Carro da semana, opinião de dono: Honda Civic LX 1993

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Resolvi fazer um relato sobre o Honda Civic LX AT 1.5 16v 1993 que tive.

Em 1999 eu tinha um Omega GLS 2.0 que troquei por um Omega CD 3.8 automático novo. Simplesmente me apaixonei por esse tipo de transmissão, porém queria um carro econômico para rodar na cidade e sozinho, pois sempre precisei muito do carro e o Omega com suas medias de 5,5 km-l na cidade não era o carro mais apto para se rodar em cidade.

Aí conversando com meu primo que tinha um Honda Civic Vti preto, no qual havia me divertido bastante uma vez quando o trouxe de Barbacena para o Rio de Janeiro fui descobrindo fatos, além da economia daquele potente 1.6 de 160cv aspirado.

Veja também: Opinião de dono sobre o Honda Civic LX 2003

E ele me dizendo que o carro era muito resistente e tal, principalmente de suspensão, as estradas naquela época eram ainda piores do que são hoje, inclusive as de Minas Gerais melhoraram um pouco durante esses 14 anos que separam essa história dos dias atuais.

Aí aquele carrinho começou a me chamar a atenção. Fui pesquisando e achei um Civic DX hatch 1.5 16v, 92 cv, automático, branco, 1992 com na época 36.500km na Rio Japan, uma autorizada Honda que havia lá.

Comprei ele e simplesmente me apaixonei pelo carro. Foram 420 mil quilômetros sem nenhuma quebra até 2004, em 2004 troquei esse DX que só tinha ar, direção e o câmbio automático por um LSi hatch, 1.5 16v – 102 cv, 13,9 kgfm a 5000 rpm, 73000km, vermelho, automático que adicionava ao DX, vidros, travas, espelhos e teto solar elétricos.

Ficou comigo até os 415 mil quilômetros rodados, sem nenhuma quebra. 2008 chegou e eu queria um pouco mais de espaço na mala e ai veio o LX 1993 sedan, 1.5 16v – 102cv, 13,9 kgfm a 5000 rpm, automático, 82000 km, perdendo teto solar e adicionando ao LSi o piloto automático.

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Eu rodo demais com os carros. Quando fico na cidade, normalmente no Rio de Janeiro, por conta dos meus negócios e de minha família, necessito muitas vezes 5, 6 vezes ao dia ir do centro do Rio até Santa Cruz, que é cerca de 70 quilômetros de distância do centro.

Porém quando precisava ir sozinho para Unaí-MG, muitas vezes ia com esse carro que usava na cidade, ou quando o meu outro carro estava fazendo revisão, ai se iam mais de 1000 quilômetros entre Rio e Unaí.

Bom agora vamos direto ao ponto. O Civic me conquistou por conta de sua dirigibilidade impecável e de sua resistência louvável. Hoje vejo que esse padrão (pelo menos por enquanto) de durabilidade já é achado em outros carros, a prova para mim é o meu Lancer que já bate nos 175 mil km, sem nenhum defeito aparente.

Porém na época que tive o meu primeiro Civic, acabava de sair de um traumático Omega GLS que tinha tirado novo lá no longínquo fim de 1994, que toda semana dava defeitos. Antes que alguém me pergunte do Omega CD, esse só veio a apresentar defeitos maiores nos seus 220 mil km.

Voltando ao Civic, ele sempre se mostrou confiável, econômico e pronto para o ataque. Eu tinha muita confiança naquele carro, mesmo já tendo muitos anos de uso.

Após a compra de todos eles, mandei fazer uma revisão geral, trocar tudo que havia de ser trocado, calçava eles com os pneus Michelin que eu gosto e depois até os 200 mil quilômetros seguia a risca aquele manual de manutenções e trocas de peças conforme a quilometragem.

Fazia revisões no meu mecânico particular de 10 em 10 mil quilômetros até os 200 mil.

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A partir dos 200 mil para me precaver de qualquer problema extra, a cada 5000 quilômetros trocava o óleo e o filtro de óleo dele, fora as revisões de peças a cada 10 mil quilômetros. A cada 100 mil quilômetros trocava o óleo e o filtro da transmissão.

A cada 20 mil quilômetros fazia a lavagem do sistema de arrefecimento e enchia ele com o liquido de arrefecimento próprio da Honda que vem em embalagens de 5l.

As peças em geral eu me programava 2000 quilômetros antes da revisão as comprava no ebay, pois eram originais e bem mais baratas. Fora que na época obtive muita ajuda num fórum tailandês sobre civics, até mesmo o catalogo de peças com todos os códigos e desenhos das peças eles tinham para download.

No ar condicionado nunca tive problemas, sempre funcionou muito bem, bastando uma revisão a cada 100 mil quilômetros no sistema.

No LX na parte de pneus os trocava a cada 60 mil quilômetros, sempre pelos Michelin Energy de medidas 185-65-r14, contrariando a medida 175 original, porém sem problemas quanto ao consumo.

A cada seis meses mandava fazer o polimento da lataria, fora duas lavagens por mês. As calotas que não eram as originais, retirei e pus sobre-aros que deram uma estética muito boa ao carro. De resto nunca tive grandes problemas.

Era só seguir esse plano, desde o meu primeiro DX que tudo dava certo. Nunca fiquei quebrado na estrada com esses carros.

A suspensão do LX só precisou mesmo de manutenção logo que chegou a mim, pois estava com todas as buchas estragadas, fora que o volante estava bem desalinhado. Porém depois disso ficou perfeita até os 380 mil quilômetros.

O acabamento interno é digno de elogios, pois sempre manteve o mesmo silencio do princípio ao fim da jornada do carro comigo. A parte inusitada do acabamento interno, fora ele ser todo emborrachado, inclusive nas portas, entre os tecidos, era o teto ser emborrachado.

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O motor em nenhum dos 3 carros precisou ser aberto, manteve-se como um relógio novamente do princípio ao fim, sem queima de óleo, sem instabilidade na marcha lenta, enfim se manteve perfeito.

O câmbio automático de 4 marchas, apesar do uso severo, com essas manutenções que foram feitas de tempos em tempos se mostrou bastante durável e não apresentou nenhum tipo de falha durante todo o tempo de uso, dando kick-down no tempo certo, creeping quando o freio não estava acionado, ré com força.

Usei muito o LX, inclusive o usava bastante em estradas quando não queria usar o meu outro carro, mais gastão. Porque o Civic conseguia médias a 110 km-h com piloto automático ligado com gasolina podium no tanque de cerca de 21 km/l.

Achava isso excelente e acho que isso se deve a boa aerodinâmica do carro e o fato do motor ser pequeno. E esses 21 km/l em muitas subidas e descidas, em estradas planas de São Paulo por exemplo consegui com ar ligado a 110 km-h cerca de 23,5 km/l de gasolina podium no tanque.

Com gasolina comum além de uma perda no pouco torque inicial do motor (Esse motor não tinha comando variável), o consumo em estrada caia a cerca de 18,5, 19 km-l.

Ainda assim uma media muito boa. Quando na cidade ele conseguia com transito bom cerca de 13,5 km-l com podium e 12,5 com comum e em transito pesadíssimo, coisa comum hoje nas capitais ele batia a média de 11km-l com podium e 9 km-l de comum.

Um fato que o ajudava muito na estrada, é que apesar de ter apenas 4 marchas o câmbio era extremamente longo, tão longo que mais valia eu rodar com ele a 110 km-h do que a 100 km-h.

Isso pois em leves subidas ele fazia o carro perder força e reduzir as vezes até a segunda marcha, fazendo o giro subir muito, porém a 110 km-h o problema já não acontecia, apesar de ele estar a tenras 2400 rotações por minuto.

E mesmo rodando aos 110 km-h, a estabilidade era impecável, então mantinha o piloto automático e as curvas eram sempre muito bem contornadas sem sustos. Porém na hora de ultrapassar eu muitas vezes não optava pelo kick-down, pois ele trocava a marcha a “apenas” 5200 giros no kick-down.

Eu botava a alavanca na posição 2 do cambio, a 80 km-h por exemplo ele deveria estar batendo nos 5000 nessa posição abaixava o pé, o corte desse motor era a cerca de 7500 rpm e puxava com ele até os 100, 110 km-h em 2ª a cerca de 7300 rpm e botava a alavanca em d3 para concluir a ultrapassagem com segurança. Sempre funcionou bem e melhor que o kick-down.

O kick-down só usava mais dentro da cidade, ou em ultrapassagens leves em pista boa, não em pista simples como costumeiramente necessito. Era um carrinho que tinha um ronco muito gostoso, silencioso até os 3000 e bem grave até os 7300.

Como já disse fazia curvas como ninguém, pois era muito baixo e tinha uma suspensão independente muito boa, dura, mas muito eficiente e resistente. Porém em buracos mais fortes ela dava batente.

Em quebra-molas como os mineiros falam, nos quais muitas vezes só um jipe não arrasta a carroceria, o Hondinha sofria, tinha de passar muito devagar afim de não estragar nada debaixo nele, as vezes parte do para-choque arrastava antes no quebra-molas, porém como era de plástico bastante flexível nunca aparentou defeitos, sempre voltou a forma original.

E como ele não tinha peito de aço, havia uma espécie de capa plástica que vinha do fim do para-choque dianteiro até a região das rodas dianteiras que em tese protegeria o motor, nunca tive problemas no motor frente a isso, então ele era bem protegido.

Fui 3 vezes num caminho que liga Mambucaca em Angra Dos Reis-RJ a Serra da Bocaina-SP, numa pousada de amigos e o bichinho não negou fogo nas estradas de terra, não houve nenhum tipo de infiltração de poeira pelas vedações e subiu forte no meio dos lamaçais, mesmo com sua pouca altura, e nenhum tipo de dano as suspensões.

Esse LX passou por duas situações adversas que os outros não pegaram, o mais emblemático foi o dia 5 de abril de 2010 no Rio de Janeiro, aquele mega-temporal que arrasou com a cidade, dando até ponto facultativo pelo estrago no dia seguinte.

Estava voltando para casa pela praça da bandeira por volta das 21 horas. Tudo totalmente alagado, na hora que entrei na agua pensei: vou me dar mal. Engrenei a marcha 1 no câmbio e fui acelerando até os 30 km/h e agua começava a bater nos faróis, fiquei muito tenso, começou a passar por cima do capô, bateu um desespero, mas ele foi e passou.

Daquele momento em diante o hondinha ganhou todo o meu respeito.

Apesar de ele não ter ABS nem ter freios a disco traseiros, sempre freou muito bem, nunca travou.

Os momentos que me recordo de maior prazer que tive nele eram quando eu tinha de resolver uns problemas na Barra e voltar pro centro ou vice-e-versa subia por Santa Tereza, pegava a estrada das paineiras ou a estrada do Sumaré.

Então seguia até a estrada do redentor e descia no alto da boa vista, só sentindo o gostoso ronco daquele motor, a estabilidade e a forma gostosa com que ele subia giros acima dos 3000 rpm, muitas vezes com o câmbio em 2 ou d3.

Eu acredito que se manterem a manutenção que eu mantinha com ele, ele ultrapassaria facilmente os 800 mil quilômetros, pois nem o câmbio, nem o motor apresentavam sinais de cansaço.

Agora vocês vão me perguntar: Se eu gostava tanto do carro e se ele era tão bom, porque eu me desfiz do carro?

Foi o seguinte em 2008 também troquei o Omega CD que tinha por um Accord V6 2006 usado, cinza, 25 mil quilômetros rodados, que também gostava muito, pois além de forte conseguia ser econômico.

Veja também: Silvio Santos é convencido a trocar Omega por Accord

Tudo ia muito bem até que em agosto de 2011 numa dessas revisões, tais quais falei aqui que fazia no Civic, meu mecânico conseguiu fazer algo que até hoje não entendi e fundiu o motor do meu ex-Accord.

Tive de gastar 13 mil reais para fazer o motor todo, havia ficado até razoável, mas já não era mais a mesma coisa, e no finzinho do ano troquei o Accord num Lancer CVT novo, pois fiquei com medo de ele fazer isso novamente com outro carro meu.

E eu preciso muito dos carros, e o Civic saiu de cena em 2012 quando me ofereceram ainda 8500 reais nele na troca pelo J3 novo. E mal ou bem pelo menos tenho a garantia da fábrica para me salvaguardar, pois toda a confiança que tinha naquele mecânico particular se foi naquela vez.

Fiquei triste pois gostava muito do carro, vivi muitas coisas com esses carrinhos, porém não tinha mais ninguém de confiança que pudesse mexer nele. Enfim, pelo menos uma coisa fiquei satisfeito: Em março fui numa autorizada da Honda junto de um amigo meu, pois ele foi comprar um Civic novo para ele, e como estava junto não perdi a oportunidade e aproveitei para testa-lo.

Resultado: Fiquei feliz por terem preservado aquela vontade do carro em ser acelerado e melhorado o que era possível de ser melhorado como a suspensão que absorve melhor as irregularidades.

Porém a Honda devia tomar vergonha na cara e trazer as opções de Civics que ela tinha nos anos 1990 como os belos hatches e cupês, pois estão fazendo muita falta por aqui.

E se eu teria novamente um Civic automático da série EG conforme os que tive? Definitivamente sim! Se eu tivesse um bom mecânico para cuidar dele. E como perguntaram aqui no NA: O Civic aguentou os 380 mil quilômetros?

Com muito louvor! Se mantiver a manutenção conforme a que eu fazia é um carro que chegará facilmente e com muita saúde aos seus 800 mil quilômetros sem abrir o motor numa boa.

Se alguém tiver interesse em comprar um Civic EG automático além das recomendações básicas normais deve observar bem as canaletas de chuva, em cima do para-brisas, por trás das borrachas dos vidros, na tampa do porta-malas, pois são locais comuns de se ver ferrugem.

O câmbio: Leve numa leve ladeira e veja se ele “rasteja” devagarzinho. As trocas devem ser feitas em ruas planas a cerca de 2200 a 2300 giros após isso tenha atenção.

Cuidado com rádios e alarmes que não são de fábrica, pois podem literalmente travar o câmbio. Se possível leve o carro num elevador para ver o estado geral por baixo dele, pois são carros muito baixos.

Confira o manual e veja por quanto tempo as manutenções foram feitas na autorizada. E se possível sempre leve um mecânico de confiança e que conheça bem os hondas.

Espero ter ajudado a todos que tinham curiosidades sobre o Honda Civic da série EG e a todos que tinham preconceitos com carros acima dos 50 mil quilômetros rodados.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.