As cenas parecem tiradas de um filme de ação, mas aconteceram em um laboratório de testes: uma picape elétrica Rivian R1T de 2022 atravessa uma barreira de proteção rodoviária como se fosse feita de papel molhado.
O vídeo viral gerou discussões intensas e levantou uma preocupação cada vez mais urgente: os guardrails instalados nas estradas não estão preparados para lidar com o peso e o comportamento dos veículos elétricos.
O teste foi realizado pelo Midwest Roadside Safety Facility da Universidade de Nebraska-Lincoln, uma das principais instituições americanas em testes de segurança viária.
Em geral, esses testes usam dois tipos de veículos para simular impactos: um sedã subcompacto de cerca de 1.100 kg e uma picape convencional de até 2.300 kg, como a Ram 1500.
A Rivian R1T pesa mais de 3.250 kg — o equivalente à soma dos dois veículos-tipo usados nos testes convencionais.
Apesar disso, outros modelos a combustão, como certas versões do Ford Super Duty, também ultrapassam a marca de 3 toneladas.
Então por que não vemos esses caminhões destruindo guardrails e virando manchete todos os dias? A resposta está no centro de gravidade.
Segundo Cody Stolle, diretor assistente do centro de testes, os EVs representam uma nova classe de desafio estrutural.
Mesmo modelos bem menores, como o Tesla Model 3, que pesa cerca de 1.740 kg — próximo ao de um Ford Mustang —, também atravessam as barreiras de segurança.
Isso ocorre porque a bateria, que representa boa parte do peso dos elétricos, fica posicionada no assoalho do carro, reduzindo seu centro de gravidade em até 20 centímetros em relação a um carro a combustão.
Esse detalhe altera radicalmente o ponto de impacto contra o guardrail. Em vez de atingir a estrutura mais resistente e projetada para absorver o choque, o EV acaba focando a força da colisão nas partes inferiores da barreira, menos reforçadas.
O resultado: carros mais leves, como o Tesla Model 3, passam por baixo do guardrail. Carros maiores, como a Rivian R1T, simplesmente empurram a barreira com sua massa concentrada.
O dilema agora é duplo: EVs grandes são mais pesados do que os guardrails atuais conseguem suportar, e mesmo os pequenos têm características que anulam a eficácia das proteções existentes.
A atualização da infraestrutura para se adaptar a esse novo cenário será cara e lenta — e isso num momento em que os veículos elétricos não param de crescer em número nas ruas.
Enquanto governos discutem tarifas, incentivos e fabricação local de baterias, um alerta mais urgente se impõe: nossas estradas não estão preparadas para a nova geração de veículos.
E como mostram os testes, isso pode custar vidas.
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!