A Volkswagen focou no desenvolvimento nacional para apresentar seu mais novo SUV compacto: o Tera.
Fruto de um projeto conduzido em São Bernardo do Campo, o modelo chega ao mercado brasileiro com a responsabilidade de suceder ícones da marca, como Gol e Fusca, mirando em um lugar cativo entre os veículos mais vendidos do país.
Com visual moderno, conteúdo tecnológico e preços ditos agressivos, o Tera promete disputar espaço com os principais concorrentes do segmento, como Renault Kardian, Fiat Pulse e Citroën Basalt.
Nossos dias avaliando o Volkswagen Tera foram surpreendentes, dado o tom negativo que ficou depois de nosso teste do T-Cross Comfortline no começo do ano, que incomodou demais com seu pedal de acelerador que estava quase na UTI.
Ao pegarmos o Tera, a primeira impressão que é imediata, é a relação de seu visual com os modelos mais modernos da Volkswagen, lançados lá nos exterior, como por exemplo o Tiguan do mercado norte-americano.
Ao mesmo tempo, quem entende um pouquinho mais de carro nota que sua carroceria foi bastante inchada, para deixar suas medidas mais chamativas aos olhos, pelo fato de que ele usa a mesma plataforma do Polo.
Interior moderno, interessante, e com alguns defeitos pontuais
Entro no carrinho, graças à chave presencial que tem um uso bem prático, graças aos botões localizados nas portas dianteiras, para travar e destravar as mesmas.
Neste momento incomodou um pouco o puxador das portas dianteiras, que junta em uma coisa só os comandos dos vidros elétricos com o local onde você coloca a mão para fechar a porta. Uma economia que não precisava ser tão forte.
Mas o visual do interior do Volkswagen Tera é bem interessante. Por ser bem mais moderno do que Polo, Nivus, T-Cross, e etc., ele agrada mais, mesmo sendo mais simples do que os dois últimos modelos citados, pelo seu preço inferior.
E aí já começamos a ver que a Volkswagen é expert em entregar o que o consumidor brasileiro espera, naquele momento do mercado.
O Tera tem uma fina e discreta linha de LED no painel, algo baratíssimo de se produzir, mas que traz uma impressão de requinte, em um segmento que geralmente não tem isso.
O padrão de desenho do material que imita couro, tanto do painel quanto das portas dianteiras não agradou tanto, poderia ser mais bonito.
Mas o painel digital que todo mundo quer, está lá.
Central multimídia excelente
E a grande central multimídia também, que aliás, funcionou muito bem.
Não tentei faze-la funcionar sem fio, apenas usei a conexão por cabo, e notei o início de funcionamento muito mais rápido do que em outros carros que testamos nos últimos meses.
Também não tivemos problemas de queda na conexão, nem aqueles momentos onde o Waze acha que o carro está parado e você fica desesperado pra saber se deve virar para a esquerda ou direita.
A ergonomia do console central é muito boa.
Você deixa a chave do carro no nicho logo à frente da alavanca do câmbio, e no espaço mais à frente, pode deixar um celular carregando por indução no lado esquerdo, e no lado direito pode deixar repousando o celular que está conectado na porta USB-C (ali tem inclusive duas dessas portas).
Ninguém testou os bancos dianteiros, não?
Achei o banco do motorista razoável, com boas abas laterais para segurar o corpo, mas com uma falha grave no apoio lombar. O problema não é apenas que ele não tem apoio lombar, mas que o banco é mais afundado naquela área.
O apoio de braço do banco do motorista também é muito ruim. Não sei se o problema é ele ou o posicionamento do freio de mão e do fechamento do cinto de segurança.
As três coisas ficam ali amontoadas uma em cima da outra, e o que acabou acontecendo é que joguei o apoio de braço para trás, e não o usei mais, pelo restante da semana de avaliação.
Ali perto, temos o porta-objetos / porta-copos ao lado do freio de mão, que tem umas divisórias bem fraquinhas, que poderiam ter um visual mais elaborado.
O sistema de ar-condicionado é aquele já conhecido da marca, com controles sensíveis ao toque.
Não é a melhor opção, mas é o mais prático que um sistema assim consegue ser. Os toques dos dedos são rapidamente detectados e não notamos maiores problemas.
Faltou uma tampinha plástica nas portas traseiras
No banco traseiro, eu, que tenho 1,82 metro de altura, não consegui ficar sentado totalmente ereto, com comforto, pois minha cabeça já estava tentando mandar o forro do teto para o espaço.
Gostei das duas luzes de leitura existentes atrás, é uma grata surpresa. Mas, se você planeja transportar alguma pessoa com mais do que 1,78 de altura atrás, saiba que vai ser complicado.
Não é possível usar o Tera com uma pessoa de 1,80 de altura dirigindo e outra com a mesma estatura atrás, o que é normal do segmento destes SUVs beeem compactos.
As portas traseiras tem uma área em chapa que causam aquelas reações, tipo: “Será que ninguém reparou nisso antes de lançar o carro?”
Aqui vai uma foto para você entender melhor do que estou falando.
Um carro gostoso de dirigir
Podemos falar que o Tera é um carro tipicamente Volkswagen, mas creio que essa fala não explica totalmente como ele é.
Senti que tem algo a mais, alguns aperfeiçoamentos que não cativam somente aqueles que são defensores ferrenhos da marca, mas também pessoas neutras que enxergam os pontos positivos e negativos de cada marca.
Pode ter sido o excelente nível de ruído interno, com absolutamente nenhum barulho, nem de acabamento interno, nem de suspensão.
Pode ter sido também o conjunto mecânico, com câmbio automático de seis marchas, que apesar de ter apenas 116 cavalos e 16,8 kgfm de torque, se mostrou totalmente adequado para uso dentro da cidade.
Também gostei da suspensão, que, apesar de ainda ser exatamente o que é uma suspensão Volkswagen, ficou um pouco mais macia e agradável a quem também preza o conforto, junto com “o carro na mão”.
Na parte de segurança, o Tera entrega seis airbags, controles de tração e estabilidade, frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, alerta de saída de faixa, detector de fadiga e controle de cruzeiro adaptativo nas versões mais completas.
O modelo ainda se destaca por ser o único da categoria com freio a disco nas quatro rodas, garantindo frenagens mais curtas e seguras.
Consumo mediano mas com bom potencial de melhora
Se você quer ficar brincando de fazer teste de 0-100 km/h entre um semáforo e outro, é melhor escolher outro carro para comprar, mas se você é bem tranquilo na condução, o Tera é mais do que o suficiente.
Tivemos um consumo de 9,5 km/l de gasolina, mas que com certeza irá melhorar um pouco assim que o carro sair dos atuais 1.400 km que marca o hodômetro.
Em testes com os modelos concorrentes, conseguimos 9,4 km/l com o Pulse Hybrid e 11,1 km/l com o Kardian Premiere, mas eles eram carros com cerca de 5.000 ou 6.000 km rodados, já um pouco menos gastões do que com 1.500 km.
Não conseguimos os 11 ou 12 km/l que algumas revistas automotivas alcançaram, mas também, nós não estamos em SP capital, com avenidas muito extensas que favorecem um consumo melhor.
Marca favorita e preço abaixo da concorrência – uma combinação forte
O Tera chega ao mercado com uma combinação que vai levar a vendas muito fortes, que é uma marca das mais favoritas dos consumidores, com um preço inferior aos concorrentes.
Isso acontece pelo menos neste primeiro momento, onde o Tera High está saindo R$ 139.990, enquanto Pulse Impetus está custando R$ 146.990 e o Kardian Premiere está saindo por R$ 145.990.
(E eu achando R$ 140 mil, dinheiro demais por um Tera…)
Vamos ver o que vai acontecer nas próximas semanas e meses, onde pode ser que a VW comece com aqueles aumentinhos marotos que só as montadoras brasileiras oferecem, especialmente para seus queridos clientes.
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