Carro da semana, opinião de dono: Peugeot 206 Soleil 2002

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Olá leitores do Noticias Automotivas, eu gostaria de deixar aqui um longo relato, referente a um ano de uso do meu atual carro, um Peugeot 206 1.0 16V Soleil 2002.

Para que não fique um texto confuso e longo vou descrever brevemente o motivo da compra desse carro, valores e revisões, e depois vou dividir meu relato em 2 partes: “Pontos positivos” e “Pontos negativos”, tentando ser bem imparcial.

A ESCOLHA

Eu vinha de um Fiat Uno Mille EX ano 2000, básico, porém extremamente bem conservado, que foi meu primeiro carro, e como nós entusiastas sabemos, passada a lua de mel pela compra do tão sonhado veículo, vamos percebendo todos aqueles defeitos que com o tempo vão deixar cada vez mais frequente na sua cabeça a ideia de trocar de carro.

E um belo dia a ideia chegou…

Cansado da suspensão dura, design antiquado, acabamento pra lá de espartano, falta de confortos básicos como Ar condicionado, vidros elétricos e direção hidráulica, decidi vender o carro e passar para algo bem melhor.

Após uma longa pesquisa através de sites e fóruns, minha escolha caiu sobre o Peugeot 206, um carro que estava dentro do meu baixo orçamento (cerca de R$ 13.000) e que reunia aquelas características que eu considero fundamentais em um carro, como design, segurança, estabilidade e economia de combustível.

Então passei alguns dias procurando anúncios de 206 na capital Vitoria (ES), pois moro no interior do estado, aonde a oferta é pouca. Encontrei 3 Peugeot 206, marquei de vê-los no mesmo dia e acabei comprando esse das fotos.

O carro foi comprado em abril do ano passado, ano 2002, com 63.800 km, sujo por dentro e por fora, alguns amassados e alguns serviços de manutenção para fazer, mas em vários detalhes dava para ver que o carro estava bem novo e inteiro, seja na parte mecânica seja na parte de acabamento interno, e veio com 4 pneus novos.

Paguei R$ 11.000 no carro, e logo fiz uma bela revisão, trocando óleo e filtros, correia dentada (era original do carro inda), tensionador, discos e pastilhas, lonas e “burrinhos”, bomba d’água, válvula termostática, dois coxins do motor e um par de bieletas da barra estabilizadora.

Gastei cerca de R$ 1.600, mão de obra inclusa, e o carro ficou zero, mas vale ressaltar que a maioria das peças trocadas estavam deterioradas por ressecamento causado pelo tempo e por falta de uso, pois a antiga dona deixava o carro parado até por meses, usava muito pouco o carro.

Mas vamos ao que interessa, ou seja, o que achei do carro nesses 10 meses e 11.000 km de uso…

PONTOS POSITIVOS

DESIGN: O ponto alto do carro. Ele tem linhas arrojadas, modernas e aerodinâmicas, você olha pro carro todos os dias e acha ele bonito.

Eu gosto muito de design automotivo e gosto de desenhar carros no meu tempo livre, sei reconhecer um design de qualidade, e esse 206 tem um design de muita qualidade, cujos detalhes combinam entre si de forma harmoniosa, seja fora que dentro do carro, cujo desenho de todos os acabamentos e peças plásticas se integram, dando a sensação de que os designers gastaram tempo e tiveram boa vontade em desenvolver o projeto.

O painel como um todo é bem tridimensional, alternando vários planos de profundidade, e dá a sensação de ser algo maciço e sólido. A iluminação avermelhada dos instrumentos, com ponteiros de iluminação branca, também agrada.

Esse conjunto de cuidados com o design faz com que ao entrar em carros mais novos como HB20, Novo Palio, Gol e Novo Ka e depois voltar pro meu carro, eu não me sinta ao volante de uma peça de museu…

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ARQUITETURA, ERGONOMIA E DETALHES: Outro ponto que denuncia a modernidade do projeto é a arquitetura do carro, aonde temos caprichos como as palhetas dos limpadores que ficam discretamente recolhidas entre o vidro e o capô e o motor que fica bem recuado em relação ao eixo dianteiro, centralizando mais o peso do carro

O esguicho traseiro que fica camuflado no brake light, esguichos dianteiros do tipo “spray”, arquitetura eletrônica moderna Multiplex e ergonomia da posição de dirigir ótima, com banco, pedais e volante bem alinhado e com várias regulagens.

ITENS DE SÉRIE: Airbag duplo com desativação do Airbag do passageiro, cintos de segurança dianteiros com pré-tensionadores e limitadores de carga, cintos de segurança de 3 pontos e encosto de cabeça para todos os passageiros, 3 pontos de fixação Isofix, regulagem de altura da direção e do banco do motorista, Ar condicionado (polar), direção hidráulica e vidros elétricos, fora outros mimos.

Tem ainda alerta sonoro de farol ligado e chave no contato, regulagem elétrica do facho dos faróis (que iluminam muito bem apesar de serem monoparábola), pequena tela LCD com data, hora e informações indicando individualmente a abertura das portas e para-brisa atérmico.

A lista fecha com controle de som no volante, limpador traseiro que aciona sozinho ao engatar a ré caso os dianteiros estejam ligados, limpadores dianteiros que variam automaticamente a velocidade de varredura conforme a velocidade do carro, e a iluminação interna que acende e apaga gradualmente.

ESTABILIDADE, CÂMBIO, SUSPENSÃO E MOTOR: O carro contorna curvas com precisão e desenvoltura, tem suspensão independente nas quatro rodas, freios bons, um alto nível de aderência e uma direção suficientemente precisa.

O câmbio é bem macio e preciso porém de curso um pouco longo e aceita passagens de marcha muito rápidas sem arranha ou algo parecido (coisa que o Uno não aceitava). A alavanca de marchas era muito alta, mas resolvi o problema serrando a haste uns 2 dedos. O trambulador é um pouco barulhento mas nada que incomode.

O motor de origem Renault é muito econômico (na estrada, 5 pessoas, ar ligado e 110 km/h faz cerca de 15 km/l) tem um torque e potência decente (70 cv) e quando o carro está vazio (95% das vezes) entrega uma boa agilidade na cidade e um desempenho suficiente na estrada, desde que não se tenha dó de dar uma esticada em 3º e 4º marcha, normal pra um carro 1.0… Mantém 110-120 km/h sem muito esforço e com certo fôlego para ir mais, ao contrário dos clássicos 8 válvulas.

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VEDAÇÃO: Desmontei o interior do carro todo pra passar fiação do som, e não encontrei nem o rastro de poeira ou infiltração. O assoalho do carro e todas as partes escondidas atrás de acabamentos estavam limpas e impecáveis como saiu da fábrica.

Quando desmontei meu velho Uno para fazer a mesma coisa, tinha muita poeira e sinais de infiltração de água. O carro hoje tem 75.000 km e, tirando as bieletas, a suspensão inteira, bandejas, pivôs, terminais, amortecedores (sem vazamentos e com boa ação), batentes etc. foi comprovado serem originais de fábrica, e o único problema é uma minúscula folga em uma barra axial que (mau) se percebe ao girar o volante de um lado para o outro com o carro parado, mas andando, até em paralelepípedos, a suspensão não faz um barulho sequer, nem mesmo o “famigerado” eixo traseiro, pintado por muitos como a problema crônico do carro em quanto a desgaste e barulho.

Ao meu ver, quem reclama da suspensão desse carro deve estar acostumado a pular quebra-molas e a cair em crateras na estrada, pois mesmo morando em uma cidade cujo asfalto é ruim e andando sem maiores cuidados, ainda não tive problemas.

PONTOS NEGATIVOS

ESPAÇO TRASEIRO E PORTA-MALAS: Embora na frente o espaço seja bom, quem vai atrás fica com as pernas quase coladas atrás do meu banco (tenho 1,80 metro de altura). O espaço em largura porém é suficiente para 2 adultos e uma criança.

Pessoas com até 1,80 metro não esbarram a cabeça no teto no banco traseiro (sobram dois dedos), mais que isso já complica.
Porta-malas é largo (1,12 m) porém é raso e pouco fundo, para um casal sem filhos pequenos é suficiente, mas no meu caso que tenho som, não sobra quase nada.

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DEFLETOR SOB O PARA-CHOQUE DIANTEIRO E ALTURA PROTETOR DE CARTER: Sob o para-choque dianteiro existe um defletor plástico bem generoso, que melhora a aerodinâmica e a estabilidade na estrada (evita o “efeito asa” provocado pelo protetor de cárter, que deixa a frente leve acima de uns 110 km/h).

Esse defletor raspa com facilidade em rampas e meio-fio, e já perdi ele pelo caminho umas 2 vezes (é apenas encaixado) e tive que parar o carro para buscar. Pessoas mais descuidadas vão ficar sem (comprei o meu na concessionária, pois o antigo dono perdeu, assim como 90% dos 206 em circulação).

O protetor de cárter, apesar de vir de fábrica e ser muito bem feito e espesso, deixa a frente do carro meio baixa, e não é raro raspar ele no chão em estradas de terra. Já o fundo do carro (entre os eixos) nunca raspei em lugar nenhum, mesmo com o carro carregado, coisa que acontecia muito com meu antigo Uno.

VIDROS ELÉTRICOS E ALARME: Os vidros elétricos são somente na frente e não possuem nenhuma comodidade, como um toque ou fechamento ao travar o carro. O carro não veio com alarme de série, apenas travas elétricas.

GRILOS: Se a suspensão não fazia nenhum barulho, não posso dizer o mesmo dos acabamentos internos. Ao passar por paralelepípedos se escutava uma série de barulhinhos e acabamento (nada insuportável) que incomodam um pouco.

Quando desmontei o carro para a instalação do som eu entendi o motivo dos barulhos. Devido á baixa qualidade, as espumas de amortecimento entre os revestimentos estavam ressecadas e esfarelando, sem ação nenhuma.

Já que o carro estava desmontado aproveitei e apliquei espumas novas e feltro nas peças, e o barulho parou quase por completo, sobrando uma única fonte de barulho, que eram os trincos da fechadura das portas, pois as borrachas das portas foram perdendo pressão com os anos, e as portas foram ficando mais “folgadas”.

Resolvi o problema trocando as borrachas das portas e regulando os trincos. Hoje em dia o carro praticamente não tem barulhos.

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ISOLAMENTO ACÚSTICO: Nada a reclamar a respeito do barulho que vem de fora, como vento ou barulho de rolagem dos pneus, pois no desmonte me surpreendi com a quantidade e qualidade das mantas isolantes sobre o assoalho, mas o barulho do motor (já meio barulhento por natureza) invade a cabine sem muita cerimônia, e na estrada incomoda um pouco a 110-120.

Creio que o motivo seja mesmo o motor, pois já andei em um 206 com motor 1.4 8v e era bem mais silencioso embora o isolamento acústico fosse o mesmo, inclusive dentro do cofre do motor.

Nesse caso novamente eu mesmo amenizei o problema adicionando mantas de isolamento no capô e no cofre do motor, mas não são muitos os que têm paciência e/ou tem conhecimento pra fazer o serviço.

DEFEITOS ELÉTRICOS: A chave de seta dos 206/207 é um componente que pode dar defeito, e no meu caso deu dois defeitos, que, caso eu não tivesse ferramentas e algum conhecimento, teriam me custado algum dinheiro.

O primeiro defeito foi a luz do Airbag, que começou a acender. Desmontei o acabamento da coluna de direção, e reapertei dois plugs do Airbag que entram na chave de seta, e o problema foi resolvido.

O segundo defeito foi que ao ligar a seta pra direita, acendia o farol alto. Detalhe que isso só acontecia quando o carro estava quente, parado sob o sol. Nesse caso desmontei a chave de seta, limpei e lubrifiquei os contatos da seta, montei de volta e nunca mais o defeito ocorreu.

FORRO DAS PORTAS E VOLANTE: A parte de tecido das portas costuma se soltar, e o volante descascar, na grande maioria dos 206. No caso do volante mandei revestir de couro, em quanto os forros ainda não mexi…

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Aqui termina meu relato, e o que posso dizer é que estou bastante satisfeito com meu 206.

Os problemas que ele tinha puderam ser corrigidos, mas pelo contrário, um carro feio, inseguro, instável, sem ergonomia e mal acabado não é uma coisa que da para concertar não é mesmo?

O Peugeot 206 é um carro que sugiro para pessoas que gostam de carro e que tem um certo cuidado, pois a revenda já é mais difícil em relação aos clássicos Gol e Palio, e se além de tudo a pessoa for vender o carro detonado aí vai ter que casar com o carro mesmo ou vender barato…

Eu estou satisfeito com o carro, é um bom carro dentro da sua proposta, e embora os probleminhas, o que realmente dou valor, o 206 me entrega. Quando eu for trocar de carro pretendo continuar com a marca, e procurar um 307 1.6.

Por Diego Vedove

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.