Carro da semana, opinião de dono: Mitsubishi Lancer 2013

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Olá pessoal, escrevo para falar um pouco sobre o meu carro, um Lancer MT 2.0 13/14 preto com 7.776 km rodados.

Ele tem sete meses de vida, é meu primeiro 0km. Antes de entrar mais a fundo na análise do Lancer, vale um aviso: sou entusiasta por carros (como a maioria aqui) mas, também, enlouquecido por velocidade.

Pouco a pouco vou construindo um “projeto paralelo” para, de alguma maneira, ter a pilotagem presente em minha vida.

Kart amador já faz parte há um bom tempo. No começo de fevereiro fiz meu primeiro trackday em Interlagos e, em maio, vou para a Alemanha correr no lendário circuito de Nurburgring Nordschleife.

Sou meio doido, do tipo que pega o carro e vai pra estrada pelo simples prazer de guiar.

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Bem, vamos ao Lancer. Baita carro.

O histórico não mente, é um japonês de estirpe, com tradição de anos associada à esportividade e ao WRC. Com a epidemia de Fast and Furious (não curto, diga-se de passagem), o Lancer, especialmente as versões mais antigas, virou xodó da galera do tuning fora do país… enfim, gosto é gosto.

Feita a introdução, falo um pouco do meu carro antes de analisar, em tópicos, as qualidades e defeitos do veículo. Fiz cinco alterações no meu: pintura das rodas em grafite, colocação de capas vermelhas de pinça de freio Brembo, instalação de uma central multimídia Aikon, insulfilm e módulo para subida dos vidros.

Queria ter coragem de fazer aprimoramentos em performance (kit de freios, preparação aspirada com escape, filtro e chip) para alcançar uns 200cv e passar dos 25/26 de torque, mas não quero perder a garantia… enfim, vamos à análise!

Performance

Acima dos concorrentes. São 160 cv e 20,1 kgfm de torque, motor 2.0L de alumínio e bastante brabeza, guardadas as devidas proporções.

Comparando diretamente com o Fluence (meu pai tem um, guiei bastante) e com outros sedãs/hatches 1.8 ou 2.0 que já encontrei nas estradas por aí (Corolla, Civic, Megane, Cruze, Cerato, Jetta aspro, Focus, 308, C4 etc.), é perceptível o desempenho superior do Lancer.

O carro gosta de uma tocada agressiva, que abuse da subida de giro e tire a potência máxima (em 6.000rpm) dele. Já fiz o meu cantar de 3ª! Em baixa, na cidade, ele deixa um pouco a desejar num primeiro momento.

Questão de costume. No período de adaptação, você pode ser surpreendido ao sentir o carro pedindo marcha numa ladeira. Com o tempo se adapta.

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Câmbio

Longo e “normal”. Para a estada, é ótimo. Para a cidade, sinto falta de uma sexta marcha que, consequentemente, deixaria o câmbio mais curto e faria o carro trabalhar em giros mais altos desde cedo. A tocada em estrada é excelente.

As retomadas e acelerações intermediárias (60-100km, 80-120km, 100-160km) são sensacionais pra quem curte uma pegada mais forte e gosta de reduzir marchas.

A 2ª e a 3ª são encapetadas! Esticar (2ª) até 100km e lançar a 3ª para buscar 140/150km é demais. Sem falar nas estilingadas em retomadas de 3ª com o motor cheio para ultrapassagens em pista simples…

É olhar no retrovisor e ver outros 2.0 ficando muito para trás nos momentos de aceleração plena para passar um caminhão, por exemplo. Impressionante com o Lancer se destaca. Em suma, um bom câmbio, mas não excepcional por si só. Mas aliado ao motor sobe de patamar e forma um belo powertrain.

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Estabilidade, dirigibilidade e prazer ao guiar

Falar de motor e câmbio acabou preparando o cenário para esse tópico. Mais uma vez, focando na tocada esportiva, o Lancer está bem à frente dos rivais. Muito estável, muito mesmo!

O carro vem de fábrica com rodas 18” ENKEI, pneus Yokohama (caríssimos, super-estáveis, porém um pouco barulhentos e com durabilidade mediana, apenas) e tem suspensão traseira Multilink – meu carro anterior, um Focus MK1, também tinha e, sabemos, o Focus é referência em estabilidade.

O Lancer consegue ser ainda melhor que o Ford. Tamanha “garra” tem um preço: o Lancer é mais duro que a maioria (se não todos) dos concorrentes. Motoristas citadinos de Corolla e Fluence certamente se incomodarão.

Na estrada é uma delícia guiar o Lancer.

É daqueles carros que “vestem”. Aqui, os três fatores que nomeiam essa seção do meu relato se aliam. Um carro estável, na mão e prazeroso, devorando as curvas com velocidade, mas segurança e, no fim das contas, você acaba saindo do carro novo em folha.

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Itens de série

O Lancer foi mais barato que os outros carros que cogitei comprar, mas tem bem menos “perfumarias” que todos eles. O MT, versão de entrada, é um carro bem equipado, mas sem exageros – a propósito, MT vem de manual.

As outras versões são a CVT (a mais vendida, acho), o GT (esse sim, bem completo), o GT AWD, o Sportback (Hatch turbo) e o espetacular EVO. Não vou falar detalhadamente dos itens todos aqui, apenas listá-los. Numa passada rápida, o Lancer MT tem:

• Rodas 18”

• Airbag duplo

• Alarme

• Rádio AM/FM/Bluetooth/MP3/CD/USB/AUX da Clarion

• Encosto de braço com porta objetos (motorista e banco traseiro)

• Faróis de neblina

• Piloto automático

• Ajuste de altura do volante

• Direção hidráulica

• Computador de bordo

• Comandos de áudio no volante

• Freio a disco nas 4 rodas

• ABS + EBD

• Vidros elétricos nas quatro portas

• Travas elétricas manuais

• Ar-condicionado

• Desembaçador traseiro

• Sensor de chuva

• Sensor crepuscular

• Abertura interna de tanque e porta-malas

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Críticas

• Chave: parece dos anos 90, não é canivete. Grande e sem graça, pelo menos tem o alarme integrado.

• Luzes de cortesia: fazem falta na porta e no piso, próximo aos comandos de abertura do tanque e porta-malas – o Lancer é um carro “escuro” por dentro.

• Ar-condicionado: analógico automatizado… num carro desse nível, digital deveria ser padrão.

• Travas elétricas manuais: não trava sozinho, é preciso apertar um botão.

• One-touch – descida e subida dos vidros: não tem nenhum desses itens… fazem falta. O Meu sobe devido a instalação de um módulo.

• Retrovisores sem setas: não acho um defeito, mas como muitos gostam, resolvi relatar.

• Ajuste do volante: não tem de profundidade, o que pode incomodar alguns.

• Peito de aço: não vem de série e é absurdamente caro. Custa mais de R$ 1.000. Não instalei, ninguém instala – as próprias concessionárias falam que não é preciso, o layout do carro acaba eliminando a necessidade, dizem. Já andei 60km em estrada de terra, em alguns trechos com velocidade de 90/100km, e não tive problemas.

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Segurança

O Lancer MT é seguro por ser um carro estável e com um bom projeto mas, se comparado aos concorrentes em preço, fica atrás da maioria em itens de segurança. Até carros mais simples (Punto, por exemplo) vêm com mais itens. São dois airbags, ABS-EBD, Immobilizer, Keyless.

Peca por não ter, pelo menos, cinto de três pontas e apoio de cabeça no banco traseiro central – até um Palio dos mais completos deve ter isso, acho.

Controle de tração e estabilidade também não existem nessa versão.

Nas versões superiores todos esses itens são de série. Uma crítica pontual: o alarme chinfrim original de fábrica. A maioria dos proprietários acaba instalando outro… as concessionárias mesmo, reconhecendo a deficiência, oferecem.

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Acabamento

Ponto fraco. O acabamento não é feio, os detalhes em black piano são agradáveis, mas certamente o Lancer está atrás dos competidores.

De novo, comparo o carro até mesmo com o Punto, um “quase popular” que é mais bem acabado que o Mitsubishi.

Vejo que essa é uma característica compartilhada com os outros carros da marca japonesa e deveria ser aprimorada.

Mercado

Por aqui é um carro que faz pouco sucesso mercadológico. Sou de BH e quase não vejo, mas vou pra São Paulo semanalmente a trabalho e, aí sim, vejo alguns. No geral, mostram as vendas, não é um carro com mercado bom.

Quer um sedã médio com essa vantagem? Escolha os tradicionais e clichês Corolla e Civic. Ou Cruze, Jetta. De toda forma, esse defeito tem um lado positivo: certa exclusividade conferida ao Lancer.

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Design

Apesar de vender pouco, o Lancer torce pescoços. Ainda mais por aqui, onde não se vê muitos.

O design, mesmo não sendo novidade, chama muito a atenção.

Nunca pensei em comprar um sedã nessa faixa de preço (tirando BMW’s usadas), mas quando vi o Lancer e percebi que o preço era aceitável, desisti das outras opções (Focus Hatch MKII Titanium, Focus Hatch MKIII 1.6, Cruze Sport6, Golf 1.4 TSI, Bravo T-JET) e fui direto no Lancer, que saiu mais barato do que qualquer um dos demais.

Conforto

O Lancer não tem os mesmos itens de conforto que carros de valor semelhante, então esse é um ponto negativo a ser ressaltado. Além disso, o já mencionado acerto “esportivo” faz com que o carro seja mais duro que os concorrentes, o que é ruim para algumas pessoas.

Por outro lado, o espaço interno e o conforto dos bancos é muito bom – leva cinco adultos tranquilamente. Para o motorista, a posição de direção é muito prazerosa. O porta-malas é bastante espaçoso.

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Consumo

Ponto de atenção.

O Lancer bebe demais, deve consumir mais que todos 2.0 vendidos no Brasil. Moro em BH e minha média de consumo urbano é de 6.5km/l na gasolina, com o trânsito pesadíssimo, as típicas ladeiras daqui atrapalhando e a média de velocidade entre 8 e 12km/h – o carro é monocombustível.

Na estrada, tenho poucos parâmetros, pois ando muito forte. Meu consumo numa viagem BH-SP fica em 7km/l. nas vezes que maneirei um pouco em trechos curtos nas proximidades de BH, cheguei em 13km/l.

Garantia, manutenção e robustez

A garantia segue os padrões de mercado: três anos, com revisões de preço fixo girando em torno de R$ 350,00.

Quanto à manutenção, não sei dizer, ainda, mas o carro é bastante robusto, exceto pelo já criticado acabamento – estou com um grilozinho no painel, vou arrumar na próxima revisão.

Resumo

PRÓS

• Desempenho

• Pegada “esportiva” e estabilidade

• Design e certa exclusividade

• Prazer ao dirigir

• Robustez

CONTRAS

• Acabamento

• Consumo

• Caráter espartano de alguns itens de série (vidros sem one-touch, trava elétrica manual, A/C manual automatizado)

Meu veredicto? Estou bastante satisfeito com meu carro, pois os “prós” pesam, para mim, muito mais do que os “contras”. Recomendo a compra? Sim, mas com ponderações. O Lancer tem se mostrado um veículo de compra mais emocional mas, sabemos, é um japonês robusto, que aguenta o tranco.

O conjunto mecânico e o projeto são admiráveis e os pontos fracos do carro passam longe dessas questões. Cada um precisa saber exatamente o que espera de um carro para depois não se decepcionar.

Caso alguém queira saber mais sobre o Mitsubishi Lancer, estou à disposição.

Abraços,
Fred Barros

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.