Avaliação do Renault Megane E-Tech: Presença em cena

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Com o crossover Megane E-Tech, a Renault quer ganhar visibilidade entre os modelos 100% elétricos

O mercado brasileiro emplacou quase 2,16 milhões de automóveis e comerciais leves de janeiro a dezembro de 2023.

Desses, 19.310 eram modelos 100% elétricos – o que dá menos de 0,9% do total. Apesar da participação ainda pequena, as vendas de elétricos apresentaram um crescimento de mais de 128% na comparação com os 8.458 emplacamentos do ano anterior.

Contudo, no último mês de dezembro, os modelos abastecidos somente em tomadas surpreenderam ainda mais ao atingir um “share” de 2,5% – seu melhor resultado histórico no Brasil.

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A evolução na demanda animou marcas como BYD, Volvo e GWM, que investiram nos elétricos e disputam o protagonismo brasileiro do segmento. Já outras marcas preferem estratégias mais cautelosas.

É o caso da Renault, que comercializa o elétrico Kwid E-Tech no Brasil desde 2022 e resolveu ampliar sua oferta, em setembro do ano passado, com o Megane E-Tech.

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O Megane E-Tech no mercado nacional, e seus detalhes

Desde o lançamento, há quatro meses, o preço permanece nos mesmos R$ 279.900 – apesar da volta do imposto de importação sobre os carros eletrificados, válida desde o dia 1º de janeiro e que já impactou diretamente os preços de alguns concorrentes.

Produzido na França, na fábrica de Douai, e lançado na Europa em 2021, o crossover elétrico da Renault tem 4,20 metros de comprimento, 2,05 metros de largura (incluindo os retrovisores), 1,52 metro de altura e 2,68 metros de distância de entre-eixos.

O Megane E-Tech apresentou a linguagem de design “Sensual Tech”. O desenho sinuoso dos ombros da carroceria e o capô arqueado co-existem com formas retas e definidas, de aspecto aerodinâmico.

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Nos faróis full-led, as luzes de rodagem diurna se estendem até as saídas laterais do para-choque. Na traseira, filamentos micro-ópticos formam duas faixas que criam um efeito 3D. Ao acionar a abertura da porta, luzes projetam o logo da Renault no chão.

A robustez é ressaltada pela linha de cintura alta, pelas rodas diamantadas Oston de 18 polegadas e pelas proteções nas caixas de roda. Já a linha descendente do teto e as bitolas alargadas evocam o visual dinâmico dos cupês.

As maçanetas das portas são embutidas na carroceria – quando o motorista se aproxima ou quando o veículo é destravado, elas aparecem automaticamente.

A capacidade do porta-malas é de até 440 litros e os cabos de recarga fica em um compartimento de 33 litros, sob o forro do assoalho.

O crossover é oferecido nas cores Cinza Rafale (a do modelo testado), Cinza Schiste e Azul Nocturne, sempre com teto preto Étoilé – as cores não geram acréscimo no preço. Não há outros opcionais.

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Motorização e baterias

O motor síncrono eletricamente excitado (EESM) entrega 220 cavalos de potência e 30,6 kgfm de torque. Pesa apenas 145 quilos (incluindo a transmissão) e conta com quatro níveis de frenagem regenerativa, que permite recuperar a energia cinética da desaceleração, transformando-a em energia elétrica.

Já a bateria de 60 kWh tem 395 quilos e fica posicionada sob o assoalho, composta de 12 módulos de 24 células cada, distribuídos em duas camadas, com garantia de oito anos ou 160 mil quilômetros.

No uso misto, a autonomia é de 337 quilômetros no PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular). O modelo é compatível com as infraestruturas de recarga em corrente alternada (AC) e de corrente contínua (DC) de até 130 kW (sistema de recarga combinado).

Para carregar até 80% da bateria em DC 130 kW (carregamento rápido) são necessários apenas 36 minutos. Já em um Wallbox de 22 kW, leva uma hora e 50 minutos.

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O Megane E-Tech traz de série o cabo modo 3 para recarga em terminais públicos ou privados. Para tomadas tradicionais, é oferecido como acessório o cabo flexicharger.

Experiência a bordo – Proposta explícita

A posição de condução do Megane E-Tech é agradavelmente baixa, similar à dos hatches. Dentro, fica evidente que o objetivo dos designers da Renault foi insinuar tecnologia e ir além dos materiais tradicionais.

O painel de bordo é revestido de material têxtil 100% reciclável, e o acabamento de bancos tem costuras na cor amarela e branca. O contorno superior do painel de bordo e a moldura de cima dos painéis das portas são ornados com um revestimento em alcântara.

Os ajustes do banco do motorista são manuais – algo difícil de se entender na faixa de preços praticada. A localização da alavanca de transmissão atrás da direção liberou espaço entre os bancos dianteiros, onde há um porta-objetos com capacidade de sete litros.

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Na frente, o apoio de braço central integra um porta-objetos com dois conectores USB tipo C e uma tomada de 12 V. O carregador por indução fica abaixo do multimídia.

Atrás, foram instalados dois outros conectores USB do mesmo tipo. O ar-condicionado é automático e digital dual-zone.

O cluster digital de 12,3 polegadas é personalizável, com oito perfis de cores, e a tela de multimídia OpenR mede 9 polegadas. A luz ambiente também pode ser personalizada no volante.

Uma camada de espuma amortecedora foi instalada entre o assoalho do veículo e toda a superfície da bateria, o que amplia a sensação de conforto acústico – percepção complementada pelo isolamento duplo das portas.

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Em um ambiente tão silencioso, os alertas sonoros emitidos pelo Megane E-Tech – para indicar setas acionadas ou cintos de segurança desafivelados – foram criados para inspirar modernidade, assim como o sistema de alerta sonoro externo, que avisa os pedestres sobre a presença de um carro em movimento – não há o barulho dos motores convencionais.

Impressões ao dirigir – Fácil de gostar

O famoso torque instantâneo – disponibilização quase imediata do torque máximo quando o motorista acelera forte – é um dos prazeres mais valorizados nos modelos 100% elétricos.

No caso do Megane E-Tech, tal prazer é potencializado pelos robustos 30,6 kgfm, que chegam integralmente às rodas frontais quando o motorista pisa fundo no acelerador, se traduzindo dinamicamente em uma aceleração de zero a 100 km/h em 7,4 segundos.

A velocidade máxima é limitada em 160 km/h, para poupar energia. Na cidade, é um crossover ágil e silencioso, com convivência agradável e rodagem bem confortável.

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Nas estradas, o motor de 220 cavalos entrega uma performance dinâmica exuberante, favorecida pela bateria localizada no assoalho, que melhora o centro de gravidade, proporcionando equilíbrio em trechos sinuosos e aumentando o prazer de dirigir.

O volante hexagonal tem boa pegada. A suspensão multilink traseira com braços paralelos e a direção bastante direta reforçam a agilidade nas manobras rápidas.

Ao desembarcar no Brasil, o modelo teve sua altura de suspensão aumentada em dois centímetros, resultando em 15,3 centímetros de vão livre até o solo. Além disso, as rodas são aro 18 (pneus 195/60), menores que as de aro 19 adotadas na versão europeia.

Três modos pré-programados de direção – “Eco”, “Confort” e “Sport” – buscam melhorar a experiência do motorista e um quarto, o “Perso”, permite personalizar totalmente as regulagens.

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Os quatro níveis de frenagem regenerativa são selecionados por meio de “paddles-shifters” no volante: do nível zero (sem frenagem recuperativa) ao nível 3 (recuperação máxima e freio-motor otimizado).

No nível 3, dá para controlar o carro apenas acelerando para andar ou tirando o pé para parar – o que aumenta a autonomia e poupa expressivamente o sistema de freios.

Como em qualquer carro elétrico, carregar o Megane E-Tech é simples como um celular – basta colocar na tomada na hora de dormir, que no dia seguinte ele está pronto para uma jornada de intensa atividade.

Como a autonomia aferida pelo PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular) é de 337 quilômetros e é possível carregar até 80% da bateria em um DC 130 kW (carregamento rápido) em apenas 36 minutos, dá até para pegar a estrada e viajar sem preocupações – nos trajetos mais longos, é bom prever pausas para o lanche em locais com pontos de recarga elétrica rápida (que felizmente estão cada vez mais fáceis de se encontrar).

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Os riscos de colisão são reduzidos por sistemas como os alertas de saída de faixa (LDW) e de pontos cegos (BSW) e o assistente de manutenção de faixa (LKA).

Este último incorpora o ELKA (assistente de manutenção de faixa de emergência), que associa os dados da câmera frontal e dos radares laterais, reposicionando o veículo automaticamente na faixa se for detectado um risco de colisão frontal ou lateral ao iniciar uma ultrapassagem ou se o carro começar a sair da faixa.

Já o piloto automático adaptativo com stop&go utiliza o radar e a câmera dianteira para manter a velocidade de cruzeiro desde que a distância de segurança selecionada seja respeitada.

Como o design do teto baixo em estilo cupê do Megane E-Tech e a linha de cintura elevada resultaram em um vidro traseiro de pequenas dimensões, a Renault substituiu o espelho interno por um monitor da câmera traseira, que entrega uma imagem sem distorções e ainda reforça o estilo “hi-tech”.

Em um modelo tão instigante e divertido, um detalhe da ergonomia mereceria ser aprimorado: as alavancas de seleção de funções localizadas no lado direito do volante.

Não é incomum que o motorista acione equivocadamente o limpador de para-brisa quando pretendia engatar uma ré – e há ainda uma terceira alavanca, para o áudio. Os comandos poderiam ser mais bem distribuídos.

Ficha Técnica – Renault Megane E-Tech

Motorização: E-Tech EV40 síncrono eletricamente excitado (EESM). Baterias de íons de lítio.
Potência: 220 cavalos
Torque: 30,6 kgfm
Carroceria: monobloco, crossover médio com 4 portas para 5 passageiros
Dimensões: 4,20 metros de comprimento, 2,05 metros de largura (incluindo retrovisores), 1,52 metro de altura e 2,68 metros de distância de entre-eixos
Peso: 1.680 quilos
Porta-malas: 440 litros (1.330 litros com o banco traseiro rebatido)
Altura em relação ao solo: 13,5 centímetros
Tração: dianteira
Direção: elétrica com assistência variável
Pneus: 195/60 R18
Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
Preço: R$ 279.900

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Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira - AutoMotrix

Jornalista carioca que trabalha com jornalismo automotivo desde 1992. Em 2018 criou a Agência AutoMotrix e, em 2020, a revista "Roda Rio".