Avaliação: Compass Limited Diesel e suas surpresas

O Jeep Compass realmente caiu no gosto dos brasileiros.

Adjetivos como “sucesso” e “fenômeno” constantemente são usados para definir seu papel entre os SUVs, o segmento da moda no país.

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O modelo é líder absoluto no mundo dos utilitários. Em 2018, o Jeep Compass acumulou 60.284 unidades vendidas, mais de 11.300 unidades acima do segundo colocado, o Hyundai Creta.

Além disso, impressiona o fato de que o best-seller da marca superou facilmente modelos mais baratos, o que inclui o próprio Jeep Renegade. No fim das contas, o Compass ficou entre os 10 carros mais vendidos do Brasil em 2018, ano em que chegou a ser o 6º mais vendido em dois meses seguidos (maio e junho).

Tudo isso mostra claramente a preferência momentânea de quem quer entrar no segmento dos SUVs. Para entender em detalhes os motivos por trás disso, o Notícias Automotivas ficou durante várias semanas com um Jeep Compass Limited 2.0 Diesel AT9 4×4, cedido pela própria marca.

Essa avaliação com o modelo mais equipado da gama nos ajudou a ver tudo o que o Jeep Compass tem para oferecer. No final, tivemos algumas surpresas, algumas boas e outras totalmente inesperadas.

Um carro cheio de problemas, uma avaliação que demorou para começar

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A expectativa inicial era avaliar o Jeep Compass nas primeiras semanas de dezembro, mas não foi bem isso o que aconteceu. Após retirarmos o veículo em uma concessionária de São Paulo (SP), notamos um barulho diferente nas rodas dianteiras. Além disso, o volante estava torto e puxando para o lado.

Como havíamos retirado o carro poucos minutos antes da concessionária fechar, não dava tempo de retornar e verificar qual era o problema. Por isso, a única alternativa era seguir viagem com cautela redobrada.

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Não houve nenhum problema mais sério no caminho, mas logo cedo no dia seguinte entramos em contato com o departamento da FCA que nos cedeu o carro. A orientação foi levá-lo para a concessionária Jeep mais próxima e verificar o que estava acontecendo.

Feito isso, veio o laudo dos mecânicos da marca, que indicava a necessidade de trocar dois pneus (que estavam com pequenas bolhas) e o rolamento dianteiro esquerdo, além de fazer alinhamento e balanceamento.

Mas aí veio a pior notícia: a concessionária não tinha o rolamento e os pneus, sendo necessário encomendar esses itens.

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Como não seria seguro rodar nessas condições, tivemos que deixar o carro parado na concessionária por 17 dias. Após esse longo período, conseguimos retirar o Jeep Compass apenas com o rolamento substituído, pois os pneus ainda não haviam chegado. Mas as surpresas ainda não haviam acabado.

Pouco depois, outro pneu (que a princípio não precisava ser trocado) apresentou um vazamento. De início, o painel de instrumentos indicava pressão baixa, o que se repetia mesmo após ser calibrado várias vezes.

Voltamos à concessionária e foi constatado um rasgo no pneu (que havia aumentado nos dias anteriores, por isso não foi percebido anteriormente). A FCA solicitou, então, que os 4 pneus fossem trocados, juntamente com todos os sensores de pressão.

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Essa história cheia de surpresas nos fez pensar sobre o uso adequado que um SUV deve ter. Mesmo sendo movido a diesel, e tendo tração 4×4, todos esses problemas foram ocasionados por uso severo, provavelmente em testes inadequados fora de estrada. Pelo menos esse foi o parecer técnico que recebemos na concessionária da marca.

Ou seja, será que vale a pena colocar o Jeep Compass em situações extremas, mesmo nas versões 4×4? É verdade que não sabemos o que aconteceu com esse carro antes de chegar às nossas mãos, mas essa parece ser a realidade com a maioria dos utilitários de tração integral vendidos por aqui: eles não são feitos para “aventuras” muito radiciais.

Apesar de tudo isso, recebemos um atendimento muito bom em todo o processo. O departamento da FCA que cedeu o carro reconheceu que ele deveria ter sido verificado antes de ser cedido para teste, e o gerente de pós-vendas da concessionária fez de tudo e mais um pouco para que os vários problemas fossem resolvidos.

Agora sim, depois de várias semanas, poderíamos começar os testes.

Finalmente, começamos a avaliação

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Todo esse atraso não nos impediu de fazer a avaliação que havíamos planejado. A FCA prorrogou o período que ficaríamos com o carro, e isso nos deu a oportunidade de fazer várias viagens com o Jeep Compass, rodando um total de quase 3.000 km.

A versão cedida para essa avaliação, como já dito, foi a Limited 2.0 Diesel AT9 4×4, uma das mais caras da gama. O único opcional que o modelo não tinha era o teto solar panorâmico, que adiciona R$ 8.300 ao preço final.

Mesmo assim, era um modelo bem caro. Seu preço inicial atualmente é de R$ 176.990 (já com o aumento anunciado nesse mês), mas a versão avaliada ainda tinha o pacote opcional “Pack High Tech” (R$ 8.700), que adiciona piloto automático adaptativo, aviso de mudança de faixas, sistema de farol alto com comutação automática, aviso de colisão frontal, tomada auxiliar de 127 V, abertura eletrônica do porta-malas, banco do motorista elétrico (com 8 posições) e sistema de som Premium Beats de 506 W (8 alto-falantes + subwoofer).

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Ou seja, o preço final da versão avaliada é de R$ 185.690, o que nos faz pensar até onde as montadoras vão chegar com seus preços absurdos aqui no Brasil.

Mas esquecendo um pouco os valores (se é que isso é possível), esse é um pacote de opcionais que realmente vale a pena. Com quase o mesmo valor do teto solar panorâmico, você levar vários itens interessantes, que vamos falar mais a fundo nessa avaliação.

Dirigir o Jeep Compass era agradável, tanto nos trajetos urbanos quanto nas estradas. O modelo é mais estável do que parece, e seu motor 2.0 turbodiesel de 170 cv dá conta do recado tranquilamente.

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Além disso, o visual do utilitário (especialmente nessa versão) agrada à maioria das pessoas. A combinação de cores, com o teto e as colunas em preto, aliada às rodas de 19 polegadas dão ao Jeep Compass um visual invocado.

O insulfilm colocado nessa unidade, o que não é comum em carros cedidos para avaliação, melhorava ainda mais o visual, mas atrapalhou um pouco ao dirigir (especialmente em relação ao para-brisa).

Por dentro, existem aspectos positivos e negativos. O acabamento é bom, com materiais de qualidade e bom encaixe. Muitos questionam o fato de vários componentes serem compartilhados com a Fiat, o que tornaria o interior mais simples. Mas, na prática, isso não é percebido quando você entra no Jeep Compass.

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Além disso, os vários comandos estão sempre ao alcance das mãos. Uma solução inteligente (que também aparece em modelos da Fiat) foi colocar os botões para controle do áudio atrás do volante, já que na frente não haveria espaço.

A central multimídia de 8,4 polegadas agrega todas as funções necessárias, incluindo o controle do ar-condicionado. Aliás, tudo pode ser alterado por comandos de voz, função acionada através de um botão no lado esquerdo do volante. No painel de instrumentos, o computador de bordo em TFT de 7 polegadas também apresentava todas as funções necessárias, incluindo a pressão dos pneus.

Por outro lado, notamos que o interior poderia ser mais confortável e ergonômico. Falando sobre a posição do motorista, por exemplo, o apoio de braço na porta é muito alto e incomodava nas viagens mais longas. Os bancos em si também poderiam ser mais largos, o que acomodaria melhor o corpo.

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No caso do passageiro havia ainda outro ponto negativo, pois o banco não tem regulagens elétricas. Isso parece estranho, pois é de se esperar que um carro de quase R$ 200.000 tenha regulagens elétricas nos dois bancos dianteiros, não apenas para o motorista.

Quem viajou no banco de trás (fizemos algumas viagens com o carro cheio) também achou o Jeep Compass apenas razoável em conforto. É claro que a maioria dos carros só acomoda 4 adultos e 1 criança, mas o desconforto citado era em relação ao banco em si, não apenas ao espaço lateral.

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Os ocupantes traseiros contam com tomada de 127 V e uma saída do ar-condicionado, mas ela parecia ineficiente quando havia cinco pessoas no carro. No final, apenas as pernas do quinto passageiro que ficavam geladas.

Apesar disso, o espaço para as pernas é bom, graças aos 2,64 m de entre-eixos. No caso do porta-malas, que conta com a facilidade de abertura e fechamento elétricos (através de botão na chave, no interior do veículo ou dentro do próprio porta-malas), a capacidade é de 410 litros, o que não é ruim.

Tecnologia é um dos principais atributos

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Tanto nas viagens como no uso urbano, a tecnologia presente nessa versão do Jeep Compass tornava tudo mais agradável e interessante, o que facilitava bastante a vida do motorista. Esse é, inclusive, um dos pontos destacados pela marca, que faz questão de mencionar que o utilitário é o primeiro carro semi-autônomo fabricado no Brasil.

Na estrada, por exemplo, vimos a eficiência do piloto automático adaptativo. Você seleciona a velocidade desejada e também a distância que o veículo deve permanecer dos carros à frente (são 4 níveis diferentes).

Se um veículo entrar na mesma faixa, o Jeep Compass diminui a velocidade. Assim que o veículo dá passagem, ele retoma a velocidade programada, tudo isso automaticamente.

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Mesmo sendo um sistema já conhecido por aqui, percebemos que o SUV é mais esperto para perceber que a pista está livre e retomar a velocidade programada. Após algumas centenas de km rodados, é incrível como esse sistema faz a viagem ser mais tranquila e menos cansativa.

Aliado a esse sistema, o Jeep Compass conta com o Sistema de Monitoramento de Mudança de Faixa para tornar a viagem mais segura. Usando uma câmera frontal, o utilitário detecta as faixas da pista e aplica um leve força contrária no volante caso o veículo comece a sair da pista.

Apesar de ser um sistema moderno e que aumenta a segurança dos passageiros, na prática ele torna a viagem mais cansativa, pois você sente o tempo todo que o volante está sendo levemente movimentado para um lado ou para outro.

Por isso, em nossas viagens optamos por deixar esse sistema desligado.

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Outro sistema interessante, focado na segurança, é o Sistema de Aviso de Colisão Frontal de Emergência. Com a ajuda de um radar e uma câmera, o sistema detecta a aproximação de qualquer objeto, não apenas outros veículos, e avisa o motorista através de alertas visuais e sonoros. Os freios também podem ser acionados de forma autônoma para evitar ou amenizar a colisão.

Mas o sistema que todos perguntavam ao andar no Jeep Compass era o Park Assist. Apesar de ser um item cada vez mais comum nos veículos vendidos por aqui, é incrível a quantidade de pessoas que nunca viu o sistema em funcionamento.

Além de matar a curiosidade de nossos passageiros, também testamos o quanto esse sistema era eficiente. Ele está disponível para vagas perpendiculares ou paralelas, e ainda ajuda o motorista a sair de uma vaga (apenas no caso das paralelas).

Nosso teste visava saber qual a menor vaga que o Jeep Compass consegue entrar sozinho. Utilizando outros dois veículos, fomos diminuindo o espaço até o sistema não conseguir detectá-lo.

No final, o Park Assist conseguiu atuar em vagas com no mínimo 5,30 m de comprimento, tanto para entrar quanto para sair (o SUV tem 4,41 m de comprimento).

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E a lista de itens de tecnologia não para por aí. Nessa versão, e com esse pacote de opcionais, o Jeep Compass ainda conta com farol alto automático, monitoramento de ponto cego, partida remota (muito útil em dias quentes, pois liga o ar-condicionado) e sensores crepuscular e de chuva.

Além disso, o modelo ainda conta com ar-condicionado dual zone, central multimídia com tela de 8,4 polegadas e Android Auto (com Waze) e Car Play, freio de estacionamento eletrônico, faróis e lanternas em LED, direção elétrica, câmera de ré, bancos em couro, entre outros.

Motor diesel anda bem, mas é econômico?

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É verdade que o motor 2.0 turbodiesel de 170 cv parece casar melhor com o Renegade, que é mais leve. Mas ele não deixa a desejar quando colocado no irmão maior. Em acelerações mais fortes ou retomadas, o Jeep Compass anda bem, mesmo totalmente carregado.

Pelos problemas citados no início da matéria, nos limitados a fazer esses testes apenas em áreas urbanas e nas estradas. Mas a impressão que fica é que o SUV também se sai bem em situações fora de estrada.

Mas o que dizer de seu consumo de combustível? A verdade é que a economia maior aparece na estrada. Em viagens por estradas mais tranquilas, onde não era necessário fazer muitas ultrapassagens, o Jeep Compass conseguiu médias entre 13 km/l e 14 km/l.

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Mesmo em estradas de pista simples ou mais sinuosas, a média não caiu muito. Em uma de nossas viagens fomos até a turística Monte Verde (MG), cujo acesso é por uma estrada desse tipo. Mesmo com cinco ocupantes e ar-condicionado sendo usado o tempo todo, a média foi de 12,1 km/l.

O problema maior aparecia nos trechos urbanos. O anda e para de uma cidade derruba as médias do Jeep Compass, uma situação que pode ser ainda pior nas grandes capitais.

O melhor consumo que conseguimos foi de 9 km/l, mas a média ficou entre 7,5 km/l e 8 km/l. Lembrando que sempre abastecíamos com o diesel S-10, como indicado para esse motor.

Conclusão

O período que ficamos com o Jeep Compass nos ajudou a entender algumas de suas qualidades. O porte do SUV agrada ao dirigir e ainda chama atenção nas ruas, mesmo sendo um modelo que vende tanto no Brasil.

Os itens de segurança e tecnologia também são outro ponto forte, mas isso se limita às versões mais caras. Aquelas que representam mais dentro do mix de vendas do modelo talvez tenham uma dificuldade maior para justificar seu preço diante da concorrência.

Existe ainda outro ponto que ficou muito claro nesse teste, diferente do que vemos nas ruas: o Jeep Compass é uma opção muito melhor nas versões a diesel.

Essas versões do SUV tem um motor mais moderno (esqueça aqueles motores barulhentos, pois esse diesel é bem silencioso), câmbio automático de 9 marchas (contra 6 velocidades das versões flex) e um torque de 35,7 kgfm logo a 1.750 rpm.

Mesmo assim, as versões flex ainda vendem mais. E o motivo é bem simples: o preço.

Na versão Longitude, a diferença entre as versões flex e diesel é de R$ 29.000, enquanto na Limited ela sobe para R$ 30.000. Mesmo com tantos pontos positivos, não é fácil encarar essa diferença e optar pelas versões 4×4.

De qualquer maneira, o Jeep Compass continua nadando de braçadas no mercado brasileiro, e isso parece que não vai mudar tão cedo.

Jeep Compass – Fotos

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Autor: Viny Furlani

Trabalha no segmento automotivo há mais de 18 anos. Desde 2009 trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escrevendo avaliações e notícias sobre carros, totalizando mais de 2.000 artigos.