A estranha obsessão francesa por faróis amarelos: Uma lei que durou 55 anos e influenciou até as pistas de corrida

farois amarelos (5)
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Durante 55 anos, todos os carros vendidos na França foram obrigados a circular com faróis dianteiros amarelos.

A medida, adotada oficialmente em 1937 e mantida até 1993, afetou milhões de veículos e deixou um legado curioso, que vai muito além das estradas francesas.

Mais do que uma regra de trânsito, os faróis amarelos se tornaram uma marca registrada da cultura automotiva do país — e até hoje aparecem em modelos personalizados, réplicas de corrida e carros de entusiastas.

A explicação oficial para a exigência era simples: os faróis amarelos supostamente reduziam o cansaço visual e diminuíam o ofuscamento provocado pelos faróis dos carros que vinham na direção contrária.

farois amarelos (2)
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Segundo estudos divulgados pelo próprio governo francês na época, a luz filtrada pelo tom amarelo proporcionaria um ganho de 8% na acuidade visual durante a noite, apesar de uma perda de 15% na intensidade total de iluminação.

Mais tarde, em 1968, um estudo britânico desmentiu essa tese, indicando que os faróis amarelos na verdade causavam uma leve perda de nitidez visual, a não ser que fossem usados com lâmpadas mais potentes.

Apesar disso, e talvez por puro orgulho nacional, a França manteve a exigência por mais 25 anos.

Com fronteiras conectadas a nove outros países europeus e um mercado interno gigantesco, a medida teve impacto direto sobre fabricantes de peso como Renault , Citroën e Peugeot, que adaptavam modelos exclusivamente para o país.

farois amarelos (1)
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Era possível alcançar o efeito desejado com lentes amarelas, lâmpadas coloridas ou filtros aplicados sobre o farol.

Com o tempo, a influência da norma ultrapassou as ruas e chegou às pistas. O exemplo mais simbólico é o das 24 Horas de Le Mans, uma das corridas mais prestigiadas do automobilismo mundial, realizada justamente na França.

Originalmente, os carros inscritos tinham que seguir as mesmas regras dos veículos de rua — inclusive os faróis amarelos.

Com a evolução das categorias, a cor acabou sendo reservada apenas para os modelos da classe GT, ajudando os protótipos mais rápidos a distinguir os veículos que podem ser ultrapassados com menos cautela durante a madrugada.

farois amarelos (3)
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Hoje em dia, ver faróis amarelos em carros modernos é menos comum, mas não raro. Entusiastas de marcas como BMW, por exemplo, aplicam películas ou filtros seletivos para resgatar a estética dos carros de corrida históricos.

A prática virou símbolo de tradição, mais ligada ao estilo e à nostalgia do que a qualquer funcionalidade comprovada.

O que começou como uma decisão governamental pré-Segunda Guerra Mundial virou, com o passar das décadas, um elemento cultural que atravessou fronteiras, competições e gerações de apaixonados por automóveis.

E tudo isso por causa de uma simples troca de cor nos faróis.

[Fonte: Jalopnik]



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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.