A estreia do Tesla Cybertruck está longe de ser tranquila, e a mais recente leva de recalls só reforça os questionamentos sobre a qualidade do utilitário futurista.
Em meados de março, a montadora anunciou um recall que envolve praticamente todas as unidades entregues até agora: 46.096 veículos com um defeito bizarro na moldura de aço inox que pode simplesmente se soltar e voar enquanto o carro está em movimento.
A correção proposta por Elon Musk e companhia? Um serviço relativamente simples: reforço com adesivo, aplicação de dois parafusos extras e pronto, problema resolvido.
Ou pelo menos deveria estar. Só que, para um proprietário que compartilhou sua experiência no fórum CybertruckOwnersClub, a solução da Tesla trouxe mais dores de cabeça do que alívio.
Segundo o dono do Cybertruck, o veículo voltou da assistência com três novos defeitos. A moldura, que deveria estar perfeitamente alinhada, agora apresenta desníveis visíveis.
Além disso, uma marca de queimadura surgiu perto de um dos parafusos novos e o acabamento de aço, que havia sido recém-substituído, voltou com arranhões.
Para um carro que custa entre 80 mil e 100 mil dólares — e em alguns casos muito mais, devido à especulação — esse tipo de falha em um serviço de recall soa como um golpe no bolso e no orgulho dos primeiros compradores.
Apesar do boletim oficial da Tesla não mencionar soldagem, o proprietário desabafou que a marca jamais deveria fazer esse tipo de intervenção improvisada em um centro de serviços.
Para ele, as peças já deveriam sair da fábrica prontas e com os elementos de fixação integrados, especialmente considerando o preço do modelo.
O método de reparo inclui desmontar parte das laterais da carroceria, aplicar adesivos butílicos — dois ou até oito, dependendo da condição da peça — e instalar os dois novos parafusos em cada extremidade do trilho superior.
Curiosamente, a própria Tesla admite que alguns veículos foram entregues sem os parafusos em questão, o que levanta dúvidas sobre o controle de qualidade na montagem dos Cybertrucks.
Outro ponto de atrito é o impacto do recall em veículos que passaram por personalização externa.
Para os donos que aplicaram envelopamentos em lojas terceirizadas, a Tesla já deixou claro: se o procedimento de reparo danificar o acabamento, o prejuízo é por conta do proprietário. Uma péssima notícia para quem desembolsou milhares de dólares para personalizar o utilitário com vinil fosco ou outros acabamentos exclusivos.
Até o momento, esse caso parece isolado, mas o histórico de falhas do Cybertruck — somado ao fato de tantos veículos estarem sendo convocados tão cedo — indica que pode ser apenas a ponta do iceberg.
Com mais unidades chegando às ruas e mais donos testando os limites do veículo, é bem provável que novas queixas comecem a surgir.
No fim das contas, o que deveria ser um recall simples para reforçar um detalhe de acabamento virou mais um capítulo de frustração para donos que apostaram alto no símbolo metálico da Tesla.
E se os relatos começarem a se multiplicar, o Cybertruck pode acabar se consolidando como o maior exemplo de como hype e engenharia nem sempre andam de mãos dadas.
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