
A Volkswagen acaba de fazer o seu primeiro balanço honesto sobre os impactos da guerra tarifária com os Estados Unidos, e o resultado foi devastador: a marca confirmou um prejuízo de 1,3 bilhão de euros — cerca de R$ 8 bilhões — só no primeiro semestre de 2025.
O estrago veio acompanhado da revisão para baixo das metas de lucro e vendas para o ano inteiro.
A montadora alemã, maior da Europa, agora estima uma margem operacional entre 4% e 5%, muito abaixo da previsão anterior, que ia de 5,5% a 6,5%. O crescimento nas vendas também saiu do papel: o que antes seria uma alta de até 5%, agora deve ficar estagnado.
As ações da Volkswagen chegaram a cair 4,6% no pregão da sexta-feira, em reação à revelação dos números.
Investidores já esperavam cortes nas projeções, mas foram surpreendidos pela gravidade da situação, especialmente nas divisões de luxo. Audi e Porsche amargaram quedas brutais no lucro do segundo trimestre: 64% e 90%, respectivamente.
O CEO Oliver Blume foi direto ao falar com os acionistas: “Nosso modelo de negócio, que funcionou por décadas, não dá conta do novo cenário. Precisamos acelerar os cortes de custo. Não dá para imaginar que as tarifas vão acabar logo”.
A Volkswagen lidera a pressão sobre a União Europeia para fechar um acordo com os EUA que reduza a tarifa de importação de 25%, em vigor desde abril.
Enquanto um acordo semelhante foi fechado entre Japão e EUA com uma tarifa de 15%, diplomatas europeus agora correm para evitar a ameaça de um novo aumento para 30% já em agosto.
Mesmo com um eventual acordo estilo Japão, o CFO Arno Antlitz alerta que o tempo está jogando contra: “Já estamos em julho. Quanto mais o segundo semestre avança sem acordo, mais caímos para a parte baixa da previsão”.
Ele também evitou confirmar se haverá aumento de preços para compensar os custos.
O segundo trimestre mostrou um lucro operacional de 3,8 bilhões de euros, 29% a menos do que no mesmo período de 2024. A queda é atribuída às tarifas, aos custos de reestruturação e ao aumento nas vendas de modelos elétricos com margens mais baixas.
Apesar de uma leve alta de 1,5% nas entregas globais, os EUA puxaram a queda: as vendas da marca no mercado americano despencaram quase 10%.
Isso é especialmente crítico para as marcas premium do grupo, que não produzem veículos nos EUA e dependem de exportações — justamente as mais atingidas pela tarifa.
A Volkswagen, que já anunciou um corte de 35 mil postos de trabalho até o fim da década, enfrenta uma tempestade perfeita: concorrência chinesa em alta, regulamentações ambientais rígidas na Europa e agora, tarifas que podem asfixiar o lucro das suas marcas mais rentáveis.
E se depender da atual estratégia, 2025 será o fundo do poço para Audi e Porsche — com uma promessa tênue de retomada a partir de 2026.
Mas, no ritmo atual, tudo dependerá de acordos políticos e ajustes dolorosos.
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