
Nem mesmo a maior fabricante de veículos elétricos do planeta está imune à pressão do mercado.
A chinesa BYD, gigante global do setor, viu seu lucro despencar 30% no segundo trimestre de 2025, marcando a primeira queda em mais de três anos.
O tombo acendeu o alerta em investidores e analistas, que começam a enxergar rachaduras no até então imbatível modelo de crescimento da montadora.
O lucro líquido da empresa ficou em 6,4 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 895 milhões), bem abaixo das expectativas. Para comparação, no primeiro trimestre, a companhia havia conseguido dobrar seus ganhos.
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O desempenho fraco refletiu diretamente nas ações, conforme divulgou a agência Reuters: os papéis listados em Hong Kong fecharam em queda de 5,2%, após abrirem o dia com perdas de 8% — a pior desvalorização diária desde maio.
Na bolsa de Shenzhen, a queda foi de 3,8%.

A BYD construiu sua liderança global com uma estratégia agressiva baseada em integração vertical, cortes de custo e guerra de preços. Por anos, essa abordagem deu frutos.
Mas, segundo analistas, o cenário mudou. O governo chinês passou a intervir diretamente para conter a disputa de preços entre montadoras, preocupado com a estabilidade do setor automotivo local.
A medida afetou diretamente a BYD, que teve que reduzir o ritmo promocional. Analistas do Jefferies disseram que a empresa passa por uma “surpreendente subperformance” causada por uma “confluência de vendas fracas e desafios estruturais que estão corroendo seu fosso competitivo”.
Eles também revisaram para baixo as previsões de lucro da empresa entre 2025 e 2027.

Na mesma linha, o Citi apontou que o lucro veio bem abaixo do consenso do mercado, que estimava entre 7 e 9 bilhões de yuans. A própria previsão do banco, de 10,3 bilhões, foi superada negativamente.
Segundo o relatório, os cortes de preços não conseguiram impulsionar as vendas e, pior, a empresa ainda teve que desembolsar 1 bilhão de yuans em incentivos especiais a concessionárias.
O objetivo ambicioso da BYD para este ano é vender 5,5 milhões de carros globalmente. No entanto, até o fim de julho, a empresa havia entregue apenas 2,49 milhões, o que representa 45% da meta anual.
Os números de agosto devem ser divulgados em breve, mas os sinais de desaceleração são claros.
Com o crescimento estagnando, a margem espremida e a concorrência cada vez mais feroz — tanto dentro quanto fora da China —, a BYD se vê diante de um desafio inédito: manter sua dominância sem depender do preço baixo como principal arma.
E isso pode ser mais difícil do que parece.
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