
A cidade de Cleveland, Ohio, EUA, tem bairros mais antigos que escondem surpresas fascinantes — como uma rua pavimentada inteiramente com blocos de madeira.
Sim, madeira, e ela continua firme e forte mesmo após mais de um século e os rigorosos invernos dos Grandes Lagos.
Trata-se da Hessler Court, uma curta via de apenas 84 metros de extensão, situada entre a Hessler Road e a Bellflower Road, no lado leste da cidade, próximo ao aclamado Cleveland Museum of Art — um dos museus mais prestigiados dos Estados Unidos.
A rua é composta por cerca de 19 mil blocos de pinho de Norfolk, embebidos em creosoto e posicionados de pé, criando uma superfície única. Em 2024, a cidade fez uma restauração completa e, mesmo um ano depois, o resultado continua impressionante.
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Esse tipo de pavimentação, conhecido como Nicolson pavement, foi popular entre os séculos XIX e início do XX.

Surgida ainda no século XIV, a técnica ganhou espaço por oferecer uma alternativa mais silenciosa e fácil de reparar do que as tradicionais pedras de paralelepípedo.
Em tempos de tráfego dominado por cavalos, o piso de madeira era mais gentil aos ouvidos e mais fácil de consertar — bastava encaixar novas peças de madeira no lugar das danificadas.
Hoje em dia, pouquíssimos trechos de rua ainda utilizam essa técnica nos Estados Unidos. Além de Cleveland, há registros remanescentes em Chicago, Minneapolis, Filadélfia (Camac Street) e Pittsburgh (Roslyn Place).
Em todos esses casos, os trechos sobrevivem mais por amor à história do que por eficiência urbana.
A Hessler Court tem uma história particular. O local leva o nome de Emory Melton Hessler, veterano da Guerra Civil americana, que serviu como auxiliar de enfermaria na 1ª Regimento de Artilharia Leve de Ohio.

Sua casa ainda está de pé na esquina da rua que leva seu sobrenome. Acredita-se que o trecho pavimentado com madeira tenha sido originalmente sua garagem particular, incorporada oficialmente ao patrimônio da cidade em 1908.
Em 1975, a rua foi tombada pelo Cleveland Landmark Commission, garantindo sua preservação.
É claro que a madeira não é mais o padrão para ruas modernas. O asfalto é mais barato, mais resistente ao tráfego intenso e exige menos manutenção pública.
Mas não é à toa que Hessler Court desperta fascínio: ela é um lembrete de que nem toda inovação precisa apagar o que veio antes.
Reparar um buraco em uma rua de madeira, afinal, pode ser feito por alguém com um pouco de habilidade em carpintaria — algo impensável no mundo do concreto.
Num tempo em que tudo parece ser substituído em nome da eficiência, é reconfortante ver um pedaço do passado resistindo com elegância e utilidade.
Cleveland pode até ser subestimada, mas suas ruas — literalmente — têm histórias que valem a pena serem percorridas.
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