Carro da semana, opinião de dono: Fiat Mille Economy 2013

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Olá pessoal do Notícias Automotivas, meu nome é Lucas, tenho 20 anos. Acompanho o site há algum tempo, e era espectador fiel das avaliações feitas no Youtube.

Sempre fui apaixonado por carros, desde criança. Sabia o nome de todos, e reconhecia os modelos pelo farol, grade, lanterna… Enfim, sempre gostei de ler/assistir avaliações automotivas, não importando a categoria.

Como não vim aqui para falar de mim, vamos logo ao que interessa. Venho fazer um relato sobre meu primeiro carro, um Fiat Mille Economy ano/modelo 2013 (um dos últimos antes de sair de linha, devido à lei que obriga todos os veículos nacionais a saírem de fábrica com ABS e airbags).

Comprei o carro usado, de única dona, com 13 mil km originais. Ele tem alguns arranhões superficiais e algumas marquinhas de porta (coisa de estacionamento), mas nada que uma boa cera e um polimento não resolvam.

Sempre gostei do Mille, considero um carro que atende muito bem ao objetivo pelo qual foi projetado. Simplicidade e praticidade são palavras chave para ele.

Motivos para comprar o Mille

Agora, falarei um pouco sobre os motivos que me levaram a comprá-lo, bem como aqueles que me fizeram desistir de comprar um carro 0 km. No mercado automotivo atual, com R$ 30.000 você praticamente não consegue comprar um carro popular básico.

Aqueles que se interessam por carros zero, têm que ficar atento às promoções de emplacamento e IPVA “grátis”, cedidos por concessionárias em épocas de crise. Mas, voltando ao assunto, a ideia de pagar parcelas nunca me agradou, uma vez que sou estagiário e não possuo estabilidade profissional. Além do que, meu salário é na base do conta-gotas.

Cheguei a visitar concessionárias para fazer simulações de parcelas e de valor de entrada. Na Fiat, considerei o Novo Palio Economy, mas o valor de R$ 27.500 era alto demais. Tudo bem que com o desconto este valor cairia para R$ 25.990.

Mas ainda assim continuava salgado. Na Volkswagen, considerei o Gol 1.0 básico, pela fama de resistência e durabilidade. E, para resumir a história, o motivo de não tê-lo comprado consiste no preço.

O Gol era ainda mais caro do que o Palio, com praticamente os mesmos equipamentos de série (se é que podemos destacar algum), partia de R$ 30.990.

Sendo assim, decidi olhar com um pouco mais de carinho para o mercado de usados, já que estava no mês de junho, e os proprietários já teriam pago todos os impostos e licenciamentos anuais. Ao contrário do que muitos pensariam, não buscava um carro usado completo, pelo fato de não querer comprar um novo pelado.

Continuei na busca de um carro básico, pois rodo uma média de 60 km por dia, e o preço de manutenção tem que ser o menor possível. E, para ajudar, quanto menos tecnologias e itens de conforto um carro tiver, menos coisas para reparar.

Encontrei o anúncio deste Mille a um preço bem convidativo e com uma quilometragem surpreendente (apenas 13 mil km). Por momento, pensei que o hodômetro estava alterado, já que é raro ver estes carros tão poucos rodados. Liguei para a proprietária (tratava-se de uma senhora na casa de 60 anos) e aí tive a certeza da procedência.

Inspecionei a lataria, a procura de retoques ou marcas de colisão, e nada. O carro estava lacrado, assim como saiu de fábrica. Por fim, fechei o negócio, e o levei imediatamente para troca de óleo e filtros, além de uma revisão.

Vou dividir a minha avaliação em tópicos, tal como o site do NA faz, para facilitar o entendimento.

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Avaliação do Novo Uno Economy 1.4 (em detalhes)

1- Motor, Desempenho e Câmbio

O motor do Mille é o velho conhecido Fire, que já equipou diversos carros da Fiat. É um 1.0 de 8 válvulas e 4 cilindros, sem nenhuma tecnologia para melhorar consumo ou desempenho.

Não passa de um propulsor simples que, em relação aos atuais 1.0 de 3 cilindros, é um tanto quanto defasado.

A potência divulgada é de 65/66 cv e o torque é de 9,1/9,2 kgfm na gasolina e no álcool, respectivamente.

Por mais que os números não sejam nada surpreendentes (o up! desenvolve 82 cv no álcool, por exemplo), o Mille tem um desempenho muito bom para um carro da categoria. Isto se deve ao seu baixo peso que, na versão básica, é de 840 kg.

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É realmente surpreendente o desempenho. Trocando as marchas no limite (apenas pelo ruído do motor, já que ele não tem conta-giros), de 0 a 100 km/h o Mille fica na frente de muitos da categoria, acompanhando up! e HB20, que são sinônimos de desempenho.

Inclusive, anda bem mais do que o Novo Uno (o escritório onde sou estagiário possui um, e o carro sofre para vencer ladeiras, mesmo estando com apenas um ocupante). A atualização que a Fiat fez no motor Fire, chamando-o de Fire Evo, deixou-o muito fraco, até mesmo para os padrões de carros 1.0.

Em relação ao câmbio, é um ponto negativo de quase todos os Fiat’s. O curso da alavanca é longo, os engates não são dos mais precisos, mas nada que dificulte demais a dirigibilidade.

No entanto, como eu estava acostumado com um VW Gol G5 1.6 2011/2012 completo, estranhei um pouco o peso da embreagem e os engates do câmbio durante as primeiras voltas com o Mille. No Gol, os engates são precisos e curtos, e a embreagem extremamente macia.

2- Consumo

O preço do combustível de cana, atualmente, está muito convidativo na cidade onde moro. Por este motivo, estou abastecendo somente com álcool (na região de Belo Horizonte, o preço do litro está variando entre R$ 1,89 e R$ 1,99).

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Em percursos de aproximadamente 20 km, com trânsito carregado em alguns trechos, o consumo aferido na bomba foi de 10,6 km/l. Lembrando que as trocas de marchas foram realizadas objetivando um bom consumo, mas em alguns momentos acabei acelerando um pouco, para fazer ultrapassagens e retomadas.

Por fim, gostei do consumo. Ainda mais se levarmos em consideração a defasagem tecnológica do motor Fire.

O tanque tem capacidade para 50 litros, dos quais, 9 litros correspondem à reserva. A autonomia foi de aproximadamente 440 km, conferidos assim que o tanque entrou na reserva.

3- Conforto, Acabamento, Suspensão e Segurança

Trata-se de um carro básico, 2 portas, contanto apenas com vidros e travas elétricas acionados pelo alarme, e um rádio com entrada USB. Neste nicho, o conforto é deixado de lado para visar à praticidade, o baixo custo.

A direção, mesmo sendo mecânica, não é tão pesada, graças ao baixo peso do veículo. Claro que não se compara com uma direção hidráulica, mas já dirigi um Gol “pé de boi” e era um sofrimento para fazer balizas, o que não ocorre com o Mille. Os bancos são de tecido áspero, não muito agradável ao toque, e que não proporcionam conforto algum.

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A suspensão é macia, filtra bem as irregularidades, mas é mole de mais nas curvas. Somando isto à altura em relação ao solo, o Mille inclina bastante. Mas, como disse no começo da avaliação, o carro atende aos objetivos pelos quais foi projetado. E, obviamente, estabilidade não era uma das prioridades da Fiat para o modelo.

O interior é extremamente simples, com diversas rebarbas nos puxadores de porta e encaixes do painel. Os forros de porta se soltam com facilidade, mas nada que uma leve “pancada” com a mão não resolva, já que são fixados por grampos de pressão.

Nas portas, colunas e no porta malas, a lataria fica exposta, não tem um mísero plástico para tampá-las. O sistema de ventilação é, no mínimo, bizarro.

Ele possui diversas funções, com diferentes regulagens, direcionando o ar para os pés, para-brisa e ocupantes (na teoria). Mas, ao girar as roldanas de comando, não interessa a função que você coloque, o ar continua saindo somente para os ocupantes.

Ou seja, todas essas opções não servem para absolutamente nada (risos). A simplicidade se reflete em ruídos internos. Ao passar em ruas de pavimentação ruim, os pequenos “grilos” surgem, e incomodam um pouco.

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Falar em segurança, para o Mille, é até deboche. Ele é equipado apenas com os requisitos mínimos de segurança, que são exigidos para a produção regular de um automóvel (barras de proteção nas laterais e etc.)

Fora isso, não há mais nada.

Os cintos de segurança traseiros não são do tipo retráteis, ou seja, é necessário regular o tamanho para cada pessoa, o que é bastante chato de se fazer e desestimula o uso.

Esta versão também não conta com encostos de cabeça no banco traseiro. Resumindo, em casos de acidente, as consequências podem ser graves.

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4- Manutenção

Este é um ponto muito positivo. O custo das peças é baixo, e a mão de obra necessária é simples. Quando adquiri o carro, troquei o óleo e todos os filtros (ar, óleo e combustível), utilizando somente o recomendado pela Fiat, e o preço ficou na casa de R$ 170,00.

Fica a ressalva para a correia dentada, que necessita de ferramentas especiais para a sua correta substituição. Caso contrário, se você levar em uma oficina cujo procedimento seja baseado em marcas de tinta, o motor ficará fora de ponto.

Ao contrário da maioria dos Volkswagen e Chevrolet, que possuem marcas de referência a prova de mecânicos incompetentes, neste aspecto, a manutenção do motor Fire é um pouco mais complexa.

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O meu Mille, atualmente, está com quase 18 mil km. As pastilhas começaram a “cantar” um pouco, e então considerei a troca. Mas, ao checar com o mecânico, elas ainda tinham grande quantidade de material, não necessitando a substituição.

O ruído proveniente das mesmas era causado por uma pequena quina, formada por desgaste desigual das pastilhas. Mas, quando soube do preço das pastilhas (R$ 40,00, da marca Frasle), acabei substituindo. Considerei como um investimento muito baixo, não vale a pena postergar a troca.

No mais, com trocas de óleo em dia (recomendadas a cada 10 mil km pelo manual, mas pretendo trocar na metade disto) e atenção ao sistema de arrefecimento bem como à correia dentada, você não terá grandes surpresas.

5- Seguro

Este é um item caro, visto que o Mille é extremamente visado para roubo. Para piorar, pelo fato de ter apenas 20 anos e menos de 2 anos de habilitação, o meu perfil é o pior possível. Estou pagando a bagatela de R$ 2.500.

Existem opções mais baratas, como as cooperativas, porém fica a dúvida quanto às dificuldades que você possa enfrentar quando precisar acionar o seguro. Por isto, optei por uma seguradora já conhecida, nada de associações ou cooperativas. A desvantagem, obviamente, é o preço (em torno de R$ 1.000 mais caro).

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6- Considerações finais

O Fiat Mille é um bom carro, atende aos propósitos de seu projeto. Antes da compra, é preciso ter ciência do objetivo pelo qual o carro foi pensado. Se você é daqueles que gosta conforto, e não aceita a idéia de ter um carro básico, é melhor descartá-lo.

Mas, se o orçamento for o principal fator limitante na compra, pode optar pelo Mille sem medo. Inclusive, é muito utilizado por diversas empresas, como um carro de trabalho, por todos os motivos que já destaquei.

Enfim, para terminar este “testamento”, apesar de se tratar de um carro ultrapassado, de ter sofrido poucas mudanças estruturais desde o seu lançamento (meados da década de 80), ainda acho que vale a pena a compra.

Espero poder ajudar com o meu relato, mesmo que seja de um carro já bastante conhecido. Sempre leio as avaliações de proprietários aqui no site, e considero-as mais confiáveis, tendo em vista a maior propriedade com a qual os donos podem falar de seus carros, já que fazem uso diário dos mesmos.

Agradeço ao Notícias Automotivas pela oportunidade, e um abraço a todos.

Por Lucas Irrthum

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.