Se você já dirigiu um carro elétrico, provavelmente tem uma opinião sobre o chamado “freio regenerativo”.
Para alguns, ele é fundamental para uma condução mais eficiente e fluida, especialmente no modo “um pedal”, em que o carro desacelera fortemente ao tirar o pé do acelerador, muitas vezes dispensando o uso do freio convencional.
Mas esse estilo de direção está com os dias contados na China.
O governo chinês acaba de anunciar uma nova regulamentação nacional, chamada GB 21670-2025, que afetará diretamente os EVs vendidos no país a partir de 2027.
Pela nova regra, os veículos elétricos não poderão mais ser configurados por padrão para parar completamente apenas com o uso do freio regenerativo — ou seja, o condutor não poderá definir o modo de um pedal como comportamento padrão do carro.
A função, no entanto, ainda poderá estar disponível, desde que não seja ativada automaticamente por padrão.
Segundo o jornal chinês The Paper, a mudança não tem a ver com eficiência energética ou autonomia das baterias, mas sim com segurança viária.
O argumento das autoridades é que o uso prolongado do modo regenerativo cria um hábito perigoso: o motorista pode demorar a reagir em situações emergenciais por estar acostumado a confiar apenas na desaceleração automática, sem utilizar o pedal de freio.
Em casos em que a força regenerativa não é suficiente para parar o carro rapidamente, essa hesitação pode ser fatal.
Além da restrição ao modo de um pedal, o pacote de normas inclui outras exigências para os próximos anos. A partir de 2026, todos os novos veículos elétricos vendidos na China deverão obrigatoriamente ter sistema de freios ABS.
Essa obrigatoriedade, aliás, já é realidade há muito tempo em mercados como Europa e Estados Unidos — desde 2004 e 2011, respectivamente.
Outra mudança importante entra em vigor já em 2026 e promete mexer com a sinalização visual dos EVs: os carros deverão acionar as luzes de freio sempre que a desaceleração causada pela regeneração de energia ultrapassar 1,3 m/s².
A ideia é evitar situações em que o carro desacelera fortemente sem acionar o freio convencional, o que pode surpreender os motoristas que vêm atrás e causar acidentes.
A decisão da China toca em um ponto sensível da transição elétrica: o equilíbrio entre eficiência, inovação e segurança. O modo de um pedal é amado por muitos motoristas por tornar a condução mais suave e prática, especialmente no trânsito urbano.
Mas, como mostram os estudos que embasaram a nova regra, essa praticidade pode trazer riscos se gerar comportamentos automáticos que atrasem reações em momentos críticos.
Com a China tomando essa postura, fica a dúvida: será que outros países seguirão o mesmo caminho? Para muitos fabricantes, a resposta poderá significar uma nova rodada de ajustes técnicos e de comunicação para seus carros elétricos.
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