Avaliação Fiat Bravo Absolute 1.8: Um carro equilibrado, para conquistar o consumidor

fiat bravo t jet 2011 1
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Um bom conjunto dinâmico, motor moderno e design atual não bastaram para fazer as vendas do Fiat Bravo embalarem. Desde que foi lançado, em dezembro, o hatch médio da Fiat vem conquistando timidamente algum espaço em seu segmento.

No primeiro mês vendeu apenas 261 unidades, e nos meses seguintes emplacou 527, 700 e 788 unidades – números bem aquém da previsão inicial revelada pela Fiat em seu lançamento, que era de 1.500 unidades/mês.

A tarefa original era aposentar o já “cansado” Stilo – que em 2010 teve uma média de apenas 545 unidades/mês – e incomodar Hyundai i30 e Ford Focus, respectivamente líder e vice-líder do segmento.

Mas, com seu lançamento esfriado por um marketing tímido e uma campanha publicitária excessivamente “cool”, o hatch produzido na cidade mineira de Betim ainda é obrigado a olhar o topo da tabela de longe. Além dos dois líderes do segmento, também estão à sua frente Volkswagen Golf, Citroën C4 e até mesmo o quase aposentado Peugeot 307.

Enquanto a Fiat refaz contas e estratégias, o Bravo revela para poucos seus atributos. Sob o capô, as versões Essence e Absolute – únicas comercializadas atualmente – contam com o propulsor E-torq 1.8 16V, capaz de gerar 132/130 cv com etanol/gasolina a 5.250 rpm.

Seu torque máximo é de 18,9/18,4 kgfm alcançado aos 4.500 rpm. Até o fim do mês de abril, a linha Bravo ganha seu integrante mais “nervoso”. Trata-se da variante esportiva T-Jet, que traz o potente motor 1.4 16V turbo de 152 cv – o mesmo do Punto e do Linea T-Jet.

Por fora, o Bravo nacional exibe as mesmas linhas do modelo vendido na Europa desde 2007. Diferentemente de Brava e Stilo – antigos médios da Fiat –, o carro não traz grande inovações visuais.

Seu design é uma evolução do Punto, estiloso compacto criado pelo italiano Giorgetto Giugiaro e que fez a Fiat renascer no continente europeu. A dianteira se destaca pelo para-brisa bem inclinado e o teto arqueado.

O capô longo tem dois vincos nas extremidades que acompanham os faróis em formato elipsoidal irregular. A grade cromada quadriculada é diminuta e o para-choque tem entradas de ar e faróis de neblina embutidos em molduras pretas.

Na lateral, a linha de cintura alta começa nas lanternas e corta o modelo acima da altura das maçanetas indo de encontro à caixa de rodas dianteira. A traseira com aparência “clean” traz lanternas em formato circular, que inspiraram o Alfa Romeo MiTo.

As linhas modernas e sem muita originalidade do Bravo dissimulam seu tamanho. A olho nu não parece, mas o hatch tem 4,30 metros de comprimento, 1,79 m de largura, 1,50 m de altura e entre-eixos de 2,60 m.

Quem também “engana” é o porta-malas. Aparentemente pequeno, ele tem capacidade de 400 litros, o que supera seus concorrentes i30 e Focus – que têm capacidade para 340 e 350 litros, respectivamente.

Em termos de equipamentos, todas as versões do Bravo saem de linha com itens “básicos” como ar-condicionado, trio elétrico, direção hidráulica, piloto automático, volante com regulagem de altura e profundidade. A versão Absolute acrescenta sensor traseiro de estacionamento, volante em couro e com comandos, rodas de liga-leve de 17 polegadas, entre outros.

A Fiat acredita que até o fim do ano a divisão de vendas do Bravo por versão fique da seguinte maneira: 55% para a versão Essence, 40% para Absolute e apenas 5% na T-Jet. A aposta da fabricante italiana em vender 40% dos hatches na versão testada, Absolute, pode ser considerada ousada.

A variante responsável por garantir uma imagem de exclusividade para o carro parte de R$ 62.250, exatamente R$ 7.050 a mais que a de entrada Essence, que custa R$ 55.200 – uma diferença considerável, já que o público da Fiat é tradicionalmente atento ao preço.

Os dois modelos ainda têm como opcional o câmbio automatizado Dualogic, que eleva seus preços para R$ 58.090 no caso da Essence e R$ 65.530 na variante Absolute. Já o futuro Bravo T-Jet terá um preço mais “salgado” – R$ 67,9 mil – e por isso deve corresponder a apenas 5% das vendas.

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Instantâneas

# Segundo Sergio Marchionne, CEO do Grupo Fiat, a próxima geração do Bravo – ainda sem data de lançamento – será “radical” para bater de frente com o Focus 2012.

# Além do potente motor de 152 cv, o Bravo T-Jet traz no painel uma tecla overbooster – OVB –, que garante ma sobrepressão no motor e eleva o torque de 21,1 kgfm a 2.250 rpm para 23,0 kgfm a 3 mil rotações.

# O Bravo foi lançado no Salão de Genebra de 2007 para aposentar o Stilo na Europa.

# A diferença entre o Bravo mais caro e o mais barato é de R$ 12,5 mil. A versão T-Jet parte de 67,9 mil, enquanto a Essence com câmbio manual começa em R$ 55,2 mil.

# O sistema Blue&Me foi desenvolvido pela Microsoft em parceria com a Fiat.

Ficha técnica – Fiat Bravo Absolute 1.8 16V

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.747 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.

Potência máxima: 130 cv com gasolina e 132 cv com etanol a 5.250 rpm.

Torque máximo: 18,4 kgfm com gasolina e 18,9 kgfm com etanol a 4.500 rpm.

Diâmetro e curso: 80,5 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,2:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes em aço estampado fixados ao subchassi, com barra estabilizadora. Traseira com rodas semi-independentes, travessa de torção de seção aberta e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade ESP como opcional.

Freios: Dianteiro a discos ventilados e traseiro a discos sólidos. ABS opcional.

Medida dos pneus: 205/45 R16.

Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Medidas: 4,33 metros de comprimento, 1,79 m de largura, 1,50 m de altura e 2,60 m de distância entre-eixos. Airbags duplos frontais de série. Laterais, de cortina e de joelhos do motorista opcionais.

Peso: 1.345 kg com 400 kg de carga útil.

Capacidade do porta-malas: 400 litros.

Tanque de combustível: 58 litros.

Lançamento na Europa: 2007

Lançamento no Brasil: 2010.

Produção: Betim, Minas Gerais.

Ponto a ponto

Desempenho – Embora não proporcione grande esportividade – tarefa que deve ficar para o Bravo T-Jet –, o motor E-Torq 1.8 de quatro cilindros em linha e 132 cv move com destreza os 1.345 kg do modelo. O torque de 18,9 kgfm máximos despejados a 4.500 rpm deixa o Bravo bem “à vontade” em vias expressas e rodovias, mas falta força ao modelo em baixas rotações que fazem a tediosa rotina do trânsito urbano. As acelerações e retomadas em quarta e quinta marchas são prejudicadas pelas relações muito alongadas. A Fiat promete um zero a 100 km/h em 9,9 segundos – no modelo avaliado, não foi possível baixar de 10,5 s – e uma máxima de 193 km/h, número condizente com o segmento de hatches médios. Nota 8.

Estabilidade – É o grande destaque do hatch médio da Fiat. Tanto em curvas quanto em retas, a carroceria torce pouco e mantém a neutralidade, sem pregar sustos ao volante. Nas freadas bruscas, auxiliado pelo ABS e EBD, o Bravo permanece na trajetória e não mergulha a frente. A suspensão mais “durinha” preza por uma pegada esportiva, mas sacrifica um pouco o modelo em relação às irregularidades na via. Só aos 170 km/h surgem os primeiros sinais de flutuação. Nota 9.

Interatividade – A ergonomia se mostra eficiente com diversos comandos ao alcance das mãos. Porém o sistema de entretenimento se mostra pouco usual, já que a tela de 6,5 polegadas embutida no console central – opcional – não é sensível ao toque. A posição de dirigir é facilitada pelos ajustes do banco e do volante, a visibilidade dianteira é satisfatória, já a lateral e traseira são limitadas e por isso implicam em um pouco mais de atenção – ao menos a versão Absolute conta com um providencial sensor de estacionamento traseiro. A visualização do quadro de instrumentos e do computador de bordo é boa e o câmbio tem engates curtos e precisos. Nota 8.

Consumo – O modelo fez a média de 7,8 km/l com puro etanol no tanque, em uso 2/3 na cidade. Aceitável para um motor 1.8 16V. Nota 7.

Conforto – Os ocupantes contam com um bom espaço nos bancos dianteiros. Já quem viaja atrás sofre um pouco com a falta de espaço para pernas e também com o vão de cabeça limitado em função do caimento acentuado do teto. A suspensão mais rígida em relação a família Palio deixa um pouco a desejar na absorção das irregularidades no asfalto. O isolamento acústico é digno de elogios e os passageiros contam com baixo nível de ruído no habitáculo. O Bravo ainda traz a tecla City no painel, que deixa a direção mais leve na hora de estacionar, e teto solar panorâmico elétrico como opcional. Nota 7.

Tecnologia – A “veterana” plataforma C adaptada do Stilo contrasta com o novo motor E-Torq, lançado em 2010 para toda a gama da Fiat. Fora isso, o Bravo Absolute sai de fábrica com ABS, ar-condicionado digital dual zone, controle de cruzeiro e sistema de telefonia Blue&Me. Outro destaque do hatch médio é o sistema de faróis direcionais cornering, que acende o farol de neblina na direção das curvas e aumenta a visão do motorista à noite. Nota 8.

Habitalidade – O vão das portas são pouco amplos e tornam o acesso ao hatch médio apenas satisfatório. Em contrapartida, há boa quantidade de porta-objetos, com destaque para um compartimento refrigerado entre os bancos dianteiros – de série na versão Absolute –, onde cabem duas latas de refrigerante. O modelo ainda conta com um útil dispositivo chamado Night Design, que ilumina as maçanetas. O porta-malas de 400 litros está acima da média do segmento. Nota 7.

Acabamento – O Fiat Bravo é bem acertado por dentro, embora tenha expressiva quantidade de componentes de plástico rígido. Há precisão nos encaixes e fechamentos e nenhum sinal de rebarba. O material do painel é agradável ao toque e há detalhes cromados nas maçanetas, em volta da manopla de câmbio e na saída de ar do banco traseiro, o que transmite um certo requinte. Nota 8.

Design – O Fiat Bravo não inova, mas é capaz de agradar. Suas linhas são harmônicas e atuais, embora sejam uma derivação das do Fiat Punto. Visto de lado, o modelo chama a atenção pela aparência esportiva originada pelo caimento do teto em direção à traseira. Nesta versão Absolute, as belas rodas de 17 polegadas acrescentam algum charme. Nota 8.

Custo/Benefício – A versão Absolute, a partir de R$ 62.250, tem preço próximo ao Ford Focus GLX 2.0 – R$ 62.440 – e Hyundai i30 GLS em sua versão automática – R$ 64.160 –, líderes do segmento de hatchs médios. Apesar da oferta similar de equipamentos, o Bravo é o menos potente dos três. O hatch da Fiat é capaz de gerar 132 cv, enquanto Focus e i30 desenvolvem 148 cv e 145 cv, respectivamente. Nota 7.

Total – O Fiat Bravo Absolute somou 77 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir – Além da média

Pouco mais de três anos após ganhar as ruas da Europa, o Bravo finalmente chega ao Brasil. Apesar da demora, o hatch da Fiat chega ao mercado nacional como um “player” de peso para encarar Hyundai i30 e Ford Focus, consagrados líderes do segmento.

A Fiat aposta em um carro equilibrado para conquistar o consumidor. O Bravo traz boa oferta de tecnologia aliada a conforto, motor e design na medida certa. Nada capaz de surpreender, mas também longe de decepcionar.

Ao entrar no modelo, é fácil achar uma boa posição de dirigir com a ajuda de controle de altura e profundidade do volante e diversas regulagens do banco. O espaço para os passageiros na dianteira é bom – no banco posterior é bem limitado – e a sensação de bem-estar a bordo é garantida por materiais de qualidade e pelo teto solar elétrico – opcional.

Virar a chave da ignição faz despertar o motor E-Torq 1.8 16V, que representa uma evolução real em relação ao “veterano” powertrain que equipava o Stilo. A unidade de força – capaz de gerar 132 cv com etanol – agrada pelas respostas rápidas.

O modelo é bem disposto e consegue facilmente chegar aos 160 km/h sem acusar os 1.355 kg. As três primeiras marchas têm relações mais curtas e favorecem arrancadas. Já quarta e quinta marchas, mais alongadas, fazem o motor demorar a encher. Isso prejudica as ultrapassagens, mas não chega a comprometer o desempenho do carro.

Na estrada o Fiat Bravo se destaca por seu comportamento dinâmico. Nas curvas fechadas, mesmo em alta velocidade, o hatch anda “colado” ao chão e não faz menção de sair. A suspensão mais rígida é outro apelo esportivo interessante, apesar de não absorver tão bem as irregularidades do asfalto.

Em freadas bruscas, o modelo novamente se mostra eficiente – com a ajuda do ABS e EBD – e transmite total segurança para o motorista. Pena que o Bravo não traga controle eletrônico de estabilidade, que só estará disponível na versão realmente esportiva, a T-Jet – que chega ainda em abril.

Por Marcelo Cosentino – Auto Press

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X