Na essência, versões esportivas de carros de passeio servem para valorizar a imagem de agressividade e luxo de um modelo. Em suma, funcionam melhor no marketing do que nas vendas. Para o Fiat Bravo T-Jet, essa teoria esbarra na representatividade do hatch médio.
Lançado por aqui em 2010, ele ainda não deslanchou nas vendas e mantém a média de mil unidades mensais. Ou seja, a configuração T-Jet oferece uma imagem mais agresssiva para um carro que tem pouca imagem nas ruas.
Talvez até antecipando isso, a marca italiana mudou a estratégia de preços da versão em relação ao Punto T-Jet, hatch que recebe o mesmo conjunto dinâmico.
No médio, a versão T-Jet custa R$ 68.950. São R$ 5.470 a mais que a Absolute manual – a diferença diminui para R$ 2.470 quando se equipa o Absolute com o câmbio Dualogic –, a que vem logo abaixo.
No Punto T-Jet, o preço de R$ 63.630 é R$ 14.130 maior que a versão imediatamente inferior.
Isso significa que, no Bravo, a T-Jet consegue fisgar alguns clientes que chegam nas revendas com um dinheiro a mais no bolso e que buscam mais exclusividade. No modelo menor, a imensa discrepância de valores inibe tal mobilidade.
Como era de se esperar, isso influencia diretamente o share de vendas.
O Bravo T-Jet representa 10% do mix de vendas do modelo. É uma percentagem alta quando comparado com outras versões esportivas de modelos de passeio, que costumam rodear os 5%. Com as contas feitas, são cerca de 100 unidades do T-Jet que saem das concessionárias por mês.
O desempenho faz a diferença a favor do Bravo T-Jet, resultado do bom conjunto dinâmico instalado pela Fiat no médio. O motor é o 1.4 T-Jet que oferece 152 cv de potência a 5.500 rpm e 21,1 kgfm de torque entre 2.250 e 4.500 rotações e bebe só gasolina.
Com a função Overbooster ativada, o torque sobe para 23,0 kgfm em um pico nas 3 mil rotações e a curva da potência é ligeiramente modificada. O câmbio também é novo. É um manual com seis velocidades feito na Itália, muito mais preciso que os outros da marca italiana no Brasil.
Por ser uma versão topo de linha, o Bravo T-Jet também já vem bem completinho. Destaque para os itens de segurança: airbag duplo, ABS, controle de estabilidade e de tração são de série. Ele ainda vem com ar-condicionado dual zone, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth, rodas de liga leve de 17 polegadas e banco do motorista com regulagem de altura.
Já a lista de opcionais é quase tão extensa quanto. Estão lá airbags laterais, de cortina e para o joelho do motorista, GPS com tela de 6,5 polegadas, teto solar, bancos revestidos parcialmente em couro, entre outros.
Equipado como estava o modelo testado, o preço sobe para R$ 85.937. Aí, não existe bom desempenho nem visual bonito que ajudem a acelerar as vendas.
Ponto a ponto
Desempenho – É o maior apelo desta versão do Bravo. E o médio se dá muito bem nesse quesito. Os 152 cv do motor e principalmente o torque de 21,1 kgfm entre 2.250 e 4.500 rpm deixam o hatch bem esperto.
E quando o Overbooster é ativado e o torque sobe para 23 kgfm – a potência se mantém, mas chega em rotações menores –, o T-Jet atinge o seu melhor desempenho. Com ele ativado, o zero a 100 km/h fica na faixa dos 9 segundos.
Outro ponto positivo do Bravo T-Jet é o câmbio manual de seis marchas. Importado da Itália, é o melhor câmbio que a marca italiana oferece no Brasil, com engates curtos e precisos. Nota 9.
Estabilidade – O Bravo é um carro bom de curvas. E a versão T-Jet melhora tudo isso. Com uma suspensão mais rígida, o hatch da Fiat apoia muito bem no chão, mantendo boa aderência em quase toda situação.
Nessa versão, o carro ainda dispõe de controle de estabilidade, para corrigir a trajetória em caso de exageros. Nas retas, até a faixa dos 160 km/h, o carro se mostrou muito preciso. Nota 9.
Interatividade – Os comandos são muito intuitivos e facilitam a vida a bordo do Bravo. O banco do motorista e a coluna de direção têm ajustes verticais e horizontais, o que facilita a tarefa de achar a melhor posição de dirigir.
O câmbio tem engates precisos, mas ligeiramente ásperos. Já o rádio, até tem boas funções, mas o seu funcionamento é confuso demais. Além disso, a direção elétrica parece neutralizar muito as ações do motorista. Um pecado quando a proposta é ser um esportivo. Nota 7.
Consumo – O Bravo T-Jet marcou uma média de 8,7 km/l de gasolina em circuito misto. O Inmetro ainda não tem medições da versão específica. Nota 6.
Tecnologia – O motor com turbo rende ótima potência para um propulsor de apenas 1.4 litro. A plataforma é uma evolução da que era usada no antigo Stilo, portanto, mais moderna. Destaque também para a lista de equipamentos, bem completa, com airbag duplo, ABS e controle de estabilidade de série. Nota 8.
Conforto – A suspensão mais rigida nessa versão faz com que o rodar do Bravo T-Jet não seja dos mais suaves. As pancadas são passadas para o interior sem muita cerimônia e chacoalham a cabine.
A roda de 17 polegadas, calçadas com pneus de perfil baixo, ajudam nessa rigidez. O espaço interno é apenas decente. Quatro adultos e uma criança viajam com boa dose de conforto. Nota 6.
Habitabilidade – O interior do Bravo é espaçoso e entrar e sair do carro não é um grande problema. Atrás, o caimento do teto traz alguma dificuldade para os ocupantes maiores. Existe uma boa oferta de porta-objetos na cabine. O porta-malas leva 400 litros, mas tem a boca muito estreita, o que dificulta o seu uso. Nota 7.
Acabamento – Grande parte do painel é revestida por um material de ótima qualidade, emborrachado e que tenta lembrar o visual da fibra de carbono. O console central ganha um plástico rígido de boa qualidade e bem encaixado.
A versão T-Jet adiciona detalhes interessantes por dentro, como as costuras vermelhas e as pedaleiras esportivas. Nota 8.
Design – O Bravo já é um carro muito bonito. Com linhas harmoniosas e suaves, é um hatch médio que se impõe e chama a atenção pelo visual. A configuração esportiva aumenta esse efeito. As rodas de 17 polegadas e o imenso teto solar que estava na versão testada são bons argumentos a favor do hatch e deixam o desenho bem mais agressivo. Nota 8.
Custo/beneficio – Dentro da linha do Bravo, a versão T-Jet até faz algum sentido no ponto de vista financeiro. Afinal, custa R$ 2.470 a mais que a Absolute Dualogic e R$ 5.470 a mais que a variante com câmbio manual.
E por isso, adiciona um comportamento bem esportivo, acabamento melhorado e visual inspirado. Além disso, não tem muitos concorrentes na linha dos esportivos – e o principal rival está “dentro de casa”. É o Punto T-Jet que, com o mesmo conjunto mecânico, custa R$ 5.320 a menos. Nota 7.
Total – O Fiat Bravo T-Jet somou 75 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir – Evolução em curso
Basicamente, o Bravo é um carro muito agradável de dirigir.
Estabilidade elogiável, motorização forte e interior bem acabado fazem dele um dos bons hatches médios do mercado. E quando se adiciona a essa mistura um comportamento mais esportivo, o resultado é bem divertido. Com um conjunto mecânico mais apurado, ele se torna ótimo no uso cotidiano e também em pistas livres.
Como em todo modelo “nervoso” que se preze, o destaque fica sob o capô. Está o elogiável motor T-Jet com 1.4 litro e turbocompressor. Quem faz a conexão dele com as rodas dianteiras é uma transmissão manual de seis marchas importada da Itália.
E o casamento dos dois é muito feliz. Com engates precisos – embora ásperos –, o câmbio extrai o melhor do propulsor. Como a maioria dos turbinados, o torque máximo aparece em baixas rotações e continua pleno até quase a faixa de potência máxima.
O resultado disso são acelerações vigorosas e retomadas animadoras.
E fica melhor quando o botão Overbooster é pressionado, já que o torque sobe mais um pouco. Chega até ser divertido tentar sair do sinal com a função ativada e o controle de tração desligado sem cantar pneu.
A versão T-Jet ainda adiciona mais diversão ao Bravo nas curvas. A suspensão é endurecida e fica mais rígida. Com isso, o carro cola no chão, mesmo nas mudanças de direção. A sensação de segurança é ótima.
Em retas, o carro também fica “pregado” ao chão. O lado negativo é que a direção é pouco direta pela assistência elétrica um tanto excessiva, que diminui um pouco a comunicação com as rodas.
No interior, as mudanças da versão T-Jet foram mais pontuais.
São todas estéticas e servem para dar um apelo extra de esportividade. Caso das costuras dos bancos e do volante pintadas de vermelho, assim como os berrantes cintos de segurança, na mesma cor, enquanto as pedaleiras são de aço escovado.
No resto, continua o acabamento que já agrada bastante no Bravo, com materiais de boa textura e bem encaixados.
Ficha técnica – Fiat Bravo T-Jet
Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.368 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo de válvulas no cabeçote. Turbocompressor, intercooler, injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Possui controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 152 cv a 5.500 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 8,7 segundos.
Velocidade máxima: 206 km/h.
Torque máximo: 21,1 kgfm entre 2.250 e 4.500 rpm. Com o Overbooster ligado: 23,0 kgfm a 3 mil rpm.
Diâmetro e curso: 72 mm x 84 mm. Taxa de compressão: 9,8:1.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes e barra estabilizadora. Traseira do tipo eixo de torção, com rodas semi-independentes e barra estabilizadora.
Pneus: 215/45 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,36 metros de comprimento, 1,79 m de largura, 1,48 m de altura e 2,60 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série e laterais, de cortina e de joelho para o motorista como opcional.
Peso: 1.370 kg.
Capacidade do porta-malas: 400 litros.
Tanque de combustível: 58 litros.
Produção: Betim, Minas Gerais.
Lançamento na Europa: 2007.
Lançamento no Brasil: 2010.
Itens de série: Airbag duplo, ar-condicionado dual zone, direção elétrica rádio/MP3/USB/Bluetooth, volante multifuncional, rodas de liga leve de 17 polegadas, ABS, apoios de braço, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, controle de estabilidade e de tração, Hill Holder – que auxilia nas partidas em ladeiras –, ponteira do escapamento cromada, sensor de estacionamento traseiro e trio elétrico.
Preço: R$ 68.950.
Opcionais: Faróis de xenon, teto solar panorâmico, rebatimento elétrico dos retrovisores, sensor de chuva, sensor crepuscular, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de estacionamento dianteiro, rádio com tela de 6,5 polegadas com GPS integrado, airbags laterais, de cortina e de joelho para o motorista e bancos revestidos parcialmente em couro.
Preço completo: R$ 85.937.
Por Auto Press
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