A promessa de que os carros com sistemas de direção assistida são mais rápidos, seguros e racionais que motoristas humanos foi colocada à prova em um teste sem precedentes feito na China — e o resultado foi um verdadeiro choque de realidade.
O canal chinês Dongchedi fechou uma rodovia real por vários dias para realizar um megateste com 36 modelos equipados com sistemas de assistência à condução, popularmente conhecidos como ADAS.
Foram seis situações críticas, todas baseadas em acidentes reais que acontecem com frequência no trânsito, como ultrapassagens perigosas, obstáculos repentinos e até um javali atravessando a pista.
O objetivo: verificar como os veículos reagem sem a interferência humana. O veredito? Quase todos falharam.
Apenas os modelos da Tesla — um Model 3 e um Model X — conseguiram sair relativamente bem, passando cinco dos seis cenários.
Os demais carros, incluindo modelos de marcas como Mercedes, BYD, Xiaomi, Leapmotor e Aito, protagonizaram colisões graves ou tomaram decisões perigosas que poderiam causar múltiplos acidentes em uma situação real.
As simulações incluíram desde um carro estacionado no meio da pista à noite com os faróis apagados, até uma entrada agressiva de outro veículo na faixa da esquerda sem margem para desvio.
Em praticamente todos os testes, os carros tentaram desviar em vez de frear — e acabaram colidindo ou criando riscos ainda maiores ao cruzar para faixas vizinhas, onde havia outros veículos.
Os testes também mostraram inconsistências bizarras entre carros da mesma marca. Um modelo reagia bem em determinado cenário, mas um similar — equipado com o mesmo sistema — falhava completamente.
Em alguns casos, os sensores detectavam o perigo, mas o carro hesitava, freava tarde demais ou parecia simplesmente não saber o que fazer.
O caso mais emblemático foi o do Xiaomi SU7: ele ativou a frenagem de emergência, soltou o pedal, depois tentou frear novamente — mas já era tarde. Colidiu em cheio.
Já um Mercedes perdeu o radar dianteiro ao colidir com o javali falso. E isso não foi exceção: a maioria dos carros sofreu danos, e alguns nem conseguiram completar os seis testes.
O mais alarmante é que os sistemas que deveriam agir com mais precisão e rapidez que um humano demonstraram indecisão, comportamento errático e falta de padrão.
Em entrevista ao canal, um professor da Universidade de Aeronáutica de Pequim afirmou que os modelos baseados em aprendizado de máquina “sabem como dirigir, mas não sabem por quê”.
Como resultado, os sistemas não sabem lidar com situações raras ou complexas — exatamente aquelas que podem matar.
Ao final do vídeo, o canal Dongchedi faz um alerta claro: apesar da publicidade agressiva de montadoras que vendem seus sistemas como quase autônomos, os sistemas ADAS ainda estão longe de substituir o condutor humano. São apenas assistentes.
E se esse 1% de risco acontecer, ele pode resultar em 100% de tragédia.
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