A linha 2012 do Focus chegou em março com uma redefinição do mix da linha do médio – o fim da versão Ghia e a introdução da Titanium. Na teoria, era para uma substituir a outra. Mas não foi exatamente o que aconteceu.
A Ford acrescentou novos equipamentos à versão GLX, que se aproximou do posto antes ocupado pela Ghia, sem opcionais.
Enquanto isso, a Titanium chegou para ocupar apenas o lugar da Ghia completa, como topo de linha do Focus e vitrine de luxo e de equipamentos. E cobra por isso, como qualquer carro que tenha o requinte como atrativo.
A Titanium parte de salgados R$ 79.210 na configuração sedã, quase os mesmos R$ 83.660 do médio-grande Fusion 2.5. De quebra, alivia a Ford do pagamento de royalties ao estúdio italiano de design Carozzeria Ghia SpA, que dava o nome ao antigo modelo.
Mas, pelo menos, dá ao cliente uma lista de equipamentos recheada. Além do que a Ghia já tinha – como teto solar, botão de partida, direção hidráulica com três níveis de ajuste, ar-condicionado digital dual zone, ABS, airbag duplo, banco de couro com ajustes elétricos para o motorista e rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth –, a Titanium adiciona faróis auto direcionais, novas rodas de liga leve de 16 polegadas, sensor de chuva e porta-luvas refrigerado.
O único opcional é a pintura. A metálica sai por R$ 975 e a perolizada por R$ 1.245.
Com as mudanças dentro da linha do Focus, as vendas sofreram variações. A média mensal de vendas do Focus sedã até março foi de 580 carros. De abril até agosto, o veículo teve média de 650 unidades mensais.
Já o hatch comercializou no mesmo período uma média de 2.150 unidades. O que significa que o bom desempenho do dois volumes torna o Focus o terceiro médio mais vendido do Brasil, atrás Toyota Corolla e do Hyundai i30. No lançamento do modelo, em 2008, a marca esperava que 70% dos Focus vendidos no Brasil fossem sedãs.
Parte desta reversão de expectativas pode ser explicada pelo visual controverso do sedã. A frente é bonita, com faróis com formato irregular e a grade trapezoidal envolta por frisos cromados alinhados com o design Kinetic. A lateral é discreta.
O destaque vai para as belas rodas de 16 polegadas, exclusivas desta versão. Mas a traseira parece não combinar com o resto. As lanternas em formato triangular são muito comuns – ainda mais quando comparadas com as do Focus hatch, bem mais ousadas.
Além disso, o Focus sedã, por ser uma adaptação do hatch, conta com portas pequenas na traseira e um entre-eixos acanhado quando comparado à concorrência – 2,64 metros contra 2,70 m do Peugeot 408 e do Renault Fluence.
No trem de força, nenhuma novidade. O motor é o Duratec 2.0 16V com bloco e cabeçote feitos de alumínio que desenvolve 148 cv a 6.250 rpm e 19,47 kgfm de torque 5.250 giros. Como é uma versão que busca o requinte, a Titanium é equipada apenas com a transmissão automática de quatro velocidades com opção de trocas manuais.
Apesar de ser um carro ainda relativamente novo no Brasil, o Focus já está em sua terceira geração na Europa – aqui está na segunda. Ainda não há confirmação, mas é possível que este novo Focus seja vendido no Brasil em 2014.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 2.0 Duratec é um dos trunfos do Focus. Com 148 cv de potência e 19,47 kgfm de torque, ele move o sedã médio da Ford com desenvoltura e leva o modelo de zero a 100 km/h em marca próxima aos 11 segundos. Entretanto, a transmissão automática de quatro marchas parece limitar demais a esportividade do Focus. Nota 8.
Estabilidade – Sem dúvida a melhor característica do Focus. A suspensão traseira independente do tipo Multilink consegue deixar o carro estável em qualquer situação, sempre com uma alta sensação de segurança. Ainda é uma das referências do segmento neste aspecto. Nota 9.
Interatividade – A versão Titanium é bem servida. O banco do motorista tem ajustes elétricos, o que torna a tarefa de achar a melhor posição de dirigir bastante simples. O rádio tem ajustes na coluna de direção enquanto que o volante multifuncional controla o piloto automático. Todos os outros controles estão ao alcance das mãos e são intuitivos. Nota 8.
Consumo – O Ford Focus Titanium fez uma média combinada de 7 km/l com etanol no tanque. Ficou bem próximo dos 7,7 km/l que a marca declara. O Inmetro não tem medições do Focus com câmbio automático. Nota 7.
Conforto – A excelente suspensão independente também aparece no conforto. Ela filtra as imperfeições do piso com qualidade, sem passar grandes solavancos para o interior. Todos os ocupantes contam com bom espaço para pernas e ombros. Pessoas com mais de 1,75 m na traseira acabam encostando a cabeça no teto. Nota 8.
Tecnologia – Apesar de já estar uma geração à frente na Europa, o Focus ainda é um carro moderno para o mercado nacional, com plataforma de 2004 e motor com bloco e cabeçotes feitos em alumínio. A configuração Titanium adiciona itens interessantes, como os faróis direcionáveis. Nota 8.
Habitabilidade – O Focus dispõe de uma razoável oferta de porta-objetos na cabine. O maior deles serve também de apoio de braço e abriga as entradas auxiliar e USB do rádio. Com 2,64 metros de distância entre-eixos, o sedã médio da Ford não é dos maiores do segmento, mas consegue levar cinco ocupantes sem grandes apertos. Nota 7.
Acabamento – O aspecto geral do interior é bom, com plásticos de boa qualidade. Quase não existem rebarbas aparentes. Mas não se compara com alguns concorrentes, recheados de materiais emborrachados. Nota 7.
Design – Se a versão hatch ainda é uma referência de design no segmento, o mesmo não acontece com o sedã. Visto de perfil, o carro até não compromete graças ao caimento da coluna, mas a traseira não combina com o resto do veículo. As lanternas são muito conservadoras para um carro com a frente tão moderna. Nota 6.
Custo/Benefício – No topo da briga dos sedãs médios (veja os sedãs médios mais econômicos do Brasil), o Focus Titanium tem como rivais Honda Civic EXS, Toyota Corolla Altis, Volkswagen Jetta Highline, Renault Fluence Privilège e Peugeot 408 Griffe. Por R$ 79.210, o sedã da Ford perde apenas para o carro da Renault.
Mesmo dotado de uma boa lista de equipamentos de série e de uma plataforma ainda moderna, pagar quase R$ 80 mil em um sedã médio não é algo que possa ser considerado barato. Ainda mais com o maior e mais potente Fusion 2.5 sendo vendido nas mesmas concessionárias a R$ 83.660. Nota 5.
Total – O Ford Focus Titanium sedã somou 73 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir – Embalo sinuoso
Dirigir o Ford Focus sedã é sempre uma experiência prazerosa. O carro tem, sem dúvida, boa dirigibilidade. E o principal responsável por isso é a suspensão traseira independente do tipo Multilink.
Ela é rígida sem ser desconfortável e consegue passar um alto grau de segurança nas curvas. Com isso, pode se dizer que pegar uma subida de serra com o sedã médio da Ford é bem divertido. Mesmo nesta versão sedã, em que a traseira é mais pesada e poderia tender a desgarrar, o Focus se mostra colado ao chão nas mudanças de direção.
O motor também é bastante competente. Ele consegue mover o Focus com boa agilidade, principalmente nas estradas. O fato de ter torque e potência máximas a rotações muito elevadas faz com que o carro seja menos “esperto” na cidade.
O câmbio automático tem trocas suaves, mas conta com relações muito longas por ter apenas quatro marchas. Às vezes é preciso optar pelas mudanças sequenciais, feitas na própria alavanca da transmissão.
O espaço interno é bom e consegue levar até cinco ocupantes sem maiores apertos – exceto os maiores de 1,75 m, que podem raspar a cabeça no teto quando sentados no banco traseiro. O conforto a bordo também é melhorado pela suspensão muito bem acertada.
Como todo carro norte-americano, o acabamento não ganha tanta atenção no desenvolvimento do veículo. Não que ele seja de má qualidade, mas por quase R$ 80 mil, merecia melhorar.
Como versão topo de linha, o Titanium cumpre bem o seu papel. As rodas de 16 polegadas são bonitas e o farol auto direcionável é um daqueles equipamentos que faz inveja no vizinho. Infelizmente para a Ford, o resto da carroceria não provoca a mesma sensação.
O Focus aparentemente sofre de uma “síndrome de Peugeot 307”. Tal qual o carro francês, é elogiado como hatch e muito criticado na variante três volumes. Prova de que somente um belo conjunto dinâmico não faz um carro vender bem no Brasil.
Ficha Técnica – Ford Focus Titanium
Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.999 cm³, quatro cilindros em linha, duplo comando no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com quatro marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência máxima: 143 cv com gasolina e 148 cv com etanol a 6.250 rpm.
Aceleração 0 a 100 km/h: 11 segundos.
Velocidade máxima: 194 km/h
Torque máximo: 18 kgfm com gasolina a 4.250 rpm e 19,47 kgfm com etanol a 5.250 rpm.
Diâmetro e curso: 87,5 mm X 83,1 mm. Taxa de compressão: 10,8:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora. Traseira independente em braços múltiplos, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. ABS, EBD e controle de frenagem em curvas.
Pneus: 205/55 R16 em rodas de liga leve.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. 4,48 metros de comprimento, 1,84 metro de largura, 1,50 metro de altura e 2,64 metros de distância entre-eixos. Airbag duplo frontal de série.
Peso: 1.347 kg em ordem de marcha, com 400 kg de carga útil.
Capacidade do porta-malas: 526 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: General Pacheco, Argentina.
Lançamento mundial: 2004.
Lançamento no Brasil: 2008.
Equipamentos de série: Ar-condicionado digital dual zone, acendimento automático dos faróis, airbag duplo, ABS, ajuste de altura e profundidade da coluna de direção, ajuste elétrico do banco do motorista, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth com comandos na coluna de direção, botão de partida, computador de bordo, direção eletro-hidráulica, retrovisor interno eletrocrômico, faróis de neblina, faróis auto direcionáveis, cruise control, trio elétrico e teto solar elétrico.
Preço inicial: R$ 79.210.
Opcionais: Pintura metálica ou perolizada.
Preço da unidade avaliada: R$ 80.185
Por Auto Press
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