Em agosto de 2010 iniciei a busca por um carro que pudesse ser o mais completo possível e que custasse até o limite de 30 mil reais. Sei que havia inúmeras opções de usados/seminovos no mercado.
Cheguei a cotar vários deles, entretanto, a grande maioria ou não estava em bom estado de conservação ou traria um preço de manutenção elevado para meu orçamento (entenda custo elevado por combustível, seguro e manutenção mesmo).
Como seria meu primeiro automóvel, decidi procurar por modelos populares 0 km. Não fazia questão de um grande motor ou grandes luxos, afinal tinha na época, 24 anos e poderia unir estes dois quesitos no futuro.
Cotei todos os carros de entrada que estavam ao meu alcance. Passei por Celta, que descartei devido ao volante torto e baixo, como tenho cerca de 1,86 m de altura, tornava-se incomodo a posição de dirigir por longos períodos.
Carro da semana, opinião do dono: Sandero Expression 1.6 2016
O Ka, apesar do preço atraente à época, foi eliminado pelo mesmo motivo. O Gol partia de exatos 29,9 mil e não entregava nada. Por curiosidade, pedi que fosse estimado um modelo 1.0 com os itens básicos de conforto (AC, DH, VE e TE) – cheguei ao preço de 38 mil por um modelo 1.0.
Para o Fox, a facada chegou a 40 mil. Ou seja, foram logo descartados. Nunca simpatizei muito com o Palio Fire, porém estava disposto a rever meus conceitos a fim de, quem sabe, fazer um bom negócio.
Não lembro exatamente o preço, porém me recordo que este foi um dos três finalistas. O, até então, recém-lançado Uno estava sendo vendido com ágio de dois mil reais. Resolvi descarta-lo devido ao sobrepreço e ao elevado prazo de entrega.
Foi então que uma propaganda na TV me levou a Renault, em busca do Clio. A propaganda dizia que o modelo partia dos 22990 no modelo mais básico. Na concessionária consegui o que eu achei ter sido a melhor oferta na época, por 29990 eu levaria um Clio 4 portas com os itens mínimos de conforto que buscava e também pintura metálica.
Confesso que, em nível de Brasil, achei uma oferta de outro mundo – estava cerca de 1000 reais mais barato que a minha melhor oferta até o momento – Palio Fire. O grande problema do Clio, pra mim, foi o espaço interno.
Até no banco da frente, com o banco regulado, eu ficava encostando a cabeça no teto. Achei que poderia causar muito desconforto no dia-a-dia. Eis que a atenciosa vendedora me recomendou um Sandero.
Um modelo Expression 1.0 16v sairia por 34900. Apesar de extrapolar meu orçamento, achei o preço interessante pelo que o carro oferecia. Após mais alguns dias e alguma negociação, fechei negócio em um modelo Expression 1.0 16v por 33800.
O carro, além dos 4 itens mínimos de conforto, trazia ainda alarme, rádio cd/mp3 e comando de som atrás do volante e 3 anos de garantia. Da concessionária, fora o desconto, consegui ganhar somente o insulfilm. Falando do carro em si, hoje se encontra com cerca de 37 mil km rodados e tem me atendido plenamente ao que espero dele.
Índice
ACABAMENTO:
Este é, de longe, o item com maior número de destaques. Infelizmente, não são muitos os positivos. O carro apresenta um acabamento apenas aceitável. Algumas peças apresentam rebarbas e o plástico do painel é extremamente duro, apesar de apresentar uma textura agradável.
Algumas partes do painel apresentam falhas de encaixe. A falta do airbag deixa um ‘buraco’ no painel, que tem a utilidade de ser um porta-treco, porém, por não ser revestido, qualquer objeto deixado ali faz muito barulho quando em pisos irregulares.
ERGONOMIA:
Como meu modelo é o anterior ao atual, os vidros elétricos estão localizados no painel. Apesar da posição antiquada, acho que é mais questão de costume. Hoje, já não ligo mais. Minha maior queixa com relação à ergonomia diz respeito à localização do posicionamento dos comandos do AC.
São extremamente baixos, requerem que você até desencoste do banco para aciona-los, em determinadas situações. O botão giratório da circulação interna/externa do ar é bastante duro. No início ficava até com receio de aciona-lo, mas hoje já não o tenho mais.
ESPAÇO INTERNO:
Com relação ao espaço interno, este sim merece destaque. É realmente grande. Como disse, tenho 1,86m de altura e dirijo numa posição consideravelmente afastada e, mesmo assim, o espaço atrás do banco do motorista comporta uma pessoa de estatura mediana.
O porta-malas está de acordo com a proposta do carro e, até então, nunca me faltou espaço. Vale ressaltar que o estepe é localizado no lado externo do carro, preso por um suporte. Desde o momento da saída da revenda, já instalei uma corrente para dar-me a sensação de maior proteção.
MECÂNICA:
O motor 1.0 16v foi uma surpresa pra mim. Esperava um desempenho inferior ao que o carro apresenta. Por se tratar de um carro grande, achei que o carro apenas se arrastaria. Entretanto, me surpreendi positivamente.
É possível manter velocidades entre 110-120km/h em rodovia, de quinta marcha, durante quase todo trajeto. Não requer reduções constantes. O câmbio tem engates macios, porém um tanto quanto imprecisos. Na cidade, até os 2000 rpm o desempenho é apenas satisfatório, mas acima disto, responde a contento.
CONSUMO:
Meu percurso diário é de cerca de 70 km, sendo aproximadamente 75% deste em rodovia. Apesar de medir religiosamente o consumo a cada tanque, apenas a 6 mil km, mais ou menos, eu comecei a anota-los em um aplicativo Android.
A melhor média registrada foi de 15,98km/l e o mínimo, de 13,35km/l. Para meu uso, o tanque de 50 litros me oferece uma autonomia de cerca de 700 km e aproximadamente 16 dias entre abastecimentos.
Vale a ressalva de que uso somente gasolina, desde 0 km. Não é um consumo espetacular, digno de muita comemoração, mas, em termos de Brasil, estou bastante contente neste quesito. Uso o AC majoritariamente apenas na rodovia e em dias de muito calor.
DEFEITOS APRESENTADOS:
Como nem tudo são flores tive alguns problemas que, apesar de simples, são dignos de nota e não deveriam ser apresentados num carro 0 km. Em algum momento entre os 15 e 20 mil km, o marcador de combustível deixou de funcionar.
Na prática, ele não baixava de acordo com o uso. Por diversas vezes, chegando perto da autonomia que estava acostumado a ter a cada tanque e ele ainda marcava 1/4 de tanque ou mais. Fiquei bastante tempo ser ver a ‘reserva’ acender.
Já aconteceu, inclusive, de eu ir abastecer e entrar 49,8l no tanque de 50 litros. O problema foi resolvido pela concessionária e coberto pela garantia. O rádio que veio com o modelo é digno de um prêmio de qualidade duvidosa.
Com menos de 1 ano de uso já deixou de ler CD. O conserto também foi feito em garantia, porém resolvi troca-lo por um Pioneer de melhor qualidade, mas, para que os comandos satélites do som, atrás do volante, se tornassem compatíveis com o novo rádio, precisei adquirir uma ‘interface’ que faria a decodificação do sinal.
Depois de instalado, não tive mais problemas. Não sei se chega a ser um problema, mas o ar condicionado é bem esquisito e, pelo que leio, é característica do carro. Se deixo o carro sob o sol e ligo o ar, ele apenas refresca.
Muitas vezes desisti dele preferi andar com a janela aberta a ter que esperar que gelasse conforme eu gostaria. Entretanto, se deixo o carro sob uma mínima sombra que seja, ai sim ele gela bastante. Pode parecer lógico isso, porém os carros dos meus pais costumam gelar em qualquer situação.
Aos 20 mil km precisei trocar um par de pneus. Confesso que vacilei na manutenção do alinhamento/balanceamento e, devido à superfície lunar em que se encontra minha cidade, o desgaste foi extremamente irregular comprometeu o jogo dianteiro.
A partir de então, comecei a fazer estes serviços em intervalos de 5 mil km. Aos 35 mil km, fiz a troca do par restante, pois havia chegado ao limite indicado pelo TWI.
CONCLUSÃO:
Sei que o Sandero teve um resultado decepcionante no LatinNCap, porém nada muito diferente dos concorrentes diretos também sem as bolsas infláveis, entretanto, pelo preço que paguei, aliado ao baixo custo de manutenção e as opções que tinha naquela época, penso ter feito um bom negócio.
O carro me atende perfeitamente em todos os quesitos, mesmo estando longe de ser a melhor compra e/ou o melhor carro do mercado.
Hoje, provavelmente, o Renault Sandero não mais seria minha escolha, a concorrência aumentou e as opções se multiplicaram. Parabéns NA pela qualidade do site e obrigado a todos pela atenção.
Por Silas Rana
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