A Xiaomi vai emitir uma atualização de software obrigatória para mais de 115 mil unidades do SU7, seu sedã elétrico, após o governo chinês identificar potenciais riscos de segurança relacionados ao sistema de condução assistida do veículo.
A correção será feita via OTA (over-the-air), mas está sendo tratada como um recall oficial, segundo comunicado da Administração Estatal para Regulação do Mercado da China (SAMR).
Esse é o segundo recall digital envolvendo o SU7 desde o lançamento do modelo, que virou sensação na China ao entrar no mercado em 2024 com grande apelo de tecnologia e design.
A medida, no entanto, acende um alerta sobre os desafios e limitações dos sistemas de direção semiautônoma, mesmo em veículos altamente conectados.
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O problema está no sistema de condução assistida de nível 2 (L2), chamado “highway pilot”, que assume controle de direção, aceleração e frenagem em rodovias, mas exige que o condutor permaneça atento a todo momento.
Segundo o órgão regulador chinês, o SU7 pode falhar em emitir avisos com antecedência suficiente ou apresentar desempenho inadequado em cenários extremos, o que aumenta os riscos de acidentes.
Ao todo, 116.887 unidades do SU7 padrão fabricadas entre fevereiro de 2024 e agosto de 2025 estão envolvidas na ação.
A Xiaomi confirmou que a atualização será distribuída a partir desta sexta-feira (data local) e que o novo pacote de software ajusta o comportamento do sistema assistido em situações de risco.
A decisão acontece poucos dias após o governo chinês divulgar um rascunho de normas de segurança para carros com condução assistida de nível 2, previstas para entrar em vigor em 2027.
As novas regras foram impulsionadas por um acidente ocorrido em março, envolvendo justamente um SU7. Na ocasião, o veículo colidiu contra um poste de concreto a 97 km/h, pegou fogo.
A Xiaomi declarou que o sistema havia emitido alertas antes do impacto, mas a sequência de eventos — com o motorista reassumindo o controle segundos antes da colisão — levantou sérias dúvidas sobre a eficácia do sistema em situações críticas.
Embora o nível 2 de automação ainda exija a atenção constante do condutor, muitos usuários confundem a tecnologia com uma condução autônoma plena, o que amplia o risco de comportamentos negligentes.
A Xiaomi, que entrou no setor automotivo com ambição de concorrer com Tesla, NIO e BYD, agora se vê obrigada a ajustar rapidamente sua abordagem, sob pressão regulatória e risco de abalo na reputação.
Na prática, a atualização OTA deve ser simples para os donos de SU7, mas o caso ilustra como falhas de software podem ter implicações graves na segurança veicular — e como governos estão atentos para que montadoras não usem atualizações digitais como forma de camuflar defeitos ou evitar responsabilidades legais.
O mercado chinês tem se tornado referência global em veículos elétricos e conectados, mas episódios como este mostram que o avanço tecnológico precisa caminhar junto com padrões rígidos de segurança e transparência.
A Xiaomi ainda tem muito a provar no setor automotivo — e já aprendeu que, neste mercado, uma linha de código pode valer tanto quanto um airbag.
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