Avaliação do Volkswagen Tiguan 2012: Apostando na tecnologia

Para vender os seus carros de categorias superiores, geralmente com preços acima dos R$ 100 mil, a Volkswagen tem uma estratégia traçada: aposta na tecnologia embarcada.

É o caso de carros como a nova geração do Passat, por exemplo, e do Tiguan reestilizado, que a marca alemã lança agora no Brasil.

A diferença em relação ao crossover é que, desta vez, a tal lista de equipamentos recheada só aparece nos opcionais. Itens como nova geração do Park Assist, faróis com led, teto solar panorâmico, GPS  e ignição por botão não são de série.

Apesar de os equipamentos que mais chamam a atenção serem opcionais, a Volks incluiu novos itens de série no carro. Estão lá os bancos parcialmente revestidos de couro Alcântara, volante multifuncional, display colorido do computador de bordo, conexão Bluetooth e para iPod no rádio e o detector de fadiga – que monitora as reações do motorista e sugere uma pausa caso ele esteja cansado.

Estes se juntam a ar-condicionado de duas zonas, airbags frontais, laterais e de cortina, ABS, EBD, controle de estabilidade e de tração, rádio com tela touchscreen, freio de estacionamento elétrico, trio elétrico, sensor de chuva e luminosidade.

O preço cresceu junto com a lista de equipamentos. Saiu de R$ 101,3 mil para R$ 110 mil. A Volkswagen explica o aumento de 8,5% de duas maneiras: com os novos itens de série e com o aumento de 30 pontos percentuais do IPI.

Importado da Alemanha e com motor a gasolina de 1.984 cm³, o crossover se enquadra na categoria que teve o imposto aumentado de 13% para 43%.

A fabricante ainda avisa que, se não fosse a decisão do governo de aumentar o IPI, o modelo custaria R$ 106 mil. O valor do carro completo, com os opcionais ainda não foi divulgado pela marca.

Além do tal aporte de tecnologia, o novo Tiguan recebeu uma repaginada no visual.

Ganhou a cara que tem sido espalhada em todos os carros da marca, que faz com que se confundam uns com os outros. Ou seja, está lá a grade dianteira com dois frisos retos, cromados e horizontais que ligam os faróis de cortes bem definidos. O para-choque também tem um friso cromado e ainda abriga os faróis de neblina. O perfil do Tiguan não mudou.

Continua correto, sem grandes surpresas ou ousadias. A traseira tem lanternas horizontais semelhantes àquelas que estão nos sedãs da marca, mas com laterais ligeiramente mais arredondadas.

Na mecânica, a Volks não mexeu no seu utilitário. E nem precisava.

Manteve o ótimo motor 2.0 TFSI calibrado para gerar 200 cv de potência a 5.100 rpm e 28,5 kgfm de torque logo nas 1.800 rotações.  Mas, diferentemente de grande parte dos carros da marca que usam esse propulsor, a transmissão usada não é a automatizada de dupla embreagem DSG e sim a automática Tiptronic de seis velocidades.

Mesmo assim, o desempenho é um dos pontos fortes do Tiguan. O zero a 100 km/h é cumprido em 8,5 segundos e a velocidade máxima é de 207 km/h. O modelo ainda é equipado com o sistema de tração integral 4Motion.

De acordo com a Volks, em situações normais, 90% da força é dirigida para as rodas dianteiras do carro, mas, dependendo da necessidade, 100% do torque pode ser enviado para o eixo traseiro.

A distribuição da força é feita por uma embreagem eletrohidráulica multidiscos integrada ao diferencial traseiro e é controlada eletronicamente.

Ponto a ponto

Desempenho – A reestilização do Tiguan não passou pelo conjunto mecânico. E isso significa que o crossover manteve o bom motor 2.0 TFSI de 200 cv e 28,5 kgfm de torque.

Acoplado com uma transmissão automática de seis velocidades, o propulsor move o carro com boa desenvoltura, com quantidade adequada de força em quase todas as situações. A aceleração de zero a 100 km/h declarada pela Volks é de 8,5 segundos. Boa marca para um carro dessas dimensões e proposta. Nota 8.

Estabilidade – Mesmo sendo um veículo de médio porte, com elevada estatura, o Tiguan é bem correto nas curvas. A suspensão rígida ajuda a manter o modelo da Volks sempre colado ao chão. A tração integral 4Motion é outra que ajuda um carro do tamanho do Tiguan ser bem neutro nas curvas, sem menções de desgarrar. Nota 8.

Interatividade – Como todos os Volkswagen, o Tiguan é um carro bastante correto para o uso do motorista. Os comandos são bem intuitivos e estão todos a mão. Outro destaque é o sistema de entretenimento com tela touchscreen, que comanda diversas funções do carro. Seu funcionamento é bem simples. Nota 8.

Consumo – A Volks declara uma média de consumo combinado de 9 km/l. Entretanto, no test drive de apresentação, o computador de bordo acusou um consumo de 7,5 km/l em um trajeto em grande parte feito na estrada. Nota 6.

Conforto – O Tiguan oferece uma boa  dose de conforto para todos os seus ocupantes. Há espaço suficiente para pernas e cabeças tanto na dianteira quanto na traseira. O banco de trás ainda é longitudinalmente regulável, o que permite aumentar ainda mais o espaço. A suspensão absorve com competência as imperfeições do piso. Nota 8.

Tecnologia – A plataforma do Tiguan não está mais entre as mais modernas. Foi lançada junto com o Golf V na Europa, em 2003. Pelo menos, a Volkswagen compensa oferecendo um motor moderno, com turbo e injeção direta de combustível e uma lista de equipamentos condizente – mesmo que os itens mais instigantes estejam na lista de opcionais. Nota 7.

Habitalidade – Há uma boa oferta de porta-objetos no interior do Tiguan. Não é difícil achar lugar para espalhar itens pelo interior do modelo alemão. Os acessos também são facéis, mesmo para um carro de perfil elevado. O porta-malas leva razoáveis 470 litros. Nota 8.

Acabamento – Sem nenhum grande revolução no acabamento interno, o Tiguan faz um bom papel nesse aspecto. Os materiais são de bom toque e aparentam qualidade. Exceto pela parte inferior, o painel todo é revestido com plástico emborrachado. Algo praticamente obrigatório para um carro de mais de R$ 100 mil. Nota 8.

Design – O face-lift feito pela Volks no crossover foi bem discreto. Mudou apenas a porção dianteira e as lanternas. Funcionou para dar uma rejuvenecida, mas nada que chegue a chamar a atenção. Continua com um desenho simples. Nota 7

Custo/benefício – Frente à forte concorrência, o Tiguan oferece a mais o ótimo conjunto mecânico. Nenhum de seus rivais tem um motor com a mesma capacidade. Mas, para isso, a Volks cobra. Por R$ 110 mil, o Tiguan se enquadra praticamente em outra categoria, mais distante de Hyundai ix35, Kia Sportage, Peugeot 3008 e companhia, todos beirando os R$ 90 mil. Nota 5.

Total – O novo Volkswagen Tiguan somou 73 pontos em 100 possíveis.

novo tiguan 2012 auto press 5

Primeiras impressões – Equilíbrio dinâmico

Belo Horizonte/MG – Esteticamente, a linha 2012 trouxe pouco de novo para o Tiguan. É verdade que a dianteira foi modificada, ficando mais atualizada e ganhando a atual identidade visual da Volkswagen, mas nada muito radical. Ficou um desenho mais harmônico, mas continua bastante “comum”.

Ao menos, essa aparente mudança discreta se manteve para o conjunto dinâmico, pois lá, existia pouca coisa para melhorar do antigo modelo. O motor 2.0 TSI é excelente. Com torque máximo disponível a apenas 1.800 rotações, ele dá ao motorista aquela sensação de ser pressionado no banco quando se pisa fundo no acelerador.

O que quebra um pouco o desempenho instigante do Tiguan é a transmissão automática de seis velocidades. Apesar de ser boa e bem escalonada, ela dá alguns trancos nas trocas. É só efetuar uma redução que o carro todo chacoalha. O apelo familiar que o desenho poderia explicitar também fica para trás quando o crossover pega uma série de curvas.

No test drive proposto pela Volkswagen, o Tiguan foi muito competente quando enfrentou uma sequência sinuosa, mostrando boa aderência e comportamento bem neutro. Parte disso se deve a suspensão, bem calibrada. Mas o principal responsável é a tração integral.

Ela é essencial para fazer que um carro do tamanho e do peso do Tiguan manter a sua trajetória quando a física tenta fazer o contrário. Até em um trajeto de terra batida com cascalho, o carro foi bem. Não apresentou tendência para escapar em nenhum momento. O que o Tiguan tem de realmente novo é a lista de equipamentos.

Mesmo com grande parte deles estando entre os opcionais, o carro conta com boa quantidade de tecnologia embarcada. A versão testada estava equipada com o GPS integrado ao painel. Na pequena tela de 5 polegadas o sistema se mostrou bem atualizado e com respostas rápidas.

Outro aparato bastante útil é a segunda geração do Park Assist, que estaciona o carro sozinho em vagas paralelas ou perpendiculares. Basta pressionar um botão no painel e deixar a eletrônica fazer o resto. O motorista só precisa controlar o freio enquanto o volante vira sozinho para entrar na vaga.

O interior do crossover também pouco mudou. Os bancos – com ótimo apoio nas laterais – agora vêm de série com uma faixa de couro no centro. Isso significa que o bom acabamento interno continuou, assim como o espaço interno. No quesito ergonomia, falha apenas para as mesinhas estilo avião na traseira.

Apesar de serem úteis, a sua abertura requer um certo contorcionismo. Como elas abrem de baixo para cima, é inevitável que se esbarrem com as pernas de quem estiver sentado.

Ficha técnica – Volkswagen Tiguan

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.984 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível, acelerador eletrônico e turbocompressor com intercooler.

Transmissão: Câmbio automático sequencial de seis velocidades à frente e uma a ré. Tração integral. Oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 200 cv a 5.100 rpm.

Aceleração 0-100 km/h: 8,5 segundos.

Velocidade máxima: 207 km/h.

Torque máximo: 28,5 kgfm entre 1.700 rpm e 5 mil giros.

Diâmetro e curso: 82,5 mm x 92,8 mm. Taxa de compressão: 9.8:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo Fourlink, com braços sobrepostos, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 235/55 R17.

Freios: A discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS e EBD.

Carroceria: Utilitário esportivo médio em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,42 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,66 m de altura e 2,60 m de entre-eixos. Oferece airbags duplos frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina.

Peso: 1.585 kg com 645 kg de carga útil.

Capacidade do porta-malas: 470 litros.

Tanque de combustível: 63,5 litros.

Produção: Wolfsburg , Alemanha.

Lançamento mundial: 2007

Lançamento no Brasil: 2009.

Reestilização: 2011.

Itens de série: Ar-condicionado de duas zonas, airbags frontais, laterais e de cortina, ABS, EBD, controle de estabilidade e de tração, rádio com tela touchscreen, freio de estacionamento elétrico, trio elétrico, sensor de chuva e luminosidade, bancos parcialmente revestidos de couro Alcântara, volante multifuncional, display colorido do computador de bordo, conexão Bluetooth e para iPod no rádio e detector de fadiga.

Preço: R$ 110 mil.

Opcionais: Partida por botão, Park Assist, GPS, faróis bi-xenon com led, bancos de couro, ajuste elétrico do banco para o motorista, rodas de 18 polegadas e teto solar panorâmico.

Preço completo: Não divulgado.

Por Auto Press

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X