Parati G3: O ponto mais alto na história da perua

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A Parati G3 foi uma atualização visual da segunda geração da famosa perua brasileira. Vamos falar dela em detalhes aqui:

A Parati G3 pode ser considerada o ponto mais alto onde a perua da Volkswagen chegou em sua história de 30 anos de mercado brasileiro.

Nesse período, ela saiu de uma familiar básica para alcançar os consumidores americanos e ganhou fama de jovem, tendo até mesmo uma versão esportiva e outra aventureira.

Mas, na Parati G3, a perua da VW teve todas as opções que a marca poderia disponibilizar para ela, sendo um período curto, apesar de seu potencial.

Ela teve seis opções de motores, apenas um câmbio e ganhou até airbag duplo com freios ABS.

Também teve uma versão pseudo-aventureira e contribuiu para que a decapada G4 surgisse para encerrar a carreira.

A Parati G3 também marcou a época do primeiro downsizing no Brasil, onde o mercado – ainda preso aos anos 80 – não podê aproveitar as tecnologias apresentadas pela indústria, que regrediu alguns anos em seguida, apesar do surgimento do motor flex.

O início de tudo

Por volta de abril de 1999, a Parati G3 surgiu como uma atualização da G2, mas a VW designou o produto como terceira geração da perua.

Já apenas com quatro portas, a perua ganhou capô com centro elevado, que se fundia com a grade atualizada e proeminente.

A Parati G3 também recebeu novos faróis, maiores e com dupla parábola. Agora os piscas estavam integrados na mesma lente dos faróis.

O para-choque era fundido com a grade e tinha um protetor preto horizontal, bem como três entradas de ar com faróis de neblina redondos.

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Por dentro, a Parati G3 ia muito além do facelift, recebendo um novo painel, que remetia aos modelos mais caros da marca, inclusive com opção de dois tons e espaço para rádio 2din, sem contar comandos similares aos de Golf e Audi A3, embora com os vidros elétricos ainda no painel.

O cluster de fundo azul com ponteiros vermelhos chamava atenção, assim como o novo volante de quatro raios com airbag.

A bolsa inflável do passageiro fazia parte do revestimento do painel, dando assim um salto em segurança, primeiramente, e depois em qualidade percebida.

O ambiente interno era bem claro e tinha tecidos nas portas, assim como bancos mais confortáveis. A Parati G3 mantinha o porta-malas com 437 litros e seu tanque de 51 litros.

Assim, teria uma boa autonomia na estrada. Na época, ela reunia um bom conjunto para atender uma família pequena.

Com 4,131 m de comprimento, 1,621 m de largura, 1,417 m de altura e 2,468 m de entre eixos, a Parati G3 ainda se prendia à arquitetura dos anos 70.

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A Parati G3 tinha suspensão dianteira McPherson presa ao monobloco (ou seja, sem subchassi) e a traseira vinha com eixo de torção com molas e amortecedores telescópicos.

Ainda assim, sua estrutura era considerada robusta. Só a adição de airbag duplo e ABS elevou a perua de patamar, adequando-a às futuras exigências de segurança.

Em 2003, um facelift deixou as lanternas mais modernas e a tampa mais lisa, assim como o para-choque traseiro.

A Parati G3 teve as versões e edições especiais City, Comfortline, Crossover, Evidence, Fun, GTI, Plus, Sportline, Summer, Sunset, Tour, Track & Field e Turbo.

No ano de 2006, a Volkswagen lançou a Parati G4…

Parati G3 16V

Já livre do motor Ford CHT (AE1600) que chegou a ser usado na G2, a Parati G3 teve uma oferta mecânica bem interessante para a época, um choque entre o passado e o futuro, mesmo que muitos nem vislumbrassem isso.

A Volkswagen simplesmente teve a ideia (nada brilhante) de eliminar as versões anteriores da G2 e vender pacotes, onde o cliente podia escolher motor e equipamentos num mesmo pacote visual e isso incluía os já pseudo-esportivos “GTI”.

No entanto, a oferta de motores começava pelo pequeno quatro cilindros EA111 1.0 16V.

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Ainda muito distante do atual 1.0 MPI de Gol e Polo, o propulsor tinha duplo comando de válvulas por correia dentada (a temida…), que acionava ao mesmo tempo os dois comandos no cabeçote.

Feito todo em alumínio, diferente dos APs ainda vigentes, o EA111 1.0 16V entregava 69 cavalos a 5.750 rpm e 9,3 kgfm a 4.500 rpm.

Assim, a Parati G3 16V ia de 0 a 100 km/h em 14,4 segundos e tinha máxima de 160 km/h. Seu consumo na estrada era bom: 14,4 km/l. Na cidade, fazia apenas 8,2 km/l.

Pouco tempo depois, a VW voltou com as versões e a Parati G3 16V nas edições Tour, Fun, Sunset e Summer até 2003.

O EA111 1.0 16V, no entanto, teve problemas de durabilidade da correia dentada, que aliada à falha de manutenção de muitos dos proprietários após o único ano de garantia, contribuiu para a quebra da mesma e consequente danos graves ao cabeçote, pistões, bielas e virabrequim.

A má fama dos motores 16V já era grande na época, mas com problemas como esse, o mercado simplesmente começou a ignorar esse tipo de cabeçote.

Foram então voltando-se para o velho 8V, algo que boa parte das marcas (mais as antigas…) seguiram sem questionar, gerando assim pelo menos uma década de motores antigos de 8V na indústria, o que ainda perdura em alguns casos.

Em 2002, a Volkswagen melhorou os números do motor EA111 1.0 16V da Parati G3, pulando de 69 para 76 cavalos e de 9,3 para 9,7 kgfm.

A versão 1.0 Turbo

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Em 2000, a Volkswagen ousou adiantar-se 15 anos com a introdução do propulsor EA111 1.0 16V Turbo.

Os modelos Gol G3 e Parati G3 foram os beneficiados com a inovação.

No entanto, a verdade é que a VW estava de olho mesmo era no IPI, que para motores até 1.0 litro, havia caído para 10%, enquanto os demais pagavam altos 25%.

Isso exigia uma solução e a engenharia entrou em ação. Com cabeçote de 16V e duplo comando de válvulas com variação de abertura e fechamento, a Parati G3 16V Turbo tinha um turbocompressor com intercooler.

Sem injeção direta, uma tecnologia que nem estava difundida dentro da Volkswagen na época, o EA111 1.0 16V Turbo fazia a Parati G3 sair do lugar comum com 112 cavalos a 5.500 rpm e 15,8 kgfm a 2.000 rpm, indo de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos com máxima de 191 km/h.

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Para efeito de comparação com outra opção que a Parati G3 teve em sua vida comercial, a versão 2.0 8V (AP) da versão crossover de 2003, fazia o mesmo em 10,3 segundos e com máxima de 190 km/h.

A anterior GLS 2.0 Mi precisava de 10 segundos. Importante destacar que o 2.0, apesar de ter a mesma potência, tinha 17,3 kgfm. Ou seja, mais força em baixa.

Entretanto, no caso de aceleração, a combinação 16V com turbo só dava vantagem à Parati G3 16V Turbo, que era boa de consumo rodoviário: 12,9 km/l.

Na cidade, porém, era elevado: 6,5 km/l. Mas, este não era diferente do consumo urbano do 2.0 8V. Com esse motor turbinado, a perua 1.0 conseguia ser equivalente ao 2.0 em alta.

A esportiva GTI 16v

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A Parati G3 surgiu sem uma versão definida, tendo apenas como diferencial a GTI 16V, mas mesmo assim, esta opção vinha descaracterizada.

Sem rodas de liga leve exclusivas aro 16 polegadas, sem defletor de ar traseiro aumentado, sem detalhes estéticos alusivos à performance e até mesmo sem os bancos Recaro.

Tinha mais, ou melhor, não tinha a corcova sobre o capô, que na atualização, conseguiu encobrir a passagem do coletor de admissão do motor EA837 2.0 16V.

Por fora, vinha com rodas aro 15 polegadas de cinco raios, escape em aço inox e faróis de neblina. Nem ao menos tinha faróis com máscara negra.

O badge GTI ficava estampado na tampa do bagageiro.

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Assim como o move up! TSI pode enganar muita gente nas ruas, se passando por um MPI, a Parati G3 GTI 16V fazia o mesmo na virada do século.

Visualmente, assim como o Gol GTI 16V da época, parecia um carro comum. Antena no teto e barras longitudinais completavam o conjunto extremamente sóbrio.

Para quem quisesse ter uma Parati G3 com excelente performance, mas sem chamar atenção, esta era a versão, que vinha com motor EA837 2.0 16V.

Esse propulsor era importado da Alemanha e uma evolução do EA113 usado aqui, tendo cabeçote de quatro válvulas por cilindro com fluxo cruzado, por isso o coletor passava sobre o cabeçote.

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Com taxa de compressão de 10,5:1, o EA837 2.0 16V tinha injeção eletrônica multiponto, como o 1.0 16V e sua versão turbo, entregando 145 cavalos a 6.250 rpm e 18,5 kgfm a 4.750 rpm.

A busca por força se dava em rotações altas, mas o conjunto com câmbio manual curto e preciso, fazia a Parati G3 GTI 16V ir de 0 a 100 km/h em 9 segundos com máxima de 206 km/h.

Pesando 1.185 kg e com 51 litros no tanque, a Parati G3 GTI 16V tinha consumo urbano de 8 km/l e rodoviário de 13 km/l.

Outro diferencial eram os freios a disco nas quatro rodas com ABS. A calibragem de freios e suspensão também era diferente por causa da potência elevada.

Demais versões

A Parati G3 tinha ainda outros três motores à disposição. Eles eram da família AP, que tinha biela longa, mas não como a do EA837, que era maior.

Remanescentes dos anos 80, o trio era composto pelos AP-1600, AP-1800 e AP-2000. Eles foram oferecidos na versão única de 1999, mas depois acabaram em diversas versões e séries especiais.

O AP-1600 tinha injeção multiponto e cabeçote de fluxo simples com 8 válvulas, entregando 92 cavalos a 5.500 rpm e 13,9 kgfm a 3.000 rpm.

Ele era caracterizado pelo bom torque em baixas rotações, o que garantia uma boa dirigibilidade no meio urbano. A Parati G3 1.6 ia de 0 a 100 km/h em 12 segundos e tinha máxima de 175 km/h.

O destaque da Parati G3 1.6 era o excelente consumo de gasolina, fazendo 11,2 km/l na cidade e 16,3 km/l na estrada.

Era a opção mais barata depois do motor 1.0 16V. Entretanto, para quem desejasse mais desempenho sem pagar o preço do motor 1.0 16V Turbo, tinha ainda o AP-1800.

Com as mesmas características técnicas do AP-1600, o AP-1800 entregava mais força com 99 cavalos a 5.250 rpm e 15,5 kgfm a 3.000 rpm.

Assim, a Parati G3 1.8 podia fazer um pouco melhor que a opção 1.6, indo de 0 a 100 km/h em 11,6 segundos e tendo máxima de 179 km/h.

Era um motor mais forte em baixa e garantia uma condução ainda mais prazerosa ao volante.

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No entanto, o AP-1800 cobrava em consumo, fazendo 10 km/l na cidade e 13 km/l na estrada.

De qualquer forma, essa uma alternativa barata em relação aos mais potentes já citados. Porém, existia mais uma opção, que foi melhor segmentada adiante.

O motor AP-2000 se manteve na gama da Parati G3, especialmente em versões como a Crossover e Tour, por exemplo. Ele oferecia os mesmos 112 cavalos do 1.0 16V Turbo, mas aos 5.250 rpm e 17,3 kgfm a 3.000 rpm.

Ele tinha um consumo parecido com este último, assim como o desempenho parecido, fazendo de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos.

Em 2003, a Parati G3 1.6 passou a ter o AP-1600 TotalFlex com 97/99 cavalos e 14,1/14,4 kgfm, respectivamente com gasolina e etanol, enquanto o AP-1800 só virou flex em 2005 com 103/106 cavalos e 15,5/16,0 kgfm, na mesma ordem.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.