O mercado de picapes no Brasil viu chegar um produto fora da curva e este é a BYD Shark, que tem a pretensão de ocupar um espaço do segmento adorado pelo agronegócio, mas com fãs bem urbanos.
Para estes, a Shark parece bem melhor por suas características únicas, sendo ela uma picape híbrida plug-in com motorização fora da curva e muita força para lidar com algumas situações.
Com seus 437 cavalos combinados, a Shark quer mostrar como será o futuro das picapes diante da vitória das políticas ambientais, entregando com isso também tecnologia.
Aqui, por R$ 379.800, são frequentemente oferecidos com desconto de R$ 40.000 para deixar a Shark no mesmo patamar das versões tops das picapes médias movidas a diesel. Será uma delas?
Parece americana
Pelo menos visualmente, a BYD Shark segue a trilha de picapes famosas, no caso, a inspiração na Ford F-150 é nítida e isso não é ruim, afinal, se apoia num produto acima.
Todavia, o destaque mesmo fica para o tamanho da cabine, que mesmo de fora, passa a impressão (real) de um ambiente mais generoso em seu interior.
A caçamba de carga, com seus 1.200 litros e tampa de abertura automática (para descer) com degrau retrátil e tomadas de força, poderia ter capota marítima de série. Pelo menos o acesso é bom.
Já as rodas de liga leve aro 18 polegadas com pneus 265/65 R18 são de design aceitável e de tamanho ideal para uma picape média de 5,457 m de comprimento e 3,260 m de entre eixos.
Dentro, o ambiente da Shark é um tanto carregado no frontal e lembra mais um SUV, tendo uma profusão exagerada de controles junto à alavanca de transmissão.
As costuras em vermelho sugerem uma picape esportiva, mas isso não corresponde ao visual exterior. As duas telas de cluster e multimídia (giratória) estão em dia com a proposta do carro.
Já o HUD colorido é um extra interessante, assim como o volante com os modos de condução e terreno na base reta. Faltou o comando de giro da tela central na direção.
Os bancos, como na maioria dos carros da BYD, agradam. Na frente, ajustes elétricos, ventilação e aquecimento ajudam muito. Pena não ter memória.
Com carregamento indutivo, NFC e entradas USB, a Shark conecta o que quisermos, tendo ainda um ambiente com iluminação ajustável e visibilidade externa boa. A climatização tem filtro especial e ionização.
Já o espaço é mais generoso que qualquer das picapes médias de chassi oferecidas no Brasil, sendo assim a Shark mais próxima das grandes e de SUVs, denotado até por seu comportamento.
Propulsor decorativo
A BYD Shark não vai agradar aos picapeiro raiz e a começar pelo motor a combustão, um singelo 1.5 Turbo de 1.497 cm³ com injeção direta, montado num corpo enorme.
Ele entrega bons 183 cavalos a 6.000 rpm e 26,5 kgfm a 4.500 rpm. Mais gerador que impulsionador, esse motor trabalha com uma caixa de transmissão direta de uma velocidade.
Com ele, dois motores elétricos, sendo o dianteiro com estranhamente 231 cavalos e 31,6 kgfm, enquanto o traseiro entrega 204 cavalos e 34,7 kgfm.
Aí temos uma inversão de potências e torques, com mais cavalos na frente e mais força atrás. No total, são 437 cavalos e 65 kgfm, números excelentes para qualquer picape, mesmo grande.
Com tração nas quatro rodas sob demanda, a Shark tem ainda uma bateria de 29,6 kWh, suficientes para 96 km no modo elétrico, dependendo das condições.
Em uma hora em tomada aterrada de 220V, a bateria absorve o suficiente para 12 km ou 11% da carga.
Indo de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos, ela arranca bem, mas os 160 km/h não agradarão ao cliente tradicional de picapes médias de chassi e essa é uma delas, embora sem motor diesel.
Usando sempre a energia primeiro e depois o 1.5 Turbo a gasolina, a BYD Shark consegue patinar mesmo em movimento, mostrando o poder da eletricidade diretamente nas rodas.
Saindo como um SUV esportivo, a picape da BYD tem uma transição suave com o motor entrando, garantindo conforto ao dirigir.
Com toda essa carga de cavalaria direta, ela desliza na cidade e navega bem na estrada, não se importando com ultrapassagens, retomadas em aclives e nem serras altas.
Os modos Eco, Normal e Sport garantem ótimas respostas, enquanto os modos Mountain, Snowfield, Sand Land e Muddy Land ajustam o torque individualmente para melhor tração nestes ambientes do fora de estrada.
Cada modo é ilustrado no painel e o comportamento da picape muda, assim como o uso dos motores. Pode-se, no dia a dia, usar somente a energia e com pouco mais de 30 km na estrada, além de quase 50 km no uso urbano.
Tendo recarga externa, a eficiência da Shark é bem melhor que seus préstimos de consumo normalmente, já que seus 2.710 kg cobram por isso, com uma bateria pequena e um tanque ainda menor, de 57 litros.
Na cidade, usando o modo híbrido, ficamos em 9,6 km/l, o que está de bom tamanho. Já na estrada, sendo híbrida, não esperamos mesmo bons valores.
Assim, a 80 km/h, ficamos em 12,1 km/l, enquanto a 100 km/h ela marcou 10,4 km/l e finalmente a 120 km/h, em 9,1 km/l. Já no modo elétrico, o consumo é de 6,25 km/kWh na cidade.
Na rodovia, 4,54 km/kWh a 80 km/h, 4,20 km/kWh a 100 km/h e 3,80 km/kWh a 120 km/h. Em estrada, a energia sempre vai embora mais rápido…
Mas, o que não passa é o conforto a bordo, com direção agradável, freios condizentes e suspensão com ótima altura, mas macia demais na frente, pulando muito em pisos ondulados.
A BYD poderia deixar o conjunto frontal mais firme, tal como o traseiro, com suspensão multilink como um SUV. Por isso, pelas dimensões e ajuste, a Shark lembra muito um carro de passeio.
O comportamento dinâmico é semelhante ao de um SUV e sem saídas exageradas de traseira como numa picape tradicional, sendo bem estável em curvas, mas com certa tendência de sair de frente.
Isso nos lembrou a versão mexicana da atual Nissan Frontier, mas a Shark é um pouco mais neutra. Passando bem por pavimentos ruins, desde que não haja muitas ondulações, a picape chinesa vai bem.
Ela tem pacote ADAS completo e atuante, assim como um bom monitoramento em 360 graus que ajuda nas manobras. O acesso ao carro é bom, com estribos realmente funcionais.
Já o nível de ruído é igualmente satisfatório, mesmo com o motor 1.5 Turbo entrando. Com um tanque maior, pelo menos, a BYD Shark iria longe o suficiente para agradar à clientela desse tipo de veículo.
Vale o desconto
Desconto é bom, realmente, sendo o valor de R$ 339.800 mais realista que os R$ 380 mil pedidos na tabela. Motivo? Vários… Gasolina, 1.5 Turbo, eletricidade, características de SUV, etc.
Como já dissemos, pode não agradar ao cara da roça, mas quem vive na cidade e tem uma aspiração por um carro maior, a BYD Shark é uma das opções. Tem desempenho e é, de certa forma, eficiente.
Tem espaço maior, mais conectividade e conta com uma presença que reforça o desejo de quem quer algo do mundo rural, mas com os pés bem no chão do asfalto.
Por suas características, não tem rival no mercado, tornando-se assim uma opção fora da curva até que outras chinesas desembarquem. Picapes diesel? Elas são o que são e pronto.
Já a BYD Shark pode ter um futuro promissor por aqui, especialmente se for nacional e com motor flex. Ok, meter etanol não é nada agradável, mas se lá em cima “solicitam” e o mercado aceita, então, por que não?
BYD Shark GS 2025 – Galeria de fotos
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