É se fazendo carros que são a moda do momento, e que agradam o que o público quer, que as montadoras conseguem cobrar cada vez mais caro pelos mesmos modelos.
O Fiat Fastback, como você provavelmente já sabe, é um projeto feito em cima do Cronos, mas, ao invés de ser vendido na faixa entre R$ 95.990 e R$ 114.990, como o Cronos, é vendido entre R$ 119.990 e R$ 167.990.
Em parte, sabemos que o preço maior é justificável, pelo conjunto mais moderno, pela motorização melhor, por mais equipamentos, etc.
Mas no caso do Fastback Abarth, temos um carro de R$ 167.990, um valor bem alto pelo que ele entrega (e olha que no lançamento, eram R$ 159.990), sendo claramente focado em quem realmente quer as qualidades esportivas da versão especial.
Por menos, potência igual dentro de casa
O Fastback Abarth anda muito bem. Não concordo com quem afirma que ele só tem aparência de carro rápido (a não ser que estejamos comparando a versão Abarth com a Limited, aí realmente não se tem diferença).
Infelizmente, na realidade do Brasil, comprar um carro com motor 1.3 Turbo de 185 cavalos, com aceleração de 0-100 em apenas 7,6 segundos, com mudanças mecânicas, para entregar mais esportividade, suspensão mais firme, etc., já é algo bem diferente da realidade dos carros ano 2024 nas ruas.
Não é esportivo lá fora, mas aqui é sim. E não estamos falando apenas do motor forte, mas todo um conjunto modificado para entregar maior esportividade, com entrega mais antecipada tanto de potência quanto de torque.
Até o ronco é mais forte do que em seu irmão Pulse Abarth, que ao invés de saída dupla, como no Fastback, tem apenas uma saída de escapamento central.
O problema é que, quando pensamos apenas no valor pago, dentro da própria Stellantis, temos hoje o Jeep Renegade, modelo básico, de R$ 118.290, que já conta com o mesmo motor.
Ele vai acelerar de 0-100 em um tempo cerca de um segundo mais lento, mas ainda assim, são números interessantes.
Você pode estar querendo um Fastback, de qualquer jeito, e não ter interesse em um Renegade, mas o que citei acima é para mostrar que o Fastback Abarth tem preço bem salgado, para o que entrega no pacote.
Agora, se você, como diz o título dessa avaliação, quer muito um carro esportivo para usar no dia-a-dia, pode ir em frente, pois são pouquíssimas as opções pelo menos parecidas no Brasil.
Desempenho (e ronco) extremamente divertidos…
Seu desempenho é sensacional. Mesmo que Renegade, Compass e outros modelos do grupo Stellantis também sejam equipados com o mesmo motor, aqui as sensações são diferentes.
Fica claro, depois de alguns minutos andando no Fastback do escorpião, que ele tem uma suspensão diferenciada, mais firme, e mudanças na central eletrônica do motor, para soltar aqueles famosos pipocos no escapamento e conquistar o motorista bem rapidamente.
A direção também é mais direta, levando a comandos rápidos e precisos. As rodas são mais largas, com 18 polegadas, e pneus de perfil bem baixo.
Principalmente quando acionamos o botão vermelho “Poison” (veneno) no volante, você quer ficar brincando de acelerar o tempo todo. Com ele, a direção fica mais direta, e o torque é entregue rapidamente, com o câmbio trabalhando para entregar trocas mais rápidas de marcha.
Mesmo fora do modo “Poison”, o câmbio do modelo Abarth tem uma programação diferente, o que não é bom se você quer andar em uma espécie de modo “Comfort”, no uso diário, pois ele sempre vai segurar mais as marchas do que o Fastback Limited, ou mesmo a dupla Renegade e Compass, e rodar em giros mais altos.
Por isso (e também porque ficamos o tempo todo brincando de acelerar) que na semana em que ficamos com o carro, conseguimos um consumo médio de apenas 7,8 km/l com gasolina, na cidade, em um percurso de uns 180 quilômetros que rodamos.
Mas, como sua proposta é de esportividade, o dono nem vai se importar muito com o gasto maior de gasolina.
O esportivo freia muito bem, graças aos discos dianteiros de 315 mm, mesmo tendo míseros tambores nas rodas traseiras. Vale notar que seus pneus são diferenciados dos demais Fastback, modelo Goodyear Eagle F1 (embora o Pulse Abarth tenha pneus melhores, Dunlop SP Sport Maxx).
Creio que o câmbio seria o terceiro ponto para se pensar antes de comprar o cupê, além do preço e do ronco, com os giros mais altos o tempo todo, que citei acima.
Se o modelo usasse o câmbio automático de nove marchas, que é usado em outros produtos da Stellantis com o motor T270, talvez o giro nem precisasse ficar tão alto o tempo todo, para entregar um desempenho interessante.
Um lado positivo é que, ao mesmo tempo em que entrega toda essa esportividade, também tem uma altura de SUV, em relação ao solo, o que ajuda a rodar em ruas e estradas ruins, deixando de lado a máxima de que carro esportivo, ou esportivado, precisa ser bem baixo.
…mas velho não gosta de carro barulhento
Se você, assim como eu, tem mais de 40 anos de idade, é muito provável que não irá gostar do ronco esportivo do Fastback Abarth.
Não que ele tenha um barulho exagerado, como se fosse um Gol quadrado no qual o dono retirou os abafadores e deixou apenas o cano direto, anunciando umas três quadras antes que está chegando, tamanho o barulho infernal.
Mas o ronco do Fastback Abarth invade bem a cabine, justamente para agradar quem quer a sensação diferenciada de ter um carro esportivo. E, esse ronco é mais forte e se faz mais presente do que no Pulse Abarth.
Isso pode ser legal por algumas horas, mas quando você está usando o carro durante uma semana, sem parar, começa a incomodar.
Mais uma vez: se você realmente quer um esportivo (e tem lá seus 20 e poucos anos, ou até mesmo uns 30), vá em frente.
O preço alto eleva muito as expectativas
O valor de quase R$ 170.000 pedido pelo Fastback Abarth não é só alto pelo que ele entrega, mas também acaba causando alguns problemas em outras áreas.
Quando você entra no modelo pela primeira vez, tendo já conhecido as versões mais simples e baratas do Fastback, espera um acabamento e um interior muito diferenciado, sendo que na verdade ele é pouca coisa mais refinado e interessante.
As hastes atrás do volante, lembram o Fiat Palio. A tampa do porta-luvas sempre está totalmente desalinhada com o painel, em qualquer Fastback que você entrar. A iluminação interna é bem fraquinha.
Os bancos mais estreitos do Cronos não suportam o corpo muito bem, o banco do motorista é alto demais para uma tocada esportiva, o teto é baixo e o espaço para as pernas dos ocupantes não é muito generoso…
Ah, e nem precisamos falar que ele tem apenas quatro airbags, né? Não custaria nada apenas essa versão mais cara e completa ser equipada com seis.
Pelo menos o painel digital tem uma grafia toda especial para o modelo esportivo, e temos também um acabamento melhor do que os outros Fastback, com faixa macia ao toque, atravessando todo o painel.
A alavanca de câmbio também é forrada em couro.
Infelizmente, quando entramos no site da Fiat, vemos que as outras versões também estão com preços bem altos, R$ 150.000 em um Audace 1.0 e R$ 160.000 em um Impetus 1.0, o que a marca acaba fazendo para engordar os lucros e fazer parecer que o Abarth não é assim tão caro.
E, pra falar a verdade, se você parar pra pensar que apenas R$ 8.000 separam um Abarth de um Impetus 1.0, acabou não ficando tão caro. Ou ambos são caros demais? Acho que vou na segunda opção.
Se você tem interesse em ter um Fastback bem completo, melhor do que aquele com motor 1.0 do seu vizinho, pense no modelo Limited, que antes, custava R$ 5.000 a menos do que o Abarth.
Infelizmente, agora, a diferença de preço caiu para R$ 3.000, R$ 164.990 contra R$ 167.990.
Resumindo, se você quer mesmo um esportivo, vai fundo e não se arrependa. Mas, lembre-se de que o modelo tem seus prós e contras, típicos de modelos mais esportivos.
Uma opção igualmente interessante, só que mais barata, é o Pulse Abarth. Mas, ao mesmo tempo em que é mais barato, é um carro ainda mais simples do que o Fastback.
E ele também tem um comportamento dinâmico menos equilibrado que seu irmão cupê.
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