Hyundai: a ditadura de cores da CAOA

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Nos últimos anos a Hyundai, ao lado da Kia, se consagrou como uma das maiores marcas mundiais no mercado automotivo. No cenário nacional, passou de “mico” a marca de prestígio, cujos veículos estão atrelados a imagem e status.

Hoje, Hyundai e Kia figuram no topo do mercado de veículos brasileiro, tendo seus modelos entre os mais vendidos em suas categorias.

Grande parte desse sucesso é atribuída ao grau de inovação e qualidade que estes veículos incorporaram, aliados a belos designs e à confiança transmitida (oferecendo 5 anos de garantia), passando por cima do preconceito existente entre os consumidores.

A fidelização dos clientes se deu de forma semelhante às montadoras japonesas, que possuem a imagem de que seus veículos são inquebráveis, pois prezam pela excelência em seus serviços de revisão e manutenção.

Assim, aos poucos a Hyundai galgou sua subida ao topo do mercado brasileiro e agora assiste a briga de suas concorrentes para se modernizarem, com medo de perder mercado.

Porém, uma questão nunca ficou devidamente explicada em meio a essa onda de sucesso: qual razão faz com que a Hyundai ofereça apenas duas opções de cores – preto e prata – para seus modelos no Brasil? A questão é curiosa pelo fato de que absolutamente todas as demais marcas presentes no Brasil possuem ampla gama de cores para seus modelos, enquanto que a Hyundai possui somente estas duas, preto e prata.

Para ser mais específico, com a moda de carros brancos passou a existir a opção branca para a Santa-Fé 7 lugares Top-de-Linha, porém, o preço do carro aumenta em uma média de R$ 7.000,00 (sete mil reais), dependendo da concessionária, apenas por causa da cor e do teto solar, sem contar que a pintura é sólida, o que normalmente não acarreta custos extras na compra de um veículo.

Quando perguntados sobre a razão de não existirem outras opções de cores os vendedores costumam responder, de forma confusa, que faz parte da estratégia de marketing da Hyundai e que são pesquisas são as cores que o brasileiro mais gosta.

Confesso que não entendo tal estratégia em uma marca que já se consolidou no mercado nacional. O medo de que seus carros fiquem encalhados no pátio não justifica a ausência de uma gama de cores, pois, no jargão popular, seus carros “vendem como água no deserto”.

Não quero dizer que a Hyundai deva oferecer carros verdes, amarelos, vermelhos e etc, que muitas vezes vendem menos. Queremos apenas opções, ainda que sóbrias, para poder transmitir a seus clientes uma ideia maior de exclusividade e sofisticação.

A título de exemplo, importa demonstrar a variedade de cores apresentadas por algumas de suas concorrentes, que talvez sejam as marcas mais conservadoras nestes quesitos.

Com isso, não possui respaldo o argumento de “estratégia de marketing” passado por seus vendedores. A Honda disponibiliza 08 (oito) cores para o CIVIC e 09 (nove) cores para o Fit, além de 07 (sete) cores para o CITY.

A Toyota possui 07 (sete) cores para o COROLLA, enquanto que a Kia, maior concorrente da Hyundai e talvez uma das mais conservadoras neste sentido, possui 04 (quatro) cores para o CERATO, 05 (cinco) cores para a SPORTAGE e 05 (cinco) cores para o SORENTO. A Ford possui 06 (seis) cores tanto para FUSION e FOCUS, além de outras 06 (seis) cores para FIESTA.

Estes exemplos visam apenas demonstrar que as principais marcas do mercado nacional não tem receio de proporcionar escolha aos seus clientes. Não se trata de colocar cores vibrantes em seu showroom, mas sim de apenas proporcionar outras opções que fujam da ditadura de preto e prata.

Outros vendedores, alegam que esta é a tendência entre as marcas “premium” importadas, uma vez que seus clientes “têm preferencia pela sobriedade”.

Pobre Hyundai, deveria treinar melhor seus vendedores para conhecer o mercado como um todo e não apenas a própria marca. Vamos mais uma vez aos fatos: A Mercedes oferece nada menos que 11 (onze) cores para a CLASSE C e 13 (treze) cores para a CLASSE E.

Já a BMW possui 12 (doze) opções para a SÉRIE 3, 10 (dez) para SERIE 5 e 12 (doze) para a linha X1. A Volvo possui 12 (doze) para a linha C30, 14 (quatorze) para S60 e 12 (doze) para XC60. Isso sem falar na Audi, que oferece incríveis 16 (dezesseis) opções para a linha A3, 17 (dezessete) para a linha A4 e 13 (treze) para Q5 e Q7.

Todos devem se lembrar da primeira propaganda do Hyundai Azera, que pregava ser o carro “mais potente que um Mercedes Classe C, mais admirado que um Lexus 350, mais espaço interno que um BMW Série 7, e o mais impressionante: o preço”.

Não restam dúvidas sobre o mérito da Hyundai, pois o carro é sensacional, porém, chega a ser vergonhoso para uma marca que se comparava aos importados “premium” em seu próprio slogan, proporcionar apenas 02 (duas) opções de cores aos seus clientes, justamente pelo fato de que os clientes destas marcas prezam muito pela exclusividade.

Conheço muitos relatos, principalmente na época em que Tucson e Sportage eram praticamente o mesmo carro, de pessoas que deixaram de comprar o Hyundai para comprar um concorrente apenas pelo fato de que não queriam um carro preto ou prata. Até hoje, determinadas pessoas evitam a compra de modelos Hyundai pela falta de opções de cores em seus modelos.

Esta ditadura de cores ao “estilo Henry Ford” está ultrapassada com o avanço da tecnologia de produção, de forma que ao prender seus potenciais compradores a estas únicas opções, a Hyundai corre o risco de perder consumidores em um mercado tão competitivo.

Não acho provável que a Hyundai pare de crescer, porém, é de fundamental importância deixar de lado esta estratégia e passar, urgentemente, a proporcionar outras opções a seus clientes, os quais estão, cada vez mais, se tornando fiéis a marca.

Diversas pesquisas publicadas em revistas e sites especializados já demonstraram que o brasileiro está mudando sua concepção de que preto e prata são as únicas opções de cores a considerar.

Com o lançamento do “Veloster”, que vem sendo apresentado na cor vermelha em suas propagandas, espera-se que a marca supra esta lacuna e comece a oferecer opções não apenas para este modelo, mas para toda sua linha.

Caso contrário, além de decepcionar inúmeros clientes em potencial pode vir perder mercado lentamente para suas concorrentes, que estão avançando cada vez mais em qualidade, tecnologia e confiabilidade.

Espero que a Hyundai dê mais este passo em sua trajetória vitoriosa. A imposição destas únicas opções de cores para seus clientes não combina com o caráter inovador e confiança transmitida pela marca.

Em breve a Hyundai apresentará inúmeros lançamentos no mercado e espero que essas novidades sejam acompanhadas de algo que não deveria ser esperado como inovação, e sim como característica da marca desde o começo: liberdade de escolha para seus clientes.

Por Pietro Gasparetto

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.