
O Salão de Motos de Colônia (também conhecido como Intermot), realizado a cada dois anos na Alemanha, é o principal palco de apresentação de lançamentos inéditos das fabricantes de motocicletas para o mercado mundial.
Nesse caso, é claro, quando a moto foi realmente desenvolvida com a pretensão de ser comercializada nos quatro cantos do mundo – não espere ver uma Honda Biz por lá, por exemplo. E a Suzuki GSR 750 deu o ar da graça no evento.
A inédita GSR 750 foi apresentada na edição do salão de 2010, em meio a um mau desempenho da Suzuki no mercado de duas rodas. O modelo chegou focando na emoção de se pilotar uma motocicleta – uma das formas encontradas pela marca para voltar a atrair os consumidores.
“Além de ser um excelente meio de transporte, pilotar uma moto é uma experiência emocionante”, declarou o diretor global de marketing da Suzuki na época, Toshihiro Suzuki.
Ao contrário de diversas outras nakeds ofertadas no mercado, a GSR 750 surgiu com um apelo mais equilibrado. Ao invés de focar somente no desempenho mais insano, entregando uma tocada mais esportiva a qualquer momento, o novo modelo da Suzuki oferecia ainda uma boa dose de conforto e usabilidade para ser conduzida também no dia a dia.
De acordo com pilotos que tiveram a oportunidade de avaliar a motocicleta na ocasião, a Suzuki GSR 750 surpreendida por oferecer uma tocada mais tranquila, sem provocar cansaço ou algum tipo de dor devido à posição de pilotagem.
Ela se destacava ainda por ser uma streetfighter baseada na superesportiva GSX-R 750, um modelo bastante famoso da linha da Suzuki. O motor, por exemplo, é praticamente o mesmo entre as duas motocicletas – neste caso, o da antiga geração da GSX-R 750, visto que a Suzuki apresentou também no Intermot a nova geração da superesportiva.
Até aquela época, a Suzuki contava somente com a Bandit 650 para competir diretamente com as nakeds “endeusadas” pelos consumidores. E por mais que tivesse algumas características que pudessem ser suficientes para atrair os olhos dos pilotos, a Suzuki Bandit 650 tinha um desempenho infame em vendas – emplacou 860 unidades de janeiro a dezembro de 2009, enquanto a Honda CB 600F Hornet registrou 6.135 vendas no mesmo período.
Uma das principais missões da Suzuki GSR 750 era competir diretamente com a Kawasaki Z800, que se posicionava como a best-selller europeia. Além disso, pegou algumas referências da já citada CB 600F, da Honda, que era líder no mercado nacional e também em alguns outros cantos do mundo.
Índice
Suzuki GSR 750 – lançamento no Brasil
Por mais que tenha sido uma moto de destaque na gama da Suzuki, a Suzuki GSR 750 não teve seu “momento de brilho” quando foi introduzida no mercado brasileiro. Na realidade, o modelo foi apresentado juntamente com outras quatro motocicletas para o nosso País. Ela chegou no mês de abril do ano de 2013.
Esta leva de lançamentos foi anunciada como uma forma de recompensar o enorme atraso da Suzuki para o lançamento de novas motocicletas que já eram comercializadas lá fora. Na ocasião, a marca japonesa prometeu a chegada de novos produtos ao Brasil num prazo bem mais curto.
A principal novidade (pelo menos neste caso) foi a Suzuki GSR 750. A naked foi anunciada para competir diretamente com modelos como a Honda CB 600F Hornet, Kawasaki Z800 e a também recém-chegada Triumph Street Triple 675.
Seu preço inicial sugerido de R$ 34,9 mil, podendo chegar a R$ 36,9 mil em sua versão com freios ABS. Para efeito de comparação, a naked da Honda custava os mesmos R$ 34,9 mil, mas neste caso com um motor menor.
Já a Kawasaki era mais cara em R$ 4 mil, ao passo que a Triumph podia ser encontrada por R$ 31,9 mil, mas com um motor tricilíndrico de 85 cv.
A Suzuki GSR 750 foi anunciada nas cores azul, branco e preto. Mais tarde, a motocicleta passou a ser comercializada em um esquema de azul com branco e outro preto fosco com detalhes em cinza, ambos exclusivos da Suzuki GSR 750 ABS.
Outra naked anunciada pela marca foi a Suzuki Gladius, que estreou por aqui com um atraso de cinco anos (!) em relação ao mercado europeu. Ela tinha um motor de dois cilindros e 645 cm³, capaz de entregar 72 cavalos de potência – o mesmo conjunto utilizado pela bigtrail V-Strom.
A Suzuki apresentou ainda a nova sport-touring GSX1250FA, uma motocicleta ideal para viagens em longas distâncias que utiliza a mesma base da Bandit 1250. O modelo tem carenagem integral, custava R$ 39,9 mil e conta com um motor de quatro cilindros e 1.255 cm³, capaz de entregar 98 cavalos de potência.
Para entregar uma boa autonomia, um dos destaques era o tanque de combustível com capacidade para 19 litros.
Ainda entre as esportivas, a Suzuki anunciou a linha renovada da GSX-R 750. O modelo se manteve praticamente igual à anterior, mas com uma série de aprimoramentos em seu conjunto que resultaram numa redução no peso final. Ela chegou por R$ 49.900.
Por fim, a citada Suzuki V-Strom também foi anunciada com novidades. Por a partir de R$ 34,9 mil, a aventureira da marca japonesa adotou carenagens redesenhadas nas laterais do tanque e um conjunto óptico frontal igualmente redesenhado. O motor é um bicilíndrico de 69 cavalos. A motocicleta oferece um tanque de combustível para até 20 litros.
Suzuki GSR 750 – visual
O visual da nova GSR 750 é bastante agressivo, como forma de sugerir logo de cara todo o desempenho entregue pelo conjunto mecânico do modelo. O destaque da naked fica por conta do conjunto óptico frontal, que traz recorte diferenciado e um formato mais imponente, emoldurado por uma carenagem que pode ter até dois tons. Logo acima, uma pequena bolha na cor preta que contribui para a aerodinâmica.
A Suzuki GSR 750 destaca ainda o para-lama dianteiro de desenho mais imponente, que conta com pintura em preto brilhante no exemplar com pintura azul/prata. Há também grandes piscas alaranjados, retrovisores bastante pronunciados e bengala invertida num tom de dourado anodizado.
As laterais, por sua vez, se sobressaem pelo tanque de formato mais esguio e com capacidade para 17,5 litros (incluindo reserva). A GSR 750 oferece ainda abas laterais que seguem o mesmo desenho do tanque e seguem até mais ou menos na metade do motor. Estas ostentam o nome da motocicleta e o logotipo da Suzuki.
Assim como nas demais nakeds de médio porte, a Suzuki GSR 750 deixa à mostra praticamente todo o motor, que inclusive conta com pintura preta para seguir o estilo do aparato. Parte do chassi também fica evidente quando a motocicleta é vista de lateral.
O modelo conta com ponteira única de escape, que oferece ainda um protetor cromado. Merece destaque ainda o conjunto de rodas de liga-leve de 17 polegadas e três raios (desenho tradicional entre as motocicletas da Suzuki), calçadas com pneus 120/70 na frente e 180/55 atrás, ambos sem câmara.
Por fim, a rabeta traseira da Suzuki GSR 750 tem formato mais comprido e bicudo e abriga o banco do passageiro, que inclusive é separado do banco do piloto. Ela abriga ainda a lanternas traseira, bastante compacta, com LEDs vermelhos escondidos atrás de uma lente branca.
Suzuki GSR 750 – equipamentos
Entre os recursos, a nova Suzuki GSR 750 exibe um painel bastante moderno. O equipamento oferece velocímetro, conta-giros analógico, indicador de marcha, dois medidores de consumo, hodômetro total e parcial, temperatura do motor, hora, indicador do nível de combustível, entre outros. Ele mescla elementos analógicos e digitais, estes numa tela LCD.
Como opcional, a naked da Suzuki oferecia o sistema de freios ABS – com ele, o preço da moto sofria um acréscimo de R$ 2 mil. O sistema de freios antitravamento, quando disponível, está presente nas duas rodas da motocicleta.
Todavia, o ABS ofertado na Suzuki GSR 750 não era um dos mais modernos, sobretudo em comparação com o recurso ofertado nas rivais. Ainda assim, ele atua de forma progressiva e consegue impedir o travamento das rodas em frenagens mais bruscas.
E por falar em freios, a Suzuki GSR 750 apresenta disco duplo na dianteira, com 310 milímetros de diâmetro e pinça deslizante de dois pistões. Na traseira, há disco único, com 240 milímetros de diâmetro e pinça deslizante de um pistão. O manete, que aciona o freio dianteiro, possui regulagem de distância para se adaptar à mão do piloto.
Há também suspensão dianteira com garfo telescópico invertido (up-side-down), com 41 mm de diâmetro, curso de 120 mm e ajuste de pré-carga da mola. A traseira ostenta uma suspensão monochoque com link, com curso de 135 mm de ajuste de pré-carga da mola.
Suzuki GSR 750 – motor
Este é, obviamente, o ponto de maior destaque da nova GSR 750. Quem curte uma motocicleta com tocada mais agressiva, muito provavelmente estaria muito bem servido com este modelo da Suzuki estacionado na garagem.
O motor que equipa a Suzuki GSR 750 é basicamente o mesmo da superesportiva GSX-R 750. Trata-se de um quatro cilindros em linha, com capacidade cúbica de 749 cm³, quatro tempos, refrigeração líquida e quatro válvulas por cilindro (16 válvulas no total).
Há também o sistema DOHC (Double Overhead Camshaft) de duplo comando de válvulas no cabeçote. Com este último recurso, o propulsor dispõe de dois comandos de válvulas para controlar a abertura e fechamento das válvulas de admissão e de escape, o que resulta num maior nível de potência e torque, sobretudo em rotações mais altas, além de eficiência no consumo de combustível e emissões de poluentes.
Porém, na realidade, ele é quase o mesmo motor da GSX-R 750. A unidade recebeu uma série de alterações para ser utilizada na naked, como a adoção de válvulas menores, dutos de admissão mais estreitos e taxa de compressão modificada de 12,5:1 para 12,3:1. Essas mudanças foram feitas para, entre outros fatores, entregar um bom desempenho também no ciclo urbano, por exemplo.
Com isso, a potência máxima da Suzuki GSR 750 passou para 106 cavalos (eram 150 cv na irmã carenada). Esta dose de potência está disponível a 10.000 giros. Já o torque é de 8,1 kgfm, despejado em cima do piloto a partir das 9.000 rotações.
Tal motor está associado a um câmbio manual de seis marchas, com embreagem acionada por cabo, e transmissão final por corrente.
Suzuki GSR 750 – desempenho
Embora seja uma naked capaz de entregar um desempenho satisfatório e esportivo, a Suzuki GSR 750 tem ajuste mais voltado para o conforto do que para a esportividade. As suspensões, por sua vez, não são tão “duras” quanto as de outros modelos, com ajuste capaz de absorver as imperfeições do asfalto da cidade.
Além disso, na condução na estrada, a GSR 750 oferece um certo equilíbrio e suavidade ao contornar as curvas de uma forma mais “agressiva”, por exemplo.
Por conta desses fatores, a Suzuki GSR 750 ainda pode ser considerada uma boa opção para quem ainda não explorou o mundo das nakeds de cilindrada mais elevada ou para os que também estão subindo de cilindrada. Fora isso, é uma opção a ser considerada para aqueles pilotos que buscam por uma moto mais tranquila para o uso diário.
De acordo com números do fabricante, a Suzuki GSR 750 consegue acelerar de 0 a 100 km/h em menos de quatro segundos. A velocidade máxima, por sua vez, é de 225 km/h.
A posição de pilotagem do modelo, inclusive, foi idealizada também com foco no conforto, sem fazer com que o condutor fique com aquele cansaço característico após algumas horas de viagem. Nela, o piloto fica levemente inclinado à frente e com as pernas encaixadas nas laterais do tanque de combustível. As pedaleiras são um tanto quanto recuadas para trás.
No entanto, como uma das principais reclamações por parte dos proprietários, o guidão da Suzuki GSR 750 é bastante alto e largo, que é utilizado para compensar o ângulo de esterço reduzido em baixas velocidades e a pouca maneabilidade. Por conta disso, é preciso estar atento ao passar pelos corredores de carros no trânsito, sobretudo com modelos mais altos como SUVs, picapes e vans.
Outra reclamação é contra o conjunto de freios. Como citado acima, ela conta com dois discos de 310 mm na frente e um disco de 240 mm atrás. Todavia, sobretudo na dianteira, que conta com pinças duplas da Tokiko, a frenagem acaba sendo um tanto quanto “borrachuda” demais, sem a reação instantânea ao acionar o manete.
A respeito do consumo de combustível, a GSR 750 pode entregar média de cerca de 17 km/l no ciclo misto (urbano e rodoviário). Um número até que satisfatório para uma motocicleta deste porte e com 106 cavalos de potência.
Suzuki GSR 750 – preços
A Suzuki GSR 750 já não faz mais parte do catálogo de motocicletas 0 km da marca japonesa no mercado brasileiro. Sendo assim, caso você tenha interesse em adquirir um exemplar da naked, será preciso partir para o mercado de usadas.
Os exemplares mais baratos, conforme dados da tabela Fipe, custam na faixa dos R$ 26,4 mil. Esse valor corresponde a Suzuki GSR 750 2013 – as primeiras a chegarem ao Brasil.
Confira abaixo os preços da naked usada:
- Suzuki GSR 750 2013: R$ 26.416
- Suzuki GSR 750 2014: R$ 27.396
- Suzuki GSR 750 2015: R$ 28.823
- Suzuki GSR 750 2016: R$ 30.121
Nova Suzuki GSX-S 750, sucessora da GSR 750
Para ocupar o lugar da Suzuki GSR 750, a Suzuki anunciou em outubro de 2017 a nova GSX-S 750 (foto acima) para a sua linha brasileira. O modelo oferece um motor de quatro cilindros, 749 cm³, 114 cavalos de potência e 8,2 kgfm de torque. Seu preço é de R$ 36.533, nas cores azul, preto e vermelho.
Entre os destaques, além do motor mais potente, a sucessora da naked aqui tratada oferece controle de tração com três níveis de atuação e opção de ser desativado e freios ABS antitravamento de série produzido pela Nissin.
O aparato inclui ainda um conjunto de freios mais eficiente, com dois discos flutuantes de 310 mm na frente e pinças de quatro pistões com fixação radial. Na traseira, há disco simples de 240 mm com pinça simples.
Fora isso, a Suzuki GSX-S 750 promete ser ainda mais eficiente que a sua antecessora. A marca japonesa declara um consumo médio de combustível de bons 19,1 km/l.
Suzuki GSR 750 – ficha técnica
Motor | |
Tipo | 4 cilindros em linha, 4 tempos, DOHC |
Válvulas | 4 por cilindro |
Cilindrada em cm³ | 750 |
Diâmetro x curso | 72 mm x 46 mm |
Alimentação | Injeção eletrônica |
Taxa de compressão | 12,3:1 |
Potência máxima | 106 cv a 10.000 rpm |
Torque máximo | 8,16 kgfm a 9.000 rpm |
Transmissão | |
Câmbio | Sequencial de seis marchas |
Embreagem | Multidisco banhada a óleo |
Transmissão final | Por corrente |
Elos da corrente | 112 elos |
Eletrônica | |
Ignição | CDI/ECU |
Partida | Elétrica |
Bateria | 12V 10Ah selada |
Farol | 55/60W |
Chassi | |
Tipo | Quadro tubular de berço duplo em aço |
Capacidades | |
Tanque de combustível (incluindo reserva) | 17,5 litros |
Dimensões | |
Comprimento | 2.115 mm |
Largura | 785 mm |
Altura | 1.060 mm |
Distância entre-eixos | 1.450 mm |
Distância mínima em relação ao solo | 145 mm |
Altura do assento | 815 mm |
Peso em ordem de marcha | 210 kg |
Suspensão | |
Dianteira | Garfo telescópico invertido, 41 mm de diâmetro, 120 mm de curso, com ajuste de pré-carga da mola |
Traseira | Monochoque com link, 135 mm de curso, com ajuste de pré-carga da mola |
Rodas | |
Dianteira | Liga-leve de 17 polegadas com pneu 120/70 17 58 W sem câmara |
Traseira | Liga-leve de 17 polegadas com pneu 180/55 17 73 W sem câmara |
Freios | |
Dianteiro | Disco duplo flutuante e ventilado de 310 mm, com pinça deslizante de dois pistões e ABS |
Traseiro | Disco ventilado de 240 mm, com pinça deslizante de um pistão e ABS |