
A indústria de autopeças da Europa está fazendo um apelo urgente: ou novas regras são implementadas para garantir a sobrevivência da produção local, ou a cadeia automotiva continental corre o risco de colapsar.
A CLEPA, entidade que representa os fornecedores automotivos do bloco, propôs nesta segunda-feira que a União Europeia exija um percentual mínimo de peças fabricadas no próprio continente para todos os veículos montados na região.
A proposta, que ainda não define uma meta oficial, cita como referência, segundo reportagem da Bloomberg, o padrão global de 70% a 75% de conteúdo local.
A ideia é criar uma barreira regulatória contra a crescente dependência de componentes importados, especialmente os vindos da China, que têm pressionado os preços e comprometido a competitividade dos fornecedores europeus.
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A situação é crítica. Gigantes do setor como Bosch, Continental e ZF Friedrichshafen estão cortando milhares de empregos em resposta à queda na demanda e à pressão brutal por redução de custos imposta pelas montadoras.
Só a Bosch já anunciou a eliminação de 13 mil postos de trabalho.
Enquanto isso, empresas como Volkswagen e Porsche também vêm enxugando suas operações, afetadas pela desaceleração nas vendas na China e pelo impacto das tarifas nos Estados Unidos.
Além da perda de competitividade, os fornecedores europeus enfrentam uma nova ameaça: a entrada agressiva de montadoras chinesas no mercado europeu.
Com carros mais baratos e uso intensivo de baterias, motores e eletrônicos de baixo custo, essas marcas estão minando as margens das empresas tradicionais do continente.
Segundo a CLEPA, a adoção de regras de conteúdo mínimo ajudaria a frear esse avanço e a estimular a demanda por veículos que realmente gerem valor dentro da Europa.
A associação argumenta que a cadeia de suprimentos está sobrecarregada, com fábricas operando abaixo da capacidade e fornecedores sendo forçados a baixar preços, mesmo com os custos de produção em alta.
O momento não poderia ser mais delicado. Com o setor automotivo europeu atravessando um dos períodos mais desafiadores das últimas décadas, cresce o clamor por medidas que priorizem a indústria local.
As novas regras defendidas pelos fornecedores poderiam representar um novo capítulo de protecionismo econômico, semelhante ao que já ocorre em outras partes do mundo — como o Inflation Reduction Act dos EUA.
A questão agora é saber se os legisladores europeus estão dispostos a adotar uma postura mais firme em defesa da produção regional. Para os fornecedores, não se trata apenas de uma questão de competitividade, mas de sobrevivência.
Sem medidas concretas, o risco é que a Europa perca seu protagonismo na cadeia global de fornecimento automotivo — e com ele, milhares de empregos qualificados.
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