante deixa a desejar, ainda mais com uma proposta mais esportiva, que denota maior preocupação com o produto, que naturalmente será mais caro. Mas, o que se vê é apenas plástico duro no painel e portas.

Não há tecido além dos assentos. Detalhes em cinza e preto brilhantes tentam amenizar.

Não há retrovisor eletrocrômico, nem luzes de leitura individuais, exceto a do passageiro.

Também sem sensor de chuva ou crepuscular. Os LEDs diurnos no exterior são um luxo nesse ambiente. O banco traseiro é inteiriço e tem somente dois apoios de cabeça, assim como cinto central de dois pontos. Encontramos o mesmo conjunto no GT Line e demais versões.

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Escapa apenas o bom espaço do porta-malas (320 litros), que não pode ser ampliado de uma forma mais versátil por conta do banco inteiriço. O espaço interno também é outro destaque do modelo, assim como a altura.

A multimídia Media Nav Evolution é simples e intuitiva, tendo com destaque o navegador com dados de tráfego, algo realmente muito útil.

Só precisaria ser menos complicado nas alterações de configuração durante a rota.

Por fim, o ar condicionado automático é outro ponto bom no conjunto.

Estranhamente, o capô do Sandero tem amortecedor para abertura, contrastando com o projeto de baixo custo do carro.

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Por ruas e estradas…

Se no visual exterior ele é interessante e no ambiente interno precisa melhorar muito, na performance, o Sandero RS 2.0 cumpre tranquilamente o que promete.

O motor 2.0 Flex ganhou um coletor de admissão maior, assim como mudanças na programação e nova ECU, que permite alteração por parte do condutor.

A Renaultsport viu que não era necessário entregar mais potência ou torque que os demais modelos da gama brasileira, apostando mais em alterações no funcionamento do motor, deixando-o mais nervoso.

Assim, ele entrega 145/150 cv a 5.750 rpm e 20,2/20,9 kgfm a 4.000 rpm. Números normais para um 2.0 16V Flex.

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Mas, com a reprogramação, ele ganha outra vida. As respostas ao acelerador já são boas no modo normal, mas com o Sport ativado, o funcionamento muda já na marcha lenta, que eleva-se suavemente.

O ronco também é diferente. Aí, o 2.0 Flex passa a ser bem mais agressivo, elevando o giro rapidamente.

O câmbio de seis marchas é curto e na sexta marca 3.500 rpm a 110 km/h. Os engates não são macios, mas há precisão. Com ele, o RS apresenta aceleração vigorosa e retomadas condizentes com a proposta.

A embreagem é macia, ao contrário de outros esportivos, dando mais conforto ao dirigir.

Ruim mesmo é o consumo. Conseguimos somente 8,7 km/litro na estrada com etanol. Na cidade, não tão ruim mas ficou em 7,2 km/litro. Em tempos de eficiência energética, esses números não agradam em nada.

A Renault divulga que o Sandero RS 2.0 vai de 0 a 100 km/h em 8,0 segundos e tem máxima de 202 km/h. Já no modo Sport+, controles de tração e estabilidade são bem atenuados, garantindo assim uma condução mais agressiva para quem sabe o que está fazendo.

O ajuste da direção é um pouco mais direto nesses modos, mas deveria ser ainda mais.

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A suspensão tem ajuste mais esportivo, mas não é excessivamente dura. Molas são mais firmes na frente e o conjunto teve a altura rebaixada em 19 mm. Com essa nova calibração, o Sandero esportivo ficou melhor nas curvas e ganha no comportamento dinâmico.

Os freios a disco nas quatro rodas atuam muito bem no modelo. O nível de ruído interno é moderado e o ronco do motor agrada.

Por você…

Não há como negar que o fator preço é o principal diferencial do Renault Sandero RS 2.0.

Os rivais com aptidões realmente esportivas custam bem mais. Mas para manter o hatch na faixa dos R$ 60 mil, a marca francesa manteve muito do baixo custo original do compacto, que é a única coisa que depõe contra ele. Não se justifica abrir mão desses detalhes.

Se tivesse um acabamento melhor e maior atenção com a segurança, o pacote do Sandero RS 2.0 seria campeão, mesmo que o consumo não seja lá essas coisas.

Para contrabalancear isso, o propulsor preparado pela Renaultsport acaba dando o que promete e o hatch assim anda bem.

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Como atualmente existem mais esportivos de fachada no Brasil do que carros que realmente fazem a diferença em performance, a chegada do Renault Sandero RS 2.0 foi em boa hora para o consumidor.

Se a opção é ter um carro esportivo na garagem e pagar pouco por isso, então esse romeno-brasileiro – preparado pelos franceses – é uma boa dica.

Medidas e números…

Ficha Técnica do Renault Sandero R.S. 2.0

Motor/Transmissão
Número de cilindros – 4 em linha, flex
Cilindrada – 1998 cm³
Potência – 145/150 cv a 5.750 rpm (gasolina/etanol)
Torque – 20,2/20,9 kgfm a 4.000 rpm (gasolina/etanol)
Transmissão – Manual de seis marchas

Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – 8,0 segundos (etanol)
Velocidade máxima – 202 km/h (etanol)
Rotação a 110 km/h – 3.500 rpm
Consumo urbano – 7,2 km/litro
Consumo rodoviário – 8,7 km/litro

Suspensão/Direção
Dianteira – McPherson/Traseira – Barra de torção
Eletro-hidráulica

Freios
Discos dianteiros e traseiros com ABS e EDB

Rodas/Pneus
Liga leve aro 17 com pneus 205/45 R17

Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 4.068 mm
Largura – 1.733 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.499 mm
Entre-eixos – 2.590 mm
Peso em ordem de marcha – 1.161 kg
Tanque – 50 litros
Porta-malas – 320 litros

Preço: R$ 60.280 (preço da versão testada)

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X