
Em tempos em que até supercarros chegam às concessionárias com menos de 10 km rodados, a Bugatti vai na contramão com seu processo de entrega quase artesanal.
O novo W16 Mistral, um roadster de mais de US$ 5 milhões, passa por uma bateria de testes tão intensa que cada exemplar percorre pelo menos 400 km antes mesmo de ser entregue ao cliente. E isso não é exagero: se um detalhe não estiver perfeito, ele volta para a oficina e o ciclo recomeça.
O percurso de avaliação da Bugatti atravessa 350 km da região francesa da Alsácia, e mistura desde estradinhas de vilas medievais até passagens de montanha e trechos de autoestrada.
Tudo isso é planejado para detectar qualquer falha — por menor que seja — na suspensão, no isolamento acústico, na eletrônica e até na montagem da capota, já que o Mistral é um conversível.
Depois disso, vem o momento mais radical: o hipercarro é levado a um antigo aeroporto em Colmar, onde acelera até 300 km/h na pista para testar freios, estabilidade e eletrônica.
Toda essa maratona é conduzida por um seleto grupo de apenas três pilotos-teste da Bugatti, treinados para perceber ruídos imperceptíveis e vibrações mínimas que poderiam passar despercebidas até por engenheiros.
E tudo é documentado. Durante os testes, os pilotos usam gravadores para registrar impressões em tempo real. Se alguma anomalia é identificada, o carro volta à oficina e, mesmo após a correção, roda mais 50 km para confirmar que o problema desapareceu.
Isso pode acontecer quantas vezes for necessário — até que o carro esteja absolutamente impecável.
A obsessão não é apenas técnica. A Bugatti também faz testes acústicos em ruas estreitas com paredes de pedra, que funcionam como câmaras naturais de eco, ajudando os engenheiros a analisar a melodia inconfundível do motor W16 com seus quatro turbos.
Esse processo rigoroso não é novo. Christophe Piochon, presidente da marca, lembra que participou da criação dos testes ainda na época do Veyron, e que o protocolo foi aperfeiçoado com o Chiron.
Agora, com o Mistral, ele garante que cada exemplar entregue é uma obra-prima validada por um ritual quase cerimonial de perfeição.
Para quem nunca vai poder comprar um Bugatti, há um consolo: todos esses testes são feitos nas ruas ao redor da sede em Molsheim, na França.
E é ali que fãs e entusiastas do mundo todo se posicionam com câmeras para registrar flagras únicos dessas máquinas sendo levadas ao limite — antes de passarem o resto da vida guardadas em coleções que, ironicamente, raramente as levam à estrada.
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