Vinte e cinco anos depois de introduzir os norte-americanos à eletrificação automotiva com o icônico Prius, a Toyota está dobrando sua aposta nos híbridos plug-in.
A montadora japonesa enxerga nos PHEVs — modelos que rodam por dezenas de quilômetros como um elétrico antes de acionarem o motor a combustão — uma resposta pragmática aos consumidores ainda reticentes em migrar para EVs puros.
Em visita da reportagem da CNBC à sede da empresa nos EUA, David Christ, chefe da marca Toyota na América do Norte, revelou os planos: “Vamos expandir o volume de PHEVs em nossa linha nos próximos anos.”
A meta interna é ambiciosa: saltar de 2,4% das vendas em 2023 para cerca de 20% até 2030.
Se alcançar esse patamar, a Toyota estará no limite do que a Califórnia permite na nova regulamentação ambiental Advanced Clean Cars II, que exige que 100% dos veículos vendidos no estado sejam de emissão zero até 2035 — algo que Donald Trump promete revogar se reeleito.
A estratégia vem em meio a uma desaceleração no crescimento de vendas dos EVs e à incerteza sobre políticas ambientais nos EUA.
Por isso, a Toyota segue diversificando: de motores a combustão (ICE), híbridos convencionais, híbridos plug-in até EVs.
Como explicou Cooper Ericksen, vice-presidente sênior da montadora: “Estamos com as bases carregadas. Nossas chances de marcar correm em todas as direções.”
Essa abordagem multitecnológica reflete também na nova geração do RAV4, que ganha um PHEV com 50 milhas (cerca de 80 km) de autonomia elétrica e desempenho aprimorado.
Mesmo com preço superior — cerca de US$ 15 mil acima do modelo a combustão — a Toyota aposta que o diferencial de rodar como EV sem ansiedade de autonomia atrairá o público indeciso.
Ericksen reforça que há uma mudança significativa de percepção quando o consumidor entende o conceito de um PHEV.
“A maior virada de opinião vem justamente de quem descobre como funciona um híbrido plug-in. Ele vira uma opção concreta para quem jamais cogitaria um elétrico puro.”
Apesar disso, os desafios não são poucos. Os PHEVs exigem o dobro de componentes — um powertrain elétrico completo e um motor a combustão — o que encarece a produção.
Especialistas apontam que essa complexidade pode limitar o avanço da categoria. A S&P Global Mobility projeta que os PHEVs representarão 5% das vendas nos EUA até 2030, enquanto a AutoPacific estima algo em torno de 4,2%.
Ainda assim, a Toyota já colhe frutos: em 2023, as vendas de seus PHEVs cresceram quase 40%, com destaque para o Prius e o RAV4. Na divisão de luxo, a Lexus viu suas vendas de híbridos plug-in saltarem mais de 88% com a chegada do novo TX.
No fim das contas, o plano da Toyota parece claro: manter a liderança apostando na flexibilidade, oferecendo múltiplas soluções em vez de escolher apenas uma.
Enquanto outras marcas tentam convencer o mercado de que o futuro é exclusivamente elétrico, os japoneses continuam a seguir o próprio caminho — com calma, mas com consistência.
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