Avaliação: Amarok V6 dispara em potência, cobra caro

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Bastou uma leve pressão no acelerador e a Amarok V6 arrancou com disposição incomum para um tipo de automóvel que veio ao mundo com o objetivo de carregar carga.

Ao volante da Amarok V6 Extreme, você se dá conta de que não poderia haver um nome mais apropriado para a versão. Nela, tudo é extremo. Comecemos pelo preço. Por R$ 274.150, estamos diante da picape média mais cara do Brasil . E também da mais potente.

Nenhuma chega perto dos 258 cv da nova versão. São 33 cv (ou 15%) a mais do que a anterior, que a propósito já andava uma barbaridade. Da mesma forma, o torque de 59,1 mkgf do motor 3.0 a diesel é o mais extremo da categoria. Ele é 5% superior ao da versão antiga. A Volkswagen informa que esse incremento foi obtido apenas com calibração da ECU, o que significa que nenhum parafuso foi trocado e ninguém precisou sujar as mãos.

E o que dizer da aceleração? Quando você pisa no pedal, o motor emite um agradável assobio e a picape parte com decisão, como se não estivesse puxando 2.134 kg nas costas.

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De acordo com a fabricante, ela vai de 0 a 100 km/h em apenas 7,4 segundos. É um número digno de esportivos. Quer mais números? Quando o motorista pisa fundo em retomadas entre 50 e 120 km/h, entra em ação a função overboost, que eleva a potência a 272 cv (portanto, 14 cv adicionais) por dez segundos. A máxima é limitada a 190 km/h.

Entre as picapes médias, a Amarok, que é produzida na Argentina, sempre foi a que mais se assemelhava a um carro de passeio, especialmente no painel.

Quem está acostumado a modelos da Volkswagen vai se sentir em casa na picape. Uma casa bem ampla e arejada, por sinal. O quadro de instrumentos é familiar, assim como volante, alavanca de câmbio curtinha, central multimídia, etc.

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Ao volante, o mundo é visto de cima

Ao volante, você vê o mundo de cima e quase enxerga a curvatura da terra. Como a Amarok é bem encorpada e alta, a visibilidade ali na torre de controle é perfeita. Os comandos estão bem posicionados e o volante tem borboletas para trocas manuais.

O câmbio automático de oito marchas também foi recalibrado para se adequar ao motor mais enérgico, mas continua o velho conhecido de sempre, aquele que dá gosto de encontrar de vez em quando e perguntar como vão as coisas.

Avaliação: Amarok V6 2022 é simples, potente e cara

Continua tudo bem. Ele se encarrega de fazer trocas suaves, e o sistema projeta no quadro de instrumentos a marcha selecionada, mesmo no modo automático. Em descidas, ele é astuto e faz reduções sem perda de tempo, para aumentar a atuação do freio motor e ajudar o sistema de frenagem.

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A propósito, a Amarok V6 tem discos nas quatro rodas (outra exclusividade na categoria), com 33,2 cm de diâmetro na frente e 30 cm atrás. Também passam muita segurança.

A direção hidráulica é leve e o raio de giro é muito bom para um carro de 5,25 m de comprimento e 1,94 m de largura, sem contar os espelhos. A oscilação da carroceria é pequena na frente.

Atrás, ela pula um pouco, mas nada muito grave, e dentro do previsto e aceitável em picapes. Afinal, por mais que ande como um carro compacto ágil, estamos num veículo feito originalmente para levar carga, e esse é um dos preços a pagar (além dos R$ 274 mil, claro).

Durante a avaliação, que envolveu cidade e estrada, o consumo médio registrado no computador de bordo foi de 9,2 km/l, o que pode ser considerado satisfatório diante da cavalaria.

No que diz respeito à capacidade off-road, a Amarok se defende muito bem. Além da tração 4×4 (4Motion), o modelo tem controle de descida (aplica automaticamente os freios em declives lisos, sem intervenção do motorista), diferencial com bloqueio eletrônico, ABS para off-road, etc. Os pneus 255/50 têm perfil mais para asfalto do que para terra, mas dão conta do recado, salvo em caso de lamaçal mais severo.

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O ar-condicionado digital tem duas zonas, mas não há saída independente para a parte de trás. A central multimídia completa tem câmera de ré, GPS nativo e compatibilidade com Apple CarPlay e Android Auto. Mas, apesar da tela de 8″, o monitor fica “pequeno” no imenso painel. Confesso que não tinha me atentado a isso, mas meu filho não deixou passar esse detalhe. Coisa de centennials.

Há apenas uma porta USB na frente, e nenhuma atrás. Adivinhem quem se atentou a esse detalhe. O sistema vem com entrada de cartões SD, algo que ninguém usa.

A propósito, ainda no tema falta de proporção, o porta-luvas também é muito pequeno diante daquela imensidão de painel. O manual que acompanhou o carro de avaliação tomava quase todo o exíguo espaço ali. Meu filho não reparou nesse detalhe. Eu, sim. Coisa de baby boomer, para não dizer velho.

Quanto à qualidade sonora, não houve conflito de gerações. De tão boa, achei que havia mais do que o quarteto de alto-falantes e a dupla de tweeters. Eles dão conta do recado com muita competência.

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Os bancos são revestidos parcialmente de couro e têm bom aspecto visual, com frisos transversais. Eles acomodam bem o corpo, e há ajustes elétricos nos dois da frente. Isso tanto na versão Extreme como na Highline (R$ 260.150), que também tem motor V6.

Os faróis bixenon com LEDs de condução diurna também são de série em ambas as versões. Além deles, a picape dispõe de iluminação de curva. Nesse caso, o efeito é obtido com acendimento da luz de neblina (veja também Como ficar acordado, não dormir ao volante), de acordo com o movimento do volante. Outros equipamentos comuns são os sensores de estacionamento na frente e atrás. Por outro lado, só a Extreme tem rodas de 20″, além do santantônio largo, que traz a inscrição da versão.

Por fora, há ainda outras atrações. Suas linhas retas reforçam o estilo encorpado. E as caixas de rodas têm molduras bem largas, que a deixam mais parruda ainda.

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O modelo avaliado veio com o pacote visual Black Style, disponível na versão Extreme, por R$ 2.010. Além da carroceria preta (a cor se chama Mystic Black), ele traz acabamento negro também nas rodas, grade, capa de espelhos, para-choque traseiro e estribos, por exemplo. A propósito, continuo achando que estribos planos, em vez dos tubulares, como os da Amarok, são mais práticos e seguros, porque acomodam melhor os pés.

Outra boa surpresa é que as portas permanecem abertas mesmo quando a picape para em subidas íngremes. Isso facilita muito entrar e sair do carro, sem o risco de tomar uma portada.

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Modelo fica devendo em tecnologia

Embora encante pelo nível de conforto, a Volkswagen ainda fica devendo alguns agrados para alguém disposto a desembolsar quase R$ 300 mil em uma picape. Para começar, não há chave presencial. Para destravar a porta, você tem de apertar o botão na chave, e para acordar o motorzão é preciso virá-la no miolo de ignição, como em qualquer Gol.

Além disso, tecnologias como frenagem automática, controle de velocidade adaptativo, assistente de farol alto e sistema de manutenção em faixa passaram longe da picape da Volks, embora estejam na Ranger, a mais tecnológica entre as picapes médias (e nem por isso a mais cara).

A propósito, a versão mais cara da Ford, Limited, ainda vem com sete airbags (quatro na Amarok) e faróis full-LEDs (mais eficientes e econômicos que os de xenon). Mesmo assim, ela custa R$ 255.990, quase R$ 20 mil abaixo da Amarok. Mas, claro, o motor 3.2 de cinco cilindros tem “apenas” 200 cv, ou 58 cv a menos.

São coisas a serem pesadas pelo comprador, além de outros aspectos, como pós-venda e garantia. A Volkswagen oferece três anos, contra cinco da Ford.

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Amarok ganha na aceleração mas perde nas vendas

Pelos números de emplacamentos da Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias, a Ford está levando a melhor.

Este ano, a Ranger está na vice-liderança de vendas, atrás apenas da Toyota Hilux. São 5.619 unidades acumuladas no primeiro trimestre, contra apenas 385 da Amarok. A queda de vendas vertiginosa da picape da Volks pode ser um reflexo da decisão da empresa de enxugar a linha da Amarok.

Atualmente, ela é oferecida em apenas três versões. Além das duas com motor 3.0 V6, há somente mais uma (Comfortline), com motor 2.0 turbo, todas com cabine dupla e motor a diesel.

O curioso é que a Amarok costumava aparecer normalmente na terceira ou quarta posição do ranking, alternando com a própria Ranger. Mas agora já foi ultrapassada também pela Nissan Frontier e Mitsubishi L200. Com isso, ela é a sexta colocada do segmento.

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Ah, sim, ela tem caçamba!

Não sei se alguém paga R$ 274 mil em um automóvel pensando em carregar coisas na caçamba, mas, em todo caso, ela está lá, para qualquer eventualidade.

A Amarok V6 Extreme oferece capota marítima (opcional de R$ 1.250) e protetor de caçamba, para proteger o rico compartimento de carga de qualquer arranhão. A tampa tem um eficiente sistema de alívio de peso, facilitando abertura e fechamento.

E há também iluminação, que só funciona com o motor desligado. De acordo com a Volkswagen, a capacidade volumétrica chega a 1.280 kg.

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Ficha técnica

Volkswagen Amarok V6 Extreme
Preço: R$ 274.150
Motor: 3.0, V6, 24 válvulas, turbodiesel
Potência (cv): 258, de 3.250 a 4.00 rpm
Torque (mkgf): 59,1, de 1.400 a 3.000 rpm
Câmbio: automático, 8 marchas
Tração: 4×4
Direção: hidráulica
Suspensão dianteira: independente, duplo triângulo, molas helicoidais e barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo rígido, feixe de molas
Comprimento: 5,25 m
Largura: 1,94 m (sem espelhos)
Altura: 1,83 m
Entre-eixos: 3,10 m
Caçamba: 1.280 litros
Pneus/rodas: 255/50 R20
Peso: 2.134 kg
Carga útil: 1.156 kg
Tanque: 80 litros
Freios: discos ventilados na frente (33 cm) e simples atrás (30 cm)
0 a 100 km/h: 7,4 s
Máxima: 190 km/h

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X