A nova tarifa de 25% sobre veículos e peças importadas, imposta pelo presidente Donald Trump, promete chacoalhar o setor automotivo nos Estados Unidos e esvaziar o bolso dos consumidores.

Embora os efeitos totais ainda não possam ser completamente mensurados, as primeiras estimativas já indicam que a medida pode encarecer alguns dos modelos mais vendidos do país em até US$ 16 mil — ou mais de R$ 80 mil na conversão atual.

Segundo a plataforma iSeeCars, modelos populares como Chevrolet Silverado, GMC Sierra, Toyota Tacoma e Honda Civic devem sofrer os maiores impactos.

Até mesmo veículos de marcas americanas, como o próprio Silverado, correm risco de alta nos preços, já que algumas unidades são fabricadas no México e, portanto, serão taxadas.

A Silverado 1500, por exemplo, que custa em média US$ 55.612 nos EUA, pode saltar para US$ 69.515 com o novo “imposto Trump”.

Já a GMC Sierra 1500, que também tem produção parcial fora dos EUA, pode ficar US$ 15.599 mais cara. No caso do Chevrolet Equinox, produzido exclusivamente em San Luis Potosí, México, o impacto chega a US$ 8.302 no valor final.

O Dodge Charger Daytona elétrico, fabricado no Canadá, também pode ser uma das maiores vítimas da nova política.

Com uma média de preço atual em torno de US$ 66.701, o modelo pode atingir os US$ 83.377, um aumento de até US$ 16.675 — praticamente inviabilizando suas chances de sucesso comercial, especialmente considerando que já enfrenta dificuldades de aceitação.

A lista é extensa e atinge todas as marcas com produção fora dos EUA. Modelos como Toyota RAV4, Honda CR-V, Nissan Rogue, Hyundai Tucson, Subaru Forester, Mazda CX-5, Kia Sportage e até carros compactos como Hyundai Elantra e Nissan Sentra devem subir de preço entre US$ 6.000 e US$ 9.000, em média.

O impacto médio da tarifa, segundo a iSeeCars, é de US$ 10.042 para os modelos analisados.

Se o cenário já parece complicado para os carros novos, a situação deve se agravar também no mercado de seminovos e usados. Karl Brauer, analista da iSeeCars, acredita que a valorização dos usados será inevitável, já que muitos consumidores serão excluídos do mercado de zero-quilômetro.

O movimento será semelhante ao que ocorreu durante a pandemia, quando a escassez na produção inflacionou drasticamente os preços dos usados.

Apesar da previsão sombria, algumas montadoras devem tentar amenizar o impacto inicial, absorvendo parte do aumento para manter a competitividade. No entanto, a longo prazo, especialistas alertam que os custos devem ser repassados integralmente ao consumidor.

Com a medida prestes a entrar em vigor em 2 de abril, o conselho para quem está pensando em trocar de carro é claro: corra para garantir os preços atuais antes que a nova tarifa transforme o mercado automotivo em um verdadeiro campo minado para o consumidor médio.