O que são carros de repasse? (veja todos os detalhes)

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Você se depara com um modelo chamativo, aparentemente em boas condições, com uma quilometragem dentro do esperado e um preço inacreditável.

De início você não acredita num valor tão baixo, por isso olha com mais cuidado todas as informações. Aí algo chama a atenção. Na descrição do anúncio está escrito “carro de repasse”.

Boa parte de quem encontra um anúncio desse tipo não sabe se continua animado para comprar o carro ou se desiste, pois não faz a mínima ideia do que seja um veículo desse tipo.

Mas afinal, o que são os carros de repasse? Por que seu preço é sempre muito abaixo da tabela? É seguro comprar um carro nessa situação? Quando vale a pena optar por esse tipo de negócio?

O que são carros de repasse?

Como o próprio nome diz, um carro de repasse recebe esse nome por ser repassado no estado em que se encontra para o comprador. Diferentemente de um carro vendido normalmente por uma loja, ele não tem garantia sobre motor, câmbio ou qualquer outro componente, por isso tem um valor abaixo da tabela.

Quando uma loja de seminovos e usados faz uma operação normal de compra e venda, ela cuida de todos os aspectos daquele veículo, sejam eles estéticos ou mecânicos. Com isso, ela pode dar uma garantia sobre o produto, mas também vai vendê-lo pelo preço normal de tabela (ou acima dele), para que obtenha seu lucro.

Em sites que trabalham apenas com a venda de repasse, você sempre vai encontrar uma observação de que tudo foi verificado pela empresa, mas eles não vão dar nenhuma garantia. Ou seja, qualquer problema futuro terá que ser resolvido pelo comprador.

O tipo mais comum de repasse ocorre quando o veículo entra como parte de uma negociação, como a entrada na compra de um veículo zero km, por exemplo.

Muitas concessionárias costumam pegar esses veículos para não perder a venda, mas depois ele não é interessante para vender em seu estoque de seminovos ou usados, seja pela marca, modelo ou ser caro para repará-lo e dar garantia.

É seguro comprar um carro de repasse?

Como em qualquer outra compra, é importante saber com quem você está lidando. Por isso é vital analisar as informações sobre a loja e saber exatamente quais são as condições para a compra do veículo.

Uma grande discussão em torno desse assunto é em relação à garantia que a lei exige que seja dada. Segundo o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor (CDC), para se estabelecer uma relação de consumo é necessário que a compra seja feita numa empresa (loja, concessionária, etc). Se for uma compra particular, não existe amparo legal.

Mas se houver essa relação de consumo, o CDC prevê, em seu artigo 18, que quem vendeu responda por qualquer vício (defeito) que apareça num prazo de 90 dias a partir da compra (artigo 26).

A lei ainda obriga o vendedor a substituir o produto por outro em perfeitas condições, restituir a quantia paga (atualizada) ou dar um abatimento proporcional.

Mas é aí que entra a questão. Quando alguém compra um carro de repasse, normalmente as lojas colocam uma observação no contrato de compra e venda, dizendo que não se responsabilizam por qualquer defeito posterior, já que o comprador pagou um valor bem abaixo da tabela.

Mas essa é uma prática ilegal, já que o artigo 51 do CDC diz que “são nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos.”

Exatamente por isso que os carros de repasse normalmente são vendidos para lojas ou estacionamentos de veículos, que dão ao veículo qualquer reparo necessário e aí o vendem pelo preço normal.

Quando vale a pena optar por um carro de repasse?

Mas será que isso quer dizer que nunca vale a pena comprar um carro de repasse? Na verdade, existem algumas situações que podem tornar essa compra interessante, mesmo com a possibilidade de algum defeito. E existem outras que realmente impossibilitam a compra.

Se o veículo em questão apresenta algum defeito maior, ou tem alguma peça muito cara que precisa ser substituída, a conta é bem simples: não vale a pena comprar. O preço final sairia acima até mesmo de um veículo similar, em boas condições, vendido de forma convencional.

Mas existem sim situações que podem tornar essa compra vantajosa, como por exemplo, quando a pessoa consegue fazer os reparos por conta própria, sem precisar gastar com terceiros. Se o problema do carro é apenas estético ou sua quilometragem está alta, também existem compradores que não se importam e vão rodar com o carro do jeito que está.

Em último caso, existem carros de repasse que são vendidos por um preço tão baixo, que ainda vale a pena comprá-lo (veja aqui: Como saber quantos carros e motos de cada marca/modelo existem no Brasil?), gastar para levar numa oficina e ainda ter o veículo num preço abaixo da tabela. O fato é que não podemos generalizar, pois cada carro tem uma situação e um preço específicos.

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viny
Autor: Viny Furlani

Trabalha no segmento automotivo há mais de 18 anos. Desde 2009 trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escrevendo avaliações e notícias sobre carros, totalizando mais de 2.000 artigos.