O Fiat Argo 2023 se tornou uma das opções mais baratas com transmissão automática e hoje é um player forte no mercado de carros compactos de acesso, mesmo na versão Trekking CVT.

Na linha 2023, assim como outros carros da marca, o Argo CVT recebeu uma nova calibração do Proconve L7, que reduziu potência e torque, mas a Fiat deu um jeito de inverter a coisa.

Com novo ajuste no CVT, o Argo Trekking 2023 muda a pegada para manter-se como uma opção de primeira, quando se trata de hatch automático até R$ 100 mil.

Custando R$ 92.990, no preço pré-carro popular, o Argo Trekking CVT usa o Firefly 1.3 de até 107 cavalos e vem com um pacote interessante de itens de conforto e segurança.

Vale?

Índice

Por fora…

O Argo Trekking CVT 2023 segue o layout da última atualização do hatch, com grade estilizada preta, com logo escuro da Fiat, além da bandeira com as cores da Itália.

Nos faróis, luzes diurnas em LED, enquanto o para-choque com spoiler e faróis de neblina, numa moldura preta, se encaixa na proposta da versão, assim como as saias laterais.

Tendo ainda molduras pretas nas saias de rodas, e barras no teto preto brilhante, que combinam com os retrovisores com repetidores de direção, o Argo Trekking tem traseira com ponteira esportiva ao lado de difusor de ar.

Defletor de ar traseiro em preto, além de faixas decorativas nas laterais, tampa e capô reforçam a proposta, assim como a suspensão elevada e os pneus de uso misto em rodas exclusivas.

Por dentro…

No interior, o Argo Trekking apresenta um ambiente escuro, com bancos em couro preto e costuras douradas, além de colunas e teto em preto. Mesmo as maçanetas das portas são nesse tom.

Simples, o ambiente mescla itens mais premium, como o ar condicionado automático, enquanto a multimídia Uconnect tem tela de apenas 7 polegadas.

Os difusores de ar cromados destoam da proposta, diferente do cluster analógico com display digital e do volante multifuncional em couro. Os encostos dianteiros com “Trekking” bordado são um diferencial.

Tendo duas entradas USB e Bluetooth, o modelo se destaca pela projeção sem fio para Android Auto e CarPlay, algo bem útil quando os cabos USB já estão desgastados pelo uso.

Com câmera de ré e seu sensor de estacionamento, o conjunto de mídia é suficiente para os tempos atuais, enquanto o volante porta ainda o modo Sport e o piloto automático, útil em viagens.

O espaço interno é mediano e o acabamento plastificado não é surpresa, enquanto o porta-malas de 300 litros segue suficiente para a missão do Fiat Argo.

Por ruas e estradas…

O Fiat Argo Trekking 2023 tem um conjunto mecânico nivelado para a mudança de proposta do hatch ítalo-brasileiro, uma vez que essa versão já teve o não admirado E.torQ 1.8 no passado.

Com foco em economia, o Firefly 1.3 8V foi obrigado a seguir o Proconve L7 e isso reduziu sua força, começando com 98 cavalos na gasolina e 107 cavalos no etanol, ambos a 6.250 rpm.

Já os torques foram para 13,2 kgfm no derivado de petróleo e 13,7 kgfm no combustível vegetal, obtidos em 4.000 rpm. Antes, chegava a 109 cavalos e 14,2 kgfm no álcool, por exemplo.

Para compensar essa perda, a Fiat recorreu a uma mudança na calibração do câmbio CVT que deixou a resposta ao acelerador muito maior que o anterior, dando assim um “Sprint” otimista.

Logo de cara, mesmo com gasolina, o Firefly 1.3 e seu CVT respondem prontamente nas saídas, num ritmo mais acelerado que o anteriormente visto e numa pegada animadora.

Mesmo considerando-se a potência menor e o deslizamento conhecido de um CVT, o conjunto foi moldado para ter saídas realmente melhores, que refutam a ideia de que ele sairá lento.

Na pisada, o Argo arranca com vigor melhor que o antigo 1.8 automático, pelo menos essa é a sensação inicial, subindo de giro rápido e desenvolvendo como não se espera desse conjunto.

Obviamente, para o dia a dia nas cidades, a nova calibração é bem satisfatória e não deixa a desejar, nem pela perda de potência ou pela presença de um CVT, dificilmente exigindo trocas manuais.

Elas estão lá para quem buscar algo mais no desempenho, como subidas estupidamente elevadas ou numa condição de carro cheio com rampas assustadoras, mas ainda tem um extra.

Com o modo Sport acionado, o Firefly altera seu ritmo e adiciona mais ânimo ao conjunto e isso torna a coisa mais animada, apesar dos giros acima dos 4.000 rpm e por aí vai…

Se o objetivo é andar mais rápido, então, não tem o que reclamar nesse aspecto, mas naturalmente tudo tem seu limite e mesmo os 1.000 rpm extras do modo Sport não te ajudam.

Na estrada, isso fica bem evidente, quando a progressão até velocidades mais elevadas se faz lenta e lembra o motorista que ali tem um 1.3 com menos de 100 cavalos e um CVT.

Ultrapassagens e retomadas exigem giros elevados para cumprir a missão e se o carro estiver cheio, alguma paciência. Não dá para fazer mágica. Se a saída é rápida, lá na frente haverá perda.

Ainda assim, tudo isso não é surpresa alguma se considerarmos os números e não decepcionará, afinal, está muito distante daquilo que a Stellantis anda oferecendo nos primos franceses do Argo.

Considerando isso, os números são apenas números quando a calibração faz toda a diferença, que o diga o Peugeot 208 Style com seus 71 cavalos…

Na estrada, o Argo roda bem aos 2.300 rpm a 110 km/h, mas em subidas de serra com carro cheio, exige giros acima de 3.000 rpm e bem mais se o trânsito trancar.

Vale até usar as trocas na alavanca, lembrando que ele não tem paddle shifts, mas não se sente falta deles, já que a proposta nem é esportiva para isso e poucos andam usando eles.

Econômico, o conjunto se mostrou bom nesse aspecto, com 13,1 km/l de gasolina na cidade e 16,1 km/l na estrada, garantindo boa autonomia para quem quer fugir do etanol.

As sete marchas simuladas ajudam a manter o ritmo de giro baixo na cidade, ajudando tanto quanto na estrada, que mantém uma rotação adequada, indicando que o motor está bem acertado.

No dia a dia, o Argo Trekking exibe boa dirigibilidade, com uma direção elétrica leve demais, que poderia ter uma pegada mais firme e um ajuste de profundidade.

Já os freios estão em dia com as prestações da segurança, enquanto a suspensão mais elevada ajuda a escapar de valetas, rampas e as temidas lombadas, mesmo as irresponsáveis.

O conjunto filtra bem para sua proposta e garante boa estabilidade, num ajuste já esperado no Argo Trekking, cujo rodar só incomoda pelo ruído maior dos pneus 205/60 R15 de uso misto.

Na terra, contudo, garante mais diversão e segurança para quem realmente precisa andar em vias sem pavimento, mas isso não garante um fora de estrada purista como a versão tenta infundir.

Com controle de cruzeiro, além de controles de tração e estabilidade, mais um assistente de rampa, o Argo Trekking traz o suficiente para atender o consumidor nessa faixa de preço.

Faltaram, é claro, mais airbags, já que são somente dois, cumprindo assim a tabela legal com os freios ABS, o que é uma pena, quando existem rivais com seis bolsas infláveis.

Por você…

O Fiat Argo Trekking CVT 2023 é um dos carros que entraram no desconto do governo com R$ 5.000 de abatimento. Talvez você ainda encontre algum perdido numa revenda por R$ 92.990.

Antes, ele custava R$ 97.990 e pelo conjunto, está na média do mercado, já que o Onix 1.0 Turbo AT sai por R$ 93.240 e tem menos itens que o Fiat.

Já o Polo TSI Comfortline sai por R$ 102.500, mas já com outra pegada, embora seja bom consultar o Polo TSI AT, que estava fora da lista da VW.

O HB20 Comfort 1.0 TGDI AT é outro rival, mas com preço reduzido de R$ 98.590. Lembra do que falamos dos primos franceses, leve isso ao pé da letra com o Peugeot 208 1.6 AT de R$ 88.190 a R$ 92.990.

O C3 Feel Pack 1.6 AT é outro com preço de R$ 93.790. Assim, com todas as opções acima, parece um caminho difícil para o Argo Trekking, mas acredite, não é… Vale? Se não quiser surpresas…