Se você acha que, ao comprar um carro moderno, todo o conjunto tecnológico é seu, pense de novo.
A Acura acaba de mostrar que, mesmo em modelos caríssimos e recentes, as montadoras podem simplesmente desligar os sistemas conectados quando quiserem — e o consumidor nada pode fazer.
Em um comunicado recente enviado a proprietários, a marca japonesa informou que vai encerrar todos os serviços do AcuraLink, sua plataforma de conectividade veicular, a partir de 21 de julho de 2024.
E o mais assustador: isso inclui carros fabricados até 2022. Ou seja, veículos praticamente novos, ainda em garantia, ficarão sem rastreamento, assistência, concierge e recursos de bloqueio remoto.
A lista de modelos afetados é extensa: RLX (2014-2020), MDX (2014-2020), TLX (2015-2020), RDX (2016-2018), ILX (2016-2022) e até mesmo todos os NSX já produzidos, incluindo a edição de despedida Type S, vendida como superesportivo de alto luxo.
A justificativa para o fim do serviço não está clara. Não houve desligamento de redes celulares como o 3G que justificaria a decisão técnica.
E o mais preocupante é justamente isso: a montadora simplesmente decidiu encerrar os serviços, e ponto final. Aos clientes, resta apenas o direito a um reembolso proporcional — e nenhum tipo de substituição à altura.
Essa situação revela uma verdade incômoda: o carro conectado, tão vendido como símbolo de inovação, autonomia e segurança, está totalmente nas mãos da montadora.
O cliente até compra o veículo, mas não é dono dos serviços que vêm com ele. Basta um comando do fabricante, e tudo pode desaparecer do painel.
Imagine comprar um carro por centenas de milhares de reais, com a promessa de assistência remota, rastreamento em caso de roubo e recursos digitais avançados — apenas para ver tudo isso sumir poucos anos depois, por decisão unilateral da marca.
É exatamente o que está acontecendo com os donos de Acura.
O caso levanta uma discussão urgente sobre o que realmente significa “ser dono” de um carro em 2025.
AcuraLink being discontinued on older cars byu/orange9035 inAcura
Se a conectividade pode ser desativada a qualquer momento, sem alternativas ou compensações reais, estamos caminhando para uma era em que o consumidor perde cada vez mais controle sobre o produto que comprou.
Com o avanço das plataformas digitais embarcadas, cada vez mais veículos dependem de serviços online, atualizações remotas e infraestrutura controlada pelas próprias montadoras.
E se a Acura pode apagar esses recursos de forma tão simples, o que impede que outras marcas façam o mesmo? Nada.
A obsolescência programada, que antes atingia apenas celulares e computadores, agora se infiltra nos carros. A diferença é que, no caso dos veículos, os valores envolvidos são infinitamente maiores.
Mesmo assim, a dependência de sistemas invisíveis, controlados à distância, coloca o consumidor em uma posição vulnerável.
O carro do futuro está conectado. Mas se depender das montadoras, ele também estará sempre sujeito a ser desconectado — com ou sem seu consentimento.
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