
A Porsche está desenhando um futuro em que ter um motor a combustão será um verdadeiro privilégio.
A nova estratégia para os 718 Boxster e Cayman deixa claro: enquanto os modelos elétricos serão a norma, as versões a gasolina se tornarão um artigo de luxo, reservado aos compradores mais endinheirados e apaixonados pelo som dos motores tradicionais.
O plano original previa que a próxima geração do 718 fosse totalmente elétrica, mas a marca voltou atrás para manter a combustão viva, ao menos nos modelos de topo.
A ideia, segundo o site da Autocar britânica, é usar um conjunto mecânico sofisticado — como o T-Hybrid do 911 Carrera GTS — que combina motor flat-six 3.6 com dois propulsores elétricos, totalizando 532 cavalos de potência.
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Esse sistema seria adaptado para o 718, mas mesmo com ajustes, continuará sendo uma solução premium.
A mudança tem duas explicações.
A primeira é regulatória: o atual motor quatro cilindros turbo já não cumpre as normas de emissões europeias, enquanto o sistema híbrido do 911 está homologado.
A segunda é financeira: ao compartilhar plataforma e componentes com o 911, a Porsche reduz custos industriais, mas transfere para o consumidor final um preço compatível com um esportivo de elite.
Hoje, o 911 Carrera GTS parte de US$ 178.250 nos Estados Unidos.

Mesmo que o conjunto seja um pouco suavizado no 718, ainda assim seu preço final deve colocar o modelo acima do patamar atual e fora do alcance da maioria dos entusiastas que buscam um esportivo “mais acessível” da marca.
Em outras palavras, ter um Porsche com motor a combustão deixará de ser um sonho relativamente possível e passará a ser um luxo.
Para complicar ainda mais, a Porsche precisa resolver um entrave europeu: o 718 foi descontinuado no continente antes do previsto por conta de novas regras de cibersegurança automotiva.
Para relançar o modelo a combustão, a marca terá que investir pesado em atualizações eletrônicas. Ainda assim, essa saída parece ser mais barata do que criar um novo motor do zero.

Na prática, isso significa que a Porsche quer separar de vez os públicos: elétricos e híbridos para o uso cotidiano de quem busca tecnologia e eficiência, e motores a combustão apenas para um nicho disposto a pagar caro pela experiência emocional.
Com isso, o ronco de um flat-six num Boxster ou Cayman se tornará um símbolo de status, algo reservado a quem pode bancar a exclusividade de um Porsche “de raiz”.
O movimento mostra que, dentro da própria Porsche, o futuro da combustão não acabou — ele só ficou mais caro.
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