Ninguém quer pagar: Motoristas rejeitam carros conectados, e assinaturas automotivas estão fracassando

bmw m3 cs touring 7
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Enquanto as montadoras investem bilhões para rechear seus carros com sistemas conectados, funções por assinatura e atualizações remotas, os consumidores parecem cada vez menos interessados nesse tipo de tecnologia.

Um novo estudo global realizado pela S&P Global em 2025 revelou um cenário preocupante: a adoção de serviços conectados em veículos caiu pelo segundo ano consecutivo — e os motivos são claros.

A pesquisa ouviu cerca de 9 mil pessoas ao redor do mundo, incluindo mercados-chave como Estados Unidos, Europa e China. Nos EUA, 38% dos entrevistados afirmaram não utilizar nenhum tipo de serviço conectado no carro .

Outros 35% disseram pagar por algum recurso via assinatura, enquanto 19% estão em período de teste gratuito. Um número surpreendente: 9% não sabiam sequer se usam ou não algum serviço.

Na prática, isso indica falhas graves de comunicação por parte das marcas.

mercedes g580 eq (4)
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Em contrapartida, a China lidera com folga nesse setor: 85% dos consumidores têm algum tipo de serviço ativado em seus carros, e apenas 10% não usam nada.

O contraste mostra que a aceitação desses serviços ainda depende muito de cultura local, marketing e valor agregado percebido.

Entre os principais motivos para o desinteresse, o custo lidera.

Muitos usuários não estão dispostos a pagar por recursos que podem obter gratuitamente via smartphone, como navegação GPS, comandos por voz ou integração com apps como Google Maps, Apple CarPlay e Android Auto.

Ou seja, por que pagar por um sistema nativo de infotainment se o celular já entrega o essencial?

Audi Q3 SUV
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Além disso, 20% dos entrevistados disseram não ter sido sequer informados sobre os recursos disponíveis no carro. Esse dado reforça um problema recorrente: as montadoras estão falhando em comunicar o que seus veículos fazem — ou cobram para fazer.

Mesmo os que utilizam os recursos conectados demonstram queda de satisfação em relação aos anos anteriores. As categorias mais elogiadas são navegação, personalização e entretenimento.

Já os itens de segurança e rastreamento, que costumam ser os mais caros, receberam as piores avaliações. Para muitos motoristas, pagar por algo que deveria ser padrão — como acesso a sensores ou câmeras já instaladas no veículo — soa como injustiça.

Outra preocupação crescente entre os consumidores é a privacidade. Muitos não se sentem confortáveis com a ideia de seus dados sendo monitorados ou vendidos por fabricantes.

O medo de invasões, falhas e vazamentos de informações digitais em veículos também pesa na rejeição.

O sinal de alerta está dado. Em 2024, 86% dos entrevistados disseram estar dispostos a pagar por algum tipo de serviço conectado. Em 2025, esse número caiu para apenas 68%.

Um recado claro de que os consumidores querem carros mais práticos, seguros e transparentes — não planos de assinatura disfarçados de inovação.

As montadoras agora enfrentam um dilema: insistir em empurrar recursos pagos ou repensar completamente suas estratégias digitais.

Uma coisa é certa: sem confiança, clareza e bom senso nos preços, os motoristas continuarão a apertar o botão de “cancelar”.



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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.