Carro da semana, opinião de dono: Ford New Fiesta S 2014

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Olá pessoal, meu nome é Igor, tenho 20 anos e vou falar um pouco sobre o New Fiesta 1.5 S, versão de entrada do compacto da Ford. Antes do New Fiesta, tínhamos aqui em casa um Palio Fire 2008/09, na cor Preto Vulcano (sólido), e que rendia 65/66 cv (gasolina/etanol).

Foi comprado em outubro de 2008 por R$ 32.000 e nos acompanhou até dezembro de 2014, quando tinha 76 mil km. Na época, o Fire era um bom negócio, visto que o Palio novo custava bem mais caro, mesmo na versão 1.0, e a concorrência não oferecia muitas opções.

O Palio é um carro confortável, de acabamento simples com diversas rebarbas, desempenho sofrível (como todo 1.0 de concepção antiga), os engates do câmbio são longos e imprecisos e não aceita trocas rápidas numa condução mais esportiva. É algo que você se acostuma e, no dia a dia, não reclama tanto.

O Palio era equipado com a maioria dos equipamentos a que tinha direito (kit Celebration): ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros, alarme, travas elétricas, rodas de aço aro 14, limpador e desembaçador do vidro traseiro.

Foram feitas três revisões na concessionária. Em uma delas, o consultor alertou para não deixarmos pertences pessoais no veículo. Tiramos o que era importante, mas deixamos algumas coisas como um kit de frescobol e uns óculos de sol com grau.

Após a revisão, percebemos que havia sumido a bolinha do frescobol e os óculos. Como não seria possível provar, deixamos para lá.

Ainda sobre a manutenção, tivemos um descuido, pois meu pai não costuma lembrar da revisão do carro ou das trocas de óleo e eu que preciso avisar. Fiquei um período sem acompanhar a quilometragem do carro e nisso ele rodou 15 mil km com o mesmo óleo.

Só foi percebido na revisão, e o resultado foi um prejuízo de mais de R$ 2.000, devido à necessidade de desmontar o motor e fazer toda a limpeza. Fora isso, não trouxe maiores custos, e foi só manutenção preventiva.

No entanto, desde novo, as portas precisavam de força extra para serem fechadas ou então só com aquele jeitinho. Reclamamos na concessionária, mas só ficou “menos pior”. Os reguladores dos difusores do ar quebraram com pouco mais de 1 ano, e dado o preço “proibitivo” do original, ficou do jeito que estava mesmo.

Outro ponto a se destacar é a estabilidade dele, que em alta velocidade (100 km/h) não inspira tanta confiança e a sensação que eu tinha era de “flutuamento”.

Como o Palio já estava com uma quilometragem alta, idade avançada, alguns problemas na pintura (causados por fatores externos) e não contava com os itens de segurança obrigatórios, decidimos que ele precisava de uma aposentadoria.

Assim, passei o ano de 2014 estudando opções pela internet, lendo avaliações e opiniões dos donos de vários carros. No mês de agosto começamos a olhar os modelos nas concessionárias e as condições de pagamento.

Depois de fazer test drive e discutir por algumas semanas sobre as opções disponíveis, decidimos então pelo New Fiesta, mas isso se daria apenas no final do ano, quando poderíamos dar uma entrada maior ou comprarmos à vista. Em agosto, ele sairia por R$ 43.000 (preço de tabela).

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No final de novembro, fui sozinho em outra concessionária da Ford, que apresentou o valor de R$ 42.000 para a versão de entrada e R$ 48.000 para a 1.6 SE, sem brindes. Liguei para mais duas do interior, mas não ofereceram uma boa proposta. Em uma delas, o vendedor ainda me fez a “proposta indecente” de dar os tapetes de “brinde”, apesar de serem itens de série no veículo.

Liguei para o vendedor da primeira concessionária (aquela que eu tinha visitado em agosto) e obtive a proposta de R$ 42.000 no 1.5 S, na cor sólida, com película, emplacamento e sensor de estacionamento. Findei minhas pesquisas e fomos para a parte mais importante: o pagamento!

Duas semanas depois, fomos até à concessionária para fecharmos a compra. Nosso usado foi avaliado em R$ 14.500, valor semelhante oferecido por outras empresas que consultei.

A cotação mais barata que consegui do seguro foi de R$ 2.500, mas, como a Ford oferecia uma apólice com perfil padrão, conseguimos por R$ 1.900 no primeiro ano. A renovação, no entanto, será mais cara, pois vai considerar meu perfil.

O New Fiesta

Chega de tanta enrolação e finalmente falemos sobre o New Fiesta. Como disse, há pouco mais de seis meses compramos um 1.5 S.

De série, ele possui airbag duplo, freios ABS com EBD, direção elétrica, ar-condicionado, retrovisores elétricos, vidros elétricos dianteiros (ambos one touch), alto falantes dianteiros com tweeter, rádio com USB e Bluetooth, travas elétricas, computador de bordo, chave canivete e alarme.

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O acabamento não é lá essas coisas, alguns concorrentes são melhores nesse aspecto. Tem 5.000 km rodados e já está com alguns grilos no painel. As portas fecham corretamente, mas fazem um barulho seco ao fechar, e somente as dianteiras possuem uma área em tecido.

O porta malas é todo revestido em carpete, considero isso importante pois o do Palio já estava muito arranhado por não ter a proteção.

O câmbio possui escalonamento adequado e tem engates justos e precisos, favorecendo uma condução esportiva. O “porém” fica para o engate da marcha ré, que não requer que se puxe nenhum dispositivo ou pressione o câmbio (o que é bom), mas às vezes não entra direito e escapa.

A visibilidade é prejudicada, devido ao pequeno vidro traseiro e ao formato da carroceria, somado ao retrovisor esquerdo plano. Com o encosto de cabeça traseiro levantado, a situação fica pior.
O motor 1.5 com 107/111cv (gasolina/etanol) dá conta do recado e tem bom desempenho com até 3 pessoas.

Com 5 ocupantes, ele já demonstra falta de força. Essa queda no desempenho não é tão notada no plano, mas em subidas fica bem perceptível, sendo necessário esticar as marchas. Vale lembrar que essa situação é muito pior nos 1.0.

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A estabilidade é muito boa, mesmo nesta versão sem controle de estabilidade (ESP). O carro tem um bom equilíbrio entre conforto e desempenho em curvas. Ele entrega menos conforto que o Palio em ruas esburacadas e calçamento, pois o Fiesta chacoalha um pouco em terreno irregular, mas a suspensão filtra bem as irregularidades de forma isolada.

A direção elétrica tem bom acerto, é leve na cidade e pesada na estrada, o que dá mais segurança e evita correções de trajetória, deixando o carro mais “na mão”. O isolamento acústico é bom, mas poderia ser melhor.

Em baixa e média rotação, o ruído do motor pouco incomoda, mas acima de 4000 rpm mostra que faltou um capricho nessa parte. O ruído de rodagem está bem isolado e pouco se ouve. No dia a dia, o silêncio a bordo é bem satisfatório.

O consumo na cidade costuma ficar na casa dos 8,5 km/l com gasolina, mas quando conduzido de forma mais tranquila se consegue 10 km/l, segundo o computador de bordo. O Palio conseguia entre 9 e 10 km/l nas mesmas condições.

Na estrada, a média do Fiesta é de 14 km/l, em velocidade média de 100 km/h. Ainda no período de amaciamento, consegui 16 km/l a 80 km/h. Ressalto que, tais medições, sempre foram feitas com o ar-condicionado ligado (não tenho dados do Palio em estrada).

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Quanto ao conforto de dirigir, a posição baixa do banco é boa e fácil de encontrar, graças ao ajuste de altura do mesmo e regulagem do volante (altura e distância). O ajuste de inclinação, entretanto, fica espremido no estreito espaço formado com a coluna central, o que dificulta muito o acionamento.

O banco do passageiro, por sua vez, é baixo e pode incomodar alguns, não dispondo de ajuste de altura. Pessoalmente, prefiro dirigir numa posição mais baixa, mas no banco do passageiro gosto de uma altura intermediária. Outra coisa que merece menção, é a ausência de alça de apoio no teto para o passageiro.

O porta malas atende as expectativas, com 281 litros, padrão da categoria. E por falar em espaço, o do banco traseiro é bem limitado. Você não vai andar espremido, mas também não vai ter folga nos joelhos. Isso é algo que já tinha checado antes de comprar, portanto não reclamo. Já na frente, o New Fiesta tem um espaço melhor do que o Palio.

O rádio é extremamente complicado de usar. Sempre que quiser passar de uma pasta a outra é preciso fazer um longo caminho. Mesmo nas versões equipadas com o sistema multimídia Sync, a crítica é recorrente.

Para contornar a situação, utilizo o Bluetooth. Monto uma playlist no celular e escolho o que quero ouvir antes de sair de casa. Além disso, é impossível enxergar as informações na tela durante o dia, devido ao reflexo da luminosidade externa.

O Fiesta veio calçado em pneus Pirelli P7 Ecoimpact, na medida 195/55 R15. O estepe não é do tipo “pneu de bicicleta” mas é aro 14 e traz advertência de velocidade: máximo de 80 km/h. Outro ponto que vale ser lembrado é a altura livre do solo.

O New Fiesta é mais baixo do que o normal, o que lhe dá mais estabilidade, mas por isso costuma sofrer em rampas de garagem e valetas, e frequentemente acaba raspando o defletor de ar presente no para-choque. Estacionar de frente para o meio fio também exige cuidado extra.

Precisei resolver alguns problemas na concessionária em três ocasiões, incluindo a primeira revisão. Em todas, fui bem atendido: recepcionistas atenciosas, consultores também, e o chefe da oficina é gente boa.

Na revisão, cobraram o preço sugerido no site e, claro!, tentaram oferecer serviços desnecessários (não aceitei e nem perguntei o preço). Também enviaram uma mensagem para meu celular quando o carro ficou pronto. Só ficaram devendo mesmo o serviço de levar e buscar em casa.

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Detalhes

• Motor não tem tanquinho de partida a frio, que só serve de preocupação, principalmente para quem não usa etanol.
• Um leve toque na alavanca de seta a faz piscar 3 vezes. Devido ao costume, quase não uso e aciono a alavanca completamente mesmo.
• Para dar a partida, basta pisar na embreagem (sem isso o carro não liga) e dar um leve giro na chave (não precisa ficar segurando até o motor pegar: basta girar e soltar a chave).
• Ao destravar o carro ou abrir qualquer porta, as luzes de posição e interna se acendem. Nesta versão não é possível modificar esse comportamento.
• O limpador do para-brisa com intermitência variável é um recurso muito útil quando está chuviscando. A maioria dos carros já vem com isso, mas não pude deixar de mencionar.
• Possui alerta de portas abertas e informa com o carro parado, e toca um bip quando em movimento.
• O computador de bordo dispõe de km total, parcial, consumo instantâneo, consumo médio, velocidade média e autonomia.
• Alerta de faróis acesos. Apesar de apagarem sozinhos, quando o carro é desligado, também é preciso desligar a chave seletora. Caso contrário, toca-se um bip ao abrir a porta, avisando que os faróis precisam ser desligados.
• O painel sempre está aceso e possui regulagem de intensidade. De dia facilita para enxergar as informações. Alguns carros não possuem esse recurso e sofrem com reflexos no velocímetro. Quando se acende o farol, a luminosidade também diminui.
• O ar-condicionado (analógico) é bem eficiente, mas poderia ter mais velocidades de ventilação (são quatro).
• Conversando com um funcionário da concessionária, especialista em detectar os ruídos no carro, ele disse que o Novo Ka sofre muito mais com ruídos de acabamento em comparação com o New Fiesta. Ele destacou ainda a superioridade do modelo mexicano, que trazia para-brisa acústico e painel emborrachado, itens cortados no Fiesta nacional.
• A diferença de estacionar sob o sol forte é grande, devido à cor. Nosso carro anterior era preto e esquentava consideravelmente muito mais. Eu acho carro preto lindo, mas dá muito trabalho e tem lá seus inconvenientes. Carro branco também sofre com a sujeira, mas não tanto quanto o preto, e debaixo do sol não fica um inferno, mas ‘apenas’ um forno mesmo.

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Problemas

Como nem tudo é perfeito, alguns probleminhas surgiram nesse tempo, o que acaba tirando um pouco do brilho do carro novo.

• Banco do motorista estava com rangido de mola, tipo uma cama velha. Começou com menos de 1000 km, mas já foi resolvido na concessionária.
• O alarme vez ou outra dispara sozinho. Me afasto do carro e escuto o alarme tocando e tenho que voltar para desarmar. Reclamei, executaram um procedimento, mas não resolveu. Reclamei pela segunda vez e só o tempo dirá se foi resolvido.
• Agora, nessa época do ano, descobri que o alarme também dispara quando chove forte. Também reclamei e não sei se foi resolvido. Vamos esperar o próximo toró para saber.
• Sirene do alarme veio de fábrica falhando, como se tivesse engolido água. Trocaram a sirene na garantia e ficou normal.
• Ruídos de acabamento no painel. Resolvido em parte. Os mais incômodos se foram, mas alguns permaneceram.

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Pontos negativos

• Botão para mudança de faixa no rádio fica longe do braço do motorista. É preciso esticar bem para alcançá-lo.
• Botão de seleção de velocidade do ar não tem opção para desligar a ventilação. Para desativar é preciso usar o seletor do direcionamento de fluxo do ar.
• O farol baixo não ilumina tão bem quanto o do Fiat Palio. Vejo que essa é uma crítica comum em comparação a outros modelos. No entanto, não compromete a condução. O farol alto ilumina muito bem.
• A buzina tem acionamento muito duro e não aceita toques curtos. Parei de agradecer com toque de buzina eventuais gentilezas de outros motoristas, pois só saem buzinadas fortes e isso dá impressão de que estou reclamando, não agradecendo. Agora pisco luz alta mesmo. Isso é característica do carro, visto que o sedan fabricado no México também sofre do mesmo mal.
• Reflexo do painel no para-brisa. Quando o dia está muito ensolarado fica difícil de enxergar o que tem à frente. Me parece que esse é um problema comum de carros que tem o vidro muito inclinado. Um paliativo é usar óculos escuros polarizados.
• Limpador do para-brisa varre automaticamente quando acionado o esguicho, o que é péssimo se o reservatório de água estiver vazio.
• Chave canivete não inspira muita confiança. A impressão é que ela vai desmontar na primeira queda, por isso comprei uma capinha para ela na internet. Meu vizinho tem um EcoSport que usa a mesma chave do Fiesta, e precisou trocar uma metade da chave por causa de queda. A reserva é normal e não tem o comando do alarme. Curioso é que o Ka vem com duas canivetes, sendo a mesma do Fusion.

Fiquei meio receoso em levar o Novo Ka 1.5 SE Plus (que teria a mais o Sync e vidros elétricos traseiros), visto que a Ford não tem bom histórico nos lançamentos. Na concessionária tinha vários em exposição, e todos com um desalinhamento muito grande.

Enfim galera, é isso. No geral, estou muito satisfeito com o New Fiesta e acho que fizemos uma boa escolha. É um veículo com pontos positivos e negativos, como qualquer outro.

Antes de comprar um carro pesquisem as opções, façam listas de prós e contras, preço do seguro, revisões, peças e, claro, façam um test drive.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.