
Enquanto Elon Musk investe tempo e energia em robôs humanoides e promessas de robotáxis autônomos, a Tesla vê sua operação principal — vender carros — entrar em uma fase preocupante de declínio nos principais mercados do mundo.
As vendas da montadora despencaram 48,5% na Europa em outubro, em comparação ao mesmo mês do ano passado, e já acumulam queda de cerca de 30% em 2025, mesmo com o mercado europeu de EVs crescendo 26% no período.
A situação reflete uma mudança profunda, segundo reportagem da Reuters: a Tesla, que já foi sinônimo de carro elétrico, agora luta para manter relevância em um cenário cada vez mais competitivo e diversificado.
Mesmo com entregas recordes no terceiro trimestre, impulsionadas por uma corrida de consumidores americanos ao fim de um crédito fiscal de US$ 7.500, a projeção global é de queda de 7% nas entregas da marca neste ano.
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Na Europa, os efeitos do desgaste de imagem causado por declarações polêmicas de Musk ainda não foram superados — e os consumidores parecem ter migrado para opções mais acessíveis, variadas e atuais.
Modelos como o SUV Model Y, que foi o carro mais vendido do mundo em 2023, agora encaram uma enxurrada de rivais com preços mais baixos e designs renovados, especialmente de marcas chinesas e europeias.
A Volkswagen, por exemplo, triplicou suas vendas de EVs na região e já alcançou 522.600 unidades comercializadas até setembro — três vezes mais que a Tesla.
Ao todo, mais de 150 modelos elétricos diferentes estão disponíveis no Reino Unido, e ao menos 50 novos lançamentos estão previstos para o próximo ano.
Nenhum deles é da Tesla, que segue apostando nos mesmos poucos modelos enquanto a concorrência inova em todos os segmentos.
A chinesa BYD já vende mais do que a Tesla na Europa, com 17.470 unidades entregues apenas em outubro, mais que o dobro da rival americana.
Analistas apontam que a Tesla sofre por ter um portfólio estagnado e por depender apenas de dois modelos para o grande público: o Model 3 e o Model Y.
Na tentativa de reagir, a marca lançou recentemente uma versão mais barata do Model Y, mas a iniciativa ainda não surtiu efeito significativo.
Na China, a situação não é muito diferente: as vendas caíram 35,8% em outubro, atingindo o pior desempenho dos últimos três anos.
A presença de marcas locais como Chery e Xiaomi, com modelos inovadores e preços agressivos, tem reduzido o espaço da Tesla mês após mês.
Nos Estados Unidos, o alívio veio em setembro com uma alta de 18%, mas rapidamente virou queda de 24% em outubro, segundo a Motor Intelligence.
Executivos do setor automobilístico já admitem que o mercado de EVs está esfriando, e que a Tesla pode sofrer ainda mais diante desse cenário.
Apesar da retração, Musk parece confortável: seu novo pacote de remuneração prevê bônus bilionário se a Tesla vender, em média, 1,2 milhão de veículos por ano até 2035 — número inferior ao que a marca já entregou em 2024.
Enquanto concorrentes como GM, Ford e Honda desaceleram seus investimentos em EVs, a Tesla aposta em baixar preços para conter a sangria.
Mas a maior crítica dos analistas é clara: falta um novo modelo de verdade.
Com Musk cada vez mais voltado para robôs e inteligência artificial, cresce a dúvida sobre quando — ou se — a Tesla voltará a priorizar o desenvolvimento de carros elétricos para humanos.
Até lá, a empresa pode seguir perdendo espaço para concorrentes que entendem melhor o que o consumidor quer hoje: variedade, preço justo e inovação de verdade.
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