
Durante décadas, o chamado badge engineering — prática de vender o mesmo carro com marcas diferentes — foi um dos artifícios mais comuns da indústria automotiva.
Nos anos 1990, tivemos aqui no Brasil modelos quase que idênticos em Volkswagen e Ford, na era da Autolatina.


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Nos anos 2000, a General Motors abusou da tática nos Estados Unidos, com exemplos emblemáticos como Chevrolet Trailblazer, GMC Envoy, Oldsmobile Bravada, Buick Rainier e até versões derivadas como Isuzu Ascender e Saab 9-7X.
Aparentemente, esse capítulo parecia encerrado, com fabricantes evoluindo para plataformas compartilhadas, mas com identidade visual e acabamento distintos — como ocorre hoje entre o Chevrolet Tahoe e o GMC Yukon.
Mas o pesadelo dos carros-clones parece estar voltando com força, agora sob uma roupagem moderna, liderado por parcerias como Toyota e Subaru.
A dupla GR86 e BRZ já era praticamente indistinguível, e isso continuou na segunda geração.

O mesmo padrão se repetiu com os SUVs elétricos Toyota bZ4X e Subaru Solterra, e agora se espalha para o recém-lançado bZ Woodland, que encontra no Subaru Uncharted e Trailseeker versões quase idênticas.
Esses modelos compartilham plataforma, visual e até detalhes internos, com mudanças superficiais de design e nome.
O fenômeno ganhou fôlego em outros mercados também.
A Ford na Europa apostou pesado no compartilhamento com a Volkswagen, criando os elétricos Explorer EV e Capri, derivados dos VW ID.4 e ID.5.

O Explorer ainda convenceu parte do público, mas o Capri virou motivo de chacota — o nome, inclusive, virou piada entre fãs, sugerindo o anagrama “I crap” (algo como “eu lixo”).
O desempenho comercial foi decepcionante, e a Ford precisou reduzir a produção de ambos os modelos em sua fábrica de Colônia, na Alemanha.
Mesmo assim, a marca americana insiste no modelo e já anunciou uma nova parceria com a Renault. O acordo deve render dois novos EVs a partir de 2028, baseados em projetos franceses, o que levanta dúvidas sobre sua autenticidade.
No mercado norte-americano, a Nissan seguiu a mesma rota e lançou o Rogue Plug-in Hybrid 2026, basicamente um Mitsubishi Outlander PHEV com logotipo diferente.
Apesar da clara reciclagem, o modelo traz qualidades como sete lugares e autonomia elétrica de 61 km, o que pode atrair consumidores menos atentos à origem do produto.
O problema dessa tendência é que ela ameaça a individualidade das marcas. Em vez de diversidade, os catálogos das montadoras se tornam versões ligeiramente retocadas de um mesmo carro.
O consumidor perde identidade de marca, enquanto as fabricantes economizam em desenvolvimento e mantêm preços altos para produtos com pouco esforço original.
Para alguns, pode ser uma jogada racional: menor custo, mais oferta. Para outros, é apenas uma forma disfarçada de enganar quem ainda valoriza a diferença entre marcas.
A pergunta que fica é: estamos mesmo entrando numa nova era do badge engineering, ou as montadoras só estão ficando preguiçosas?
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