
A BYD, maior fabricante de carros elétricos da China, afirmou que pretende “trabalhar junto” com a Tesla para combater os veículos a combustão, apesar da crescente rivalidade entre as duas marcas pelo topo do mercado global de EVs.
Em entrevista ao site Financial Times, a vice-presidente executiva da BYD, Stella Li, destacou a importância da colaboração para acelerar a transição para a eletrificação.
“Nossos inimigos em comum são os carros a combustão. Precisamos trabalhar juntos para transformar a indústria”, declarou Li.
Apesar desse discurso de união, as duas montadoras disputam a liderança global de vendas de EVs. A BYD tem expandido agressivamente sua presença na Europa, lançando novos modelos e planejando fábricas locais para driblar as tarifas da União Europeia sobre veículos elétricos chineses.

Enquanto isso, a Tesla tem enfrentado queda nas vendas europeias, agravada pelo crescente envolvimento político de Elon Musk.
Durante um evento em Londres, Stella Li afirmou que a China está disposta a compartilhar suas tecnologias de veículos elétricos e condução autônoma com empresas estrangeiras, apesar das tensões comerciais com os EUA e a UE.
“O governo chinês é mais aberto do que muitos pensam. Talvez haja uma percepção errada sobre isso”, afirmou.
Ela ainda defendeu que a China é o “berço da inovação” e incentivou empresas estrangeiras a investirem no país, garantindo que Pequim daria suporte às inovações tecnológicas.

A BYD recentemente anunciou que oferecerá funções avançadas de condução inteligente em grande parte de seus modelos sem custo adicional, por meio do sistema “God’s Eye”.
Esse movimento gerou preocupação no setor, pois pode forçar outras montadoras a oferecerem tecnologias similares gratuitamente, reduzindo uma importante fonte de receita.
A fabricante chinesa também busca acelerar sua expansão global com a construção de fábricas na Hungria e na Turquia, reduzindo os impactos das tarifas europeias. Além disso, a BYD pretende levantar até US$ 5,2 bilhões com a venda de ações em Hong Kong para financiar essa expansão.
Por outro lado, a União Europeia quer que as empresas chinesas transfiram tecnologia para parceiros europeus em troca de subsídios, enquanto Pequim tem incentivado suas empresas a limitarem algumas produções avançadas no exterior.

Além disso, a China vem ampliando suas restrições à exportação de materiais estratégicos para a fabricação de baterias, como terras raras.
Quando questionada sobre essas barreiras políticas, Li minimizou as preocupações e disse que não presta atenção na política, pois considera que essas questões são passageiras. “No fim das contas, os consumidores sempre escolhem o melhor produto”, afirmou.
Ela também destacou que o governo chinês tem apoiado as iniciativas da BYD no exterior e que todas as inovações desenvolvidas na China serão disponibilizadas globalmente, incluindo tecnologias de condução autônoma.
Diante da desaceleração das vendas de EVs na Europa, a BYD pretende ampliar sua oferta de híbridos plug-in, como o Seal U, já que esses modelos não estão sujeitos às tarifas europeias contra veículos chineses.

Além disso, a empresa planeja lançar sua marca premium Denza no continente ainda este ano.
Atualmente, a participação da BYD no mercado de carros elétricos da Europa Ocidental, incluindo o Reino Unido, é de 2%, segundo a Schmidt Automotive Research.
Por outro lado, Li confirmou que a BYD não tem planos de vender veículos elétricos nos Estados Unidos, onde o governo impôs uma tarifa de 100% sobre importações de EVs chineses.
Apesar das especulações sobre a construção de uma fábrica no México, ela afirmou que nenhuma decisão foi tomada.
Mesmo diante da resistência de governos ocidentais, Li acredita que a transição para os elétricos é inevitável. “Por que as pessoas continuam escolhendo os EVs? Porque são carros melhores, mais inteligentes e de maior qualidade”, concluiu.

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