Avaliação completa do Chevrolet Camaro SS V8

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Os raros esportivos à venda no mercado brasileiro têm a mesma função mercadológica: abalar a racionalidade e dar força ao lado mais emocional do consumidor.

A mesma proposta que justificou o lançamento da quinta geração do Camaro no Brasil, no fim de 2010. Com o mítico “muscle car”, a marca norte-americana pretende também “contaminar” sua linha de produtos com uma imagem de esportividade e, assim, tentar atrair clientes menos endinheirados, mas que sempre sonharam com modelos que esbanjam charme em estado bruto.

Por enquanto, a estratégia é de divulgar o Camaro por todo o lado. Em qualquer lugar que surja o logo da Chevrolet, um exemplar do modelo está associado.

Com a forte campanha de marketing, 545 pessoas em 2011 já desembolsaram os R$ 185 mil pedidos pela marca para colocar o esportivo na garagem.

O modelo é importado do Canadá apenas em sua versão topo de linha, a SS. E, com ele, traz sob o capô o imenso V8 de 6.2 litros – com bloco e cabeçotes feitos de alumínio. Seus números impressionam. São 406 cv de potência a 5.900 rpm e 56,7 kgfm entregues a 4.600 rotações.

Os americanos e seus carros V6, V8, etc… (sensacionais)

Acoplado com uma transmissão automática de seis marchas com opções de trocas manuais e tração traseira, o Camaro chega à velocidade máxima de 250 km/h – limitada eletronicamente. Para ajudar a economizar combustível, o modelo conta com desligamento automático dos cilindros.

Isso significa que, quando não for exigido, o sistema corta a injeção em quatro dos oito cilindros – que voltam à atividade assim que necessário. Ou seja, basta pisar fundo no acelerador.

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Para lidar com tanta força, a Chevrolet utilizou uma suspensão independente Multilink nos dois eixos e adotou freios Brembo nas quatro rodas. A plataforma é uma versão adaptada e modernizada do Omega australiano. Os pneus são, coerentemente, superlativos.

Na dianteira, as rodas aro 20 são calçadas com peças de medida 245/45 enquanto que na traseira, são de 275/40.

O design é um espetáculo a parte. A fabricante se inspirou na primeira, mais famosa e mais bem sucedida do Camaro, produzida entre 1966 e 1969. Dela vem a dianteira bicuda, com o tradicional capô de dimensões exageradas.

Os faróis redondos ficam achatados entre a tampa do compartimento do motor e parte superior do parachoque. A lateral mostra um perfil ainda mais agressivo. O conjunto formado pela baixa altura – de apenas 1,37 metro –, pela linha de cintura elevada, pela pequena área envidraçada e os pelos imensos para-lamas traseiros se destaca.

Os retrovisores delgados, além de contribuírem para o aspecto geral, ajudam na aerodinâmica do veículo – o coeficiente de arrasto aerodinâmico fica em apenas 0,35. Na traseira, a Chevrolet escolheu por ousar menos e se ater mais ao estilo “retrô”.

Estão lá as “caretas” lanternas retangulares e o parachoque com linhas musculosas.

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O interior também remete ao Camaro do final da década de 60. O painel de instrumentos conta com mostradores circulares dentro de formas retangulares e próximo a manopla de câmbio existem quatro relógios que marcam a pressão do óleo e carga da bateria, entre outros.

Tão “retrô” que mal dá para acreditar que é um carro apresentado mundialmente no ano passado.

Na lista de equipamentos, nada mais que o tradicional encontrado em um carro de quase R$ 200 mil.

Entre os itens de segurança, estão seis airbags – dianteiros, laterais e de cortina –, ABS, controle de tração e ESP que conta com uma regulagem para ficar menos ativo e deixar o motorista com mais controle sobre o carro.

Já os itens de conforto e entretenimento incluem ar-condicionado manual, direção hidráulica, bancos do motorista e do carona com regulagens elétricas, rádio/CD/MP3/USB/AUX, head-up display, computador de bordo, sensores de estacionamento traseiro e de pressão nos pneus.

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Por enquanto, o Camaro é o único representante legítimo da “nova geração” dos “muscle cars” no Brasil, já que Ford e Dodge ainda não trazem Mustang e Challenger oficialmente.

Se comparado com outros modelos de potência similar – como o BMW M3, que custa cerca de R$ 400 mil –, o preço cobrado pelo esportivo V8 da Chevrolet fica a um abismo de distância.

Além do estilo agressivo e da imbatível relação preço/potência, o Camaro ainda chama mais a atenção nas ruas por ser protagonista do filme “Transformers”. Como se precisasse…

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Índice

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Instantâneas

# A primeira aparição da quinta geração do Camaro no Brasil foi no Salão de São Paulo de 2010.

# Pela primeira vez em 25 anos, o Camaro superou as vendas do Ford Mustang nos Estados Unidos. Em 2010 foram vendidas cerca de 8 mil unidades a mais do Chevrolet, totalizando 81.371 carros.

# O Camaro ganhou recentemente uma versão de aniversário de 45 anos. A configuração conta com pintura exclusiva e diversas logos comemorativas espalhadas pela carroceria.

# Já existe no exterior uma configuração conversível do Camaro, lançada no Salão de Los Angeles de 2010.

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Ponto a ponto

Desempenho – Uma pisada funda no pedal do acelerador desperta instantaneamente os 406 cv que se abrigam sob o capô. E eles acordam bem nervosos. Quando o motor V8 de 6.2 litros despeja o torque de 56,7 kgfm nas rodas traseiras, o motorista é comprimido contra o banco, enquanto a velocidade vai subindo com uma rapidez impressionante. O câmbio automático de seis marchas é mais um dos componentes mecânicos que permitem ao Camaro chegar aos 100 km/h na faixa dos 5 segundos. Para quem dirige, o efeito é simplesmente avassalador. Nota 10.

Estabilidade – A suspensão independente nos dois eixos mantém o Camaro sempre no chão, mesmo nas situações mais extremas. Os largos pneus 245/45 na dianteira e 275/40 na traseira também ajudam a deixar o “muscle car” com a maior aderência possível. Nas retas, a precisão da direção é perfeita até velocidades próximas aos 200 km/h. Nas saídas de curvas, no entanto, há uma tendência a sair de traseira. Pelo menos, para situações extremas, há a tradicional parafernália eletrônica que ajuda a minimizar qualquer eventual “lambança” do motorista. Nota 9.

Interatividade – Na área de aparatos tecnológicos, o Camaro não decepciona. O rádio tem entrada USB, auxiliar e disqueteira para 6 CDs e com comandos no volante. Em compensação, a visibilidade deixa a desejar, como é comum em esportivos. A baixa altura, as pequenas janelas e as largas colunas contribuem para que o motorista se sinta um tanto “sem perspectiva” no interior do Chevrolet. O condutor ainda precisa se adaptar aos mostradores pronunciados em estilo “old fashion”, mas pelo menos existe um modernoso head-up display com informações como velocidade, cruise control e giros do motor. Já isolamento acústico é surpreendentemente bom para um carro que foca no desempenho e na força de seu motor V8. Nota 7.

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Consumo – Como era de se esperar, o propulsor de 6.2 litros da Chevrolet não é dos mais econômicos. Em um trajeto misto, o Camaro SS marcou 5,0 km/l. Nota 5.

Conforto – O Camaro não se propõe a ser um carro extremamente confortável – e não é. As rodas com aro 20 e perfil baixíssimo e a suspensão calibrada para uma tocada esportiva fazem com que qualquer imperfeição das ruas sejam passadas quase que integralmente para os ocupantes. Além disso, os bancos traseiros só tem espaço para crianças. Em compensação, motorista e passageiro contam com bom espaço para pernas. Os assentos são grandes e oferecem ótimo apoio lateral. Nota 7.

Tecnologia – Essa é a quinta geração do Camaro e veio recheada de modernidades. Desde a plataforma, adaptada do Omega australiano, passando pela transmissão automática de seis marchas com opção de trocas manuais e pelo ótimo motor V8. Entre os itens de conforto, rádio com diversas funções e bancos dianteiros com ajustes elétricos, mas o ar-condicionado não é digital – é possível selecionar apenas a intensidade, não a temperatura desejada. Para a segurança, a Chevrolet equipou seu cupê com seis airbags, controle de tração e ESP com opção para ter um funcionamento menos intromissivo. Nota 9.

Habitabilidade – Entrar no Camaro é uma tarefa complicada, graças a sua altura de apenas 1,37 metro. Ao menos as portas são grandes para auxiliar na tarefa. Por dentro, há espaço suficiente para guardar os objetos pessoais. Depois que passam bela porta “baixinha”, duas pessoas viajam bem. Mas, pela proposta e desenho do carro, os bancos traseiros foram sacrificados e contam com muito pouco espaço. Nesse gênero de carro, a existência do banco traseiro é meramente simbólica – não é para ninguém viajar ali. No máximo, para uma “caroninha” curta. Nota 6.

Acabamento – A Chevrolet caprichou de verdade no acabamento do Camaro. O couro dos bancos é de altíssima qualidade, e o volante tem revestimento bem acabado e de bom gosto. O painel conta com plástico emborrachado com boa textura. Até a alavanca do câmbio tem acabamento de couro com costuras aparentes. Nota 9.

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Design – O Camaro é um ícone norte-americano. E, para fazer a quinta geração do “muscle car”, a Chevrolet não deixou isso de lado. Destacam-se, o longo capô que toma quase metade do veículo, a grade dianteira, com um formato bicudo, a bojuda traseira e a linha de cintura altíssima. O estilo é viril e imponente, bem coerente com a proposta sedutora do carro. É o tipo de carro que, toda vez que estaciona, provoca aglomeração de admiradores salivantes em volta. Nota 10.

Custo/Benefício – Dar R$ 185 mil em um carro que faz 5,0 km/l não é algo muito racional. Mesmo assim, o Camaro não se mostra uma das compras mais estapafúrdias. Na sua faixa de preços, nenhum dos concorrentes chega perto da potência e da força que este “muscle car” oferece. Sem falar no status e no edificante sentimento de estar no centro do mundo que ele proporciona. Qualquer “pacato cidadão” se torna um pouco “bad boy” a bordo dele. O que é um efeito psicológico de inestimável valor. Nota 7.

Total – O Chevrolet Camaro SS somou 80 pontos em 100 possíveis.

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Impressões ao dirigir – Presença em cena

Por onde circular, um motorista a bordo do novo Camaro não vai passar despercebido. Com o design imponente e marcante, o “muscle car” da Chevrolet parece custar mais do que os R$ 185 mil que a marca norte-americana cobra por ele.

Quando parado, é quase impossível não atrair uma grande quantidade de curiosos aglomerados em volta do carro, alguns com câmaras fotográficas em punho. Mas, se estático ele já impressiona, acelerando é quando o esportivo mais se destaca.

Quando se vira a chave da ignição o “vê-oitão” logo acorda. E até a marca dos 2 mil giros ele não surpreende muito – até porque tem o desligamento automático de quatro dos cilindros –, mas acima disso, o desempenho fica de acordo com a proposta visual e agressiva do modelo.

O propulsor típico americano rende 406 cv e 56,7 kgfm de torque, e na prática, isso significa arrancadas vigorosas, com as paisagens passando rapidamente pelas pequenas janelas do Camaro.

A aceleração até os 100 km/h é feita na faixa dos 5 segundos e a velocidade máxima é de alcançáveis 250 km/h – limitados eletronicamente.

Destaque também para a transmissão automática de seis velocidades, sempre com trocas precisas e velozes. Com o câmbio na posição drive, o comportamento já é agressivo, e o software tenta deixar o carro sempre em rotações altas, instigando o motorista a pisar mais.

As trocas podem ser feitas manualmente, por meio de dois botões – e não alavancas – atrás do volante.

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A suspensão é outro item que ajuda a realçar a esportividade. Com ajuste esportivo, o Camaro fica sempre na mão do motorista, e sempre com aderência – ponto também para os pneus largos e com medidas maiores atrás.

O volante tem boa pegada e ajuda na tocada mais esportiva.

Mas dirigir o Chevrolet Camaro também é uma experiência insólita. O carro é muito baixo, com vidros pequenos e visibilidade muito ruim. Além disso, tem mais de 2 metros de largura, o tornando pouco prático para a vida na cidade – principalmente na hora de entrar em garagens.

Fora isso, o interior do Chevrolet é muito bem cuidado. Mesmo não sendo o foco de um carro com mais de 400 cv de potência, o acabamento do esportivo é muito bom e de bom gosto. O espaço para os ocupantes da frente é excelente, mas os bancos traseiros só fazem “figuração”.

Mais uma prova de que o Camaro voltado exclusivamente para a diversão, principalmente do motorista. E essa proposta ele cumpre com inquestionável maestria.

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Ficha técnica – Chevrolet Camaro SS V8 6.2

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 6.162 cm³, com oito cilindros em “V”, duas válvulas por cilindro e comando duplo de válvulas. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.

Transmissão: Câmbio automática de seis marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle de tração.

Potência máxima: 406 cv a 5.900 rpm.

Torque máximo: 56,7 kgfm a 4.600 rpm.

Diâmetro e curso: 103,2 mm X 92 mm. Taxa de compressão: 10,8:1.

Suspensão: Dianteira do tipo Multilink com rodas independentes, subchassi e barra estabilizadora. Traseira do tipo Multilink com barra estabilizadora.

Freios: Discos ventilados na dianteira e na traseira. ABS de série.

Pneus: Na dianteira, 245/45 R20. Na traseira, 275/40 R20.

Carroceria: Cupê em monobloco com duas portas e quatro lugares. Medidas: 4,83 metros de comprimento, 2,08 m de largura, 1,37 m de altura e 2,85 m de distância entre-eixos. Oferece controle de estabilidade.

Peso: 1.790 kg.

Capacidade do porta-malas: 320 litros.

Tanque de combustível: 71 litros.

Lançamento mundial: 2010

Produção: Oshawa, Canadá

Por Rodrigo Machado – Auto Press

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X