“Governar é abrir estradas”. Esse era o lema de Washington Luís no início do século passado. Contudo, o Brasil não fez bem nem isso, criando uma malha rodoviária que com o passar dos anos, expandiu-se e acabou-se nos buracos das BR’s da vida…
Sucateando a malha ferroviária, o Brasil apostou nos caminhões para levar tudo e mais alguma coisa. Hoje, sobram cargas e faltam condutores para levar 65% de tudo o que país produz, segundo a NTC, Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística.
Com a pandemia, o home office ampliou a necessidade de transporte de bens de consumo em escala muito maior que o normal, porém, o que era para ser o Nirvana para os caminhoneiros, acabou virando um pesadelo.
Tendo custos crescentes acima da média, como o diesel encarecendo 65% em 2021, bem como o frete defasado em 25%, segundo a NTC, boa parte dos caminhoneiros abandonaram a boleia.
No levantamento da entidade, só a obrigatoriedade do exame toxicológico a cada dois anos e meio, fez com que 3,5 milhões de condutores saíssem do mercado, indicando que essa população inteira usa algum tipo de produto químico.
O chamado “rebite” usado para manter o motorista acordado por mais horas para continuar dirigindo, mesmo sem condições físicas ou psicológicas para tal.
A NTC aponta ainda que muitos não querem arcar mais com os custos altos de alimentação nas estradas e até de ficar longe de casa por muito tempo, sem contar a remuneração abaixo do desejável.
Assim, muitos saíram do mercado exatamente no momento em que o setor de carga vive uma expansão de cargas. Isso já é um problema grave no Reino Unido, em crise de abastecimento, e nos EUA, onde até estão recrutando estudantes para dirigir.
Em 2021, o país registrou aumento de 35% nos registros de novos transportadores, chegando a um milhão de empresas. Outro ponto é que 53% dos empresários viram melhora significativa no setor este ano em comparação com 2020.
Puxados pela soja, mesmo com aumento dos custos com caminhões e implementos em 50%, o setor vê uma reação, ainda longe do ideal, mas existente.
Assim, com a falta de caminhoneiros, o setor de transportes busca atrair condutor de ônibus, visto que este outro setor, o de transporte de passageiros, caiu 20% por causa da pandemia e demitiu 87 mil profissionais, porém, boa parte eram de cobradores.
Com esse pessoal sobrando, as transportadoras os querem a bordo de caminhões.
Mas, o setor de transporte de passageiros está retomando o ritmo e recontratando, bem como convertendo ex-cobradores em motoristas de ônibus.
Com jornada estável e proximidade de casa, ainda que os salários não sejam lá essas coisas, para o motorista de ônibus, talvez um caminhão não pareça assim tão atraente no momento.
[Fonte: Auto Data]