O Citroën C4 Cactus surgiu no mercado como um bom exemplo do que o segmento de utilitários esportivos está demandando por aqui. Suas vendas saltaram rapidamente, e desde agosto o crossover já emplacou mais de mil unidades.
Com uma proposta de SUV, o C4 Cactus 2024 é mais um crossover com alguma capacidade no fora de estrada, especialmente por causa de seu sistema Grip Control, que confere um desempenho melhor quando não em asfalto.
Mas, além disso, o C4 Cactus traz também mais estilo, desempenho e segurança para a marca francesa, que nos últimos anos estagnou por aqui, sem grandes novidades e com o mesmo portfólio envelhecido. Com o C4 Lounge atualizado, a Citroën quer voltar a brilhar.
Mas, o fiel da balança realmente é o C4 Cactus, que tem potencial de vendas maior e uma faixa de preço mais ampla, indo desde R$ 68.990 até R$ 98.990. O crossover tem bons atributos para vender bem, mas ainda precisa de alguns ajustes para ser realmente interessante.
Índice
Por fora….
No estilo, o Citroën C4 Cactus Shine aposta num layout semelhante ao do C4 Picasso, com repetidores de direção e assinatura em LED em posição superior, com o conjunto ótico mais abaixo, integrado ao para-choque. Este vem ainda com apliques em branco para destacá-lo.
Na traseira, o crossover aposta em lanternas duplas cortadas pela tampa, que é rasa em abertura, limitando o vão de acesso ao bagageiro. O teto reto com barras estilizadas chama atenção, assim como os Airbumps na base das portas. As rodas aro 17 tem aspecto esportivo e agradam.
Por dentro….
O ambiente do C4 Cactus Shine Pack é agradável. O conjunto do painel aposta na horizontalidade com seus difusores de ar grandes e mescla de revestimentos, que inclui tecido. O quadro de instrumentos digital é simples, mas de boa aparência e funcionalidade.
O volante multifuncional tem um bom aspecto e pegada, mas o controle de cruzeiro (com limitador de velocidade) fica na coluna de direção, o que é ruim em ergonomia. Ao centro, a multimídia do C4 Cactus Shine é intuitiva e aposta bem na dupla Android Auto e Car Play.
O recurso da câmera de ré é outro ponto positivo para o dispositivo, que também conecta facilmente o smartphone via Bluetooth, mas conta apenas com uma entrada USB. O ar-condicionado automático também é controlado pelo display da multimídia.
O botão de partida e a entrada sem o uso da chave ampliam conforto e segurança, mas os mimos poderiam ser maiores, como ar dual zone ou retrovisores com rebatimento elétrico. O porta-luvas tem espaço mediano para o dia a dia.
Os bancos têm forração atraente e bom aspecto, mas não seguram o corpo tão bem quanto se espera. O acabamento geral poderia ter menos plásticos duros, apesar da boa textura e aparência dos mesmos. O espaço geral é bom, assim como a altura interna.
Quem vai atrás não pode reclamar de pernas apertadas, mas o espaço poderia contar com difusores de ar traseiros, ampliando o conforto.
O encosto do assento tem inclinação razoável, mas é pouco envolvente. Sim, sente-se a falta de um teto solar normal ou panorâmico, quando se considera o preço pago.
O porta-malas é bem pequeno, como de um hatch compacto, mas para pretensões de uma família pequena, acaba não fazendo feio.
Só o acesso poderia ser mais amplo.
Por ruas e estradas….
O Citroën C4 Cactus Shine Pack THP se beneficia de um bom conjunto motriz, centrado no propulsor 1.6 THP Flex que entrega aos 6.000 rpm seus 166 cavalos na gasolina e 173 cavalos no etanol. Com torque suficiente, ele despeja 24,5 kgfm nas rodas dianteiras até 1.400 rpm.
Dessa forma, o C4 Cactus tem resposta pronta para qualquer solicitação do condutor, mesmo que a calibração do câmbio tenha focado na economia de combustível e não na performance.
O câmbio automático de seis marchas tenta funcionar mais como um CVT no dia a dia, buscando eficiência, utilizando sempre uma rotação baixa e usando trocas suaves para ampliar o conforto.
Mas é aquilo, quando se trabalha com o THP, o câmbio não pode suprimir toda a capacidade do motor. O 1.6 turbinado rapidamente alcança 5.000 ou 6.000 rpm sem muito esforço e pode tornar a tocada do crossover bem empolgante.
Segundo a Citroën, ele vai de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos e tem máxima de 212 km/h.
Nem é preciso se utilizar do modo Sport. No Eco, parte da força vai embora, mas acredite, ainda é muito superior a maioria dos 2.0 existentes por aí.
O modo sequencial na alavanca é dispensável e como a proposta não é esportiva, paddle shifts seriam apenas decorativos.
Entretanto, com 1.214 kg, o C4 Cactus não oferece muita resistência ao THP que, com a ajuda do câmbio, cumpre bem sua função desde 1.500 rpm.
Na rodovia, o ponteiro bate 2.000 rpm a 110 km/h e é o suficiente para um consumo de 14,3 km/l com gasolina. Na cidade, a frugalidade impressiona com bons 11,9 km/l.
Este compacto de apenas 4,17 metros chega a ter mais motor do que realmente precisa e isso fica evidente na performance citada acima, mas poderia ser ainda mais econômico com um 1.2 Puretech Turbo de 136 cavalos, por exemplo, sem perder o pique.
Rodando no dia a dia, tudo isso não faz muita diferença, exceto pela esperteza sempre presente nas saídas e a manutenção do giro baixo, mas é na estrada que fica evidente o poder maior do Cactus Shine.
Ultrapassagens e retomadas são feitas sem delongas, mas nas curvas nota-se que o ajuste da suspensão é que deveria igualar o conjunto motriz.
O C4 Cactus é realmente muito macio e é fácil fazer o controle de estabilidade atuar em curvas sinuosas ou desvios rápidos, mesmo com rodas aro 17 e pneus 205/55 R17.
Porém, se é assim em velocidade, sobre asfalto ruim e buracos, o crossover assimila bem o que está enfrentando e filtra boa parte das irregularidades. Na terra, ele pula um pouco mais, mas pelo menos não bate seco nos buracos.
Os freios atuam bem e a direção é muito leve, até poderia ser mais firme para dar mais sensação de controle em alta.
No caso do Grip Control, o uso no dia a dia será quase nulo, exceto se seu caminho for geralmente enlameado ou com muita areia.
Para o cliente-alvo desse produto, chega a ser dispensável, como no Peugeot 2008.
Enfim, está lá para ser usado quando precisar. Já no conforto geral, ainda incomoda o que notamos anteriormente no test-drive de lançamento: o nível de ruído.
Embora o motor 1.6 THP não seja um propulsor barulhento, o sistema de escape poderia ter recebido mais atenção, assim como o isolamento traseiro, visto que basta o câmbio colocar uma marcha mais alta, buscando economia, para que uma reverberação se faça presente no habitáculo. Não é legal.
Por você….
O Citroën C4 Cactus Shine tem um “Pack” adicional no topo de linha, que inclui alerta de colisão e frenagem automática de emergência, bem como indicador de fadiga e alerta de atenção.
O alerta de invasão de faixa é visual e sonoro, mas não corrige a direção.
Da mesma forma, o controle de cruzeiro não é adaptativo, o que bem poderia ser, dado o conjunto de segurança apresentado, que ainda adiciona airbags laterais e de cortina. Fora isso e algumas ausências que sentimos por ser este um Citroën topo de linha, o restante é aceitável.
O que assusta é o preço de R$ 98.990, que a Citroën defende por causa do “Pack” de segurança. Infelizmente a marca parisiense segue o fluxo do mercado de SUVs compactos, que simplesmente descambou para atingir preços que hoje já alcançam (e logo vão passar dos) R$ 110 mil.
Com um estilo que pode ser mais chamativo com a interessante paleta de cores e a combinação bi-tom (que pode chegar a R$ 2.090!), o Citroën C4 Cactus não é exagerado e, apesar do motor, não tem pretensões muito além de sua proposta.
Vale um test drive e uma olhada na concorrência.
Medidas e números….
Ficha Técnica do Citroën C4 Cactus Shine Pack THP 2019
Motor/Transmissão
Número de cilindros – 4 em linha, turbo, flex
Cilindrada – 1.598 cm³
Potência – 166/173 cv a 6.000 rpm (gasolina/etanol)
Torque – 24,5 kgfm a 1.400 rpm (gasolina/etanol)
Transmissão – Automática com mudanças manuais na alavanca
Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – 7,3 segundos (etanol)
Velocidade máxima – 212 km/h (etanol)
Rotação a 110 km/h – 2.000 rpm
Consumo urbano – 11,9 km/litro (gasolina)
Consumo rodoviário – 14,3 km/litro (gasolina)
Suspensão/Direção
Dianteira – McPherson/Traseira – Eixo de torção
Elétrica
Freios
Discos dianteiros e traseiros com ABS e EDB
Rodas/Pneus
Liga leve aro 17 com pneus 205/55 R17
Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 4.170 mm
Largura – 1.714 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.563 mm
Entre eixos – 2.600 mm
Peso em ordem de marcha – 1.214 kg
Tanque – 55 litros
Porta-malas – 320 litros
Preço: R$ 98.990 (versão avaliada)
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