
Se o desempenho um dos maiores problemas da Fiat Titano, isso ficou no passado com a chegada da linha 2026.
A grande estrela da renovação é o novo motor 2.2 turbodiesel Multijet II, já usado em modelos como Jeep Commander e Fiat Toro, que entrega 200 cv e 45,9 kgfm.
A versão Ranch testada é a mais completa da linha e custa R$ 285.990, o que coloca a picape na briga direta com versões intermediárias de rivais consagradas como Toyota Hilux e Ford Ranger.
Postamos uma avaliação deste modelo bem recentemente aqui no Notícias Automotivas. A razão para isso é que a Fiat cedeu o modelo para nosso editor em São Paulo e também para nós, em outra região do país, ao mesmo tempo.
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Motor forte, bom câmbio e consumo interessante
A força do motor da Titano, associada ao câmbio automático de oito marchas da ZF, faz com que ela finalmente tenha respostas rápidas e bom desempenho em qualquer situação.
O consumo também melhorou: segundo o Inmetro, são 9,9 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada, e na nossa semana de testes, ficamos com 9,8 km/l dentro da cidade.
Outro destaque da reestilização está no novo sistema de direção com assistência elétrica, que substitui o antigo conjunto hidráulico pesado e impreciso.

O volante ficou mais leve em manobras (apesar de ainda ser pesado se comparado com carros menores) e transmite mais segurança em velocidades mais altas, mesmo que ainda falte um pouco de precisão no centro da direção.
A suspensão também foi totalmente retrabalhada, com novos amortecedores, molas e coxins.
O resultado é uma picape mais confortável, que lida melhor com buracos, valetas e pisos irregulares, sem perder sua robustez.
A tração 4×4 com reduzida e seletor de terrenos mostra que a Titano está preparada para encarar lama, areia ou trechos íngremes, mesmo com a caçamba carregada.

Por falar nela, a capacidade de carga segue em 1.020 kg, e o volume útil é de 1.210 litros.
Mas nem tudo são flores.
Falta refinamente para esta faixa de preço
A Fiat promoveu melhorias importantes na parte mecânica, mas o interior da picape continua com cara de projeto antigo, herdado da Peugeot Landtrek.
O painel usa plásticos duros por todos os lados e passa uma sensação simples demais para um veículo que beira os R$ 300 mil.

O layout é funcional, mas o visual lembra carros de entrada, com teclas estilo “piano” e comandos que destoam de outras picapes da categoria.
Detalhes incômodos aparecem no uso diário: o quebra-sol do motorista, por exemplo, não tem espelho, e o carregador de celular por indução é opcional mesmo na versão mais cara.
Enquanto isso, o acendedor de cigarro segue firme, em pleno 2026.

Central multimídia bem chinesa
A central multimídia tem tela de 10 polegadas e conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay, mas a resposta ao toque é lenta e a interface pouco intuitiva.
O painel de instrumentos traz uma nova tela digital de 7 polegadas entre dois mostradores analógicos, o que melhora a leitura das informações, mas ainda fica atrás do que se espera hoje em dia nesse nível de preço.
Para os passageiros traseiros, há saída de ar, entrada USB e apoios, mas o espaço é justo.
Quem tem mais de 1,80 m sofre com joelhos encostando no banco da frente e teto baixo.

Agora com mais segurança
O pacote de segurança é um avanço.
A versão Ranch inclui piloto automático adaptativo, alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa e monitor de ponto cego.
Também há câmera 360° com visão 3D da picape e sensores dianteiros e traseiros, recursos bem-vindos em uma picape com mais de 5,3 metros de comprimento.
Os freios agora são a disco nas quatro rodas e transmitem confiança nas frenagens, com pedal progressivo e bom controle mesmo com carga.

Mas o isolamento acústico ainda poderia ser melhor.
Apesar da evolução, o motor trabalha com giros altos em aclives, forçando o câmbio a reduzir até três marchas em subidas e gerando ruído constante na cabine.

Ar-condicionado bem indeciso
Um ponto que passou batido em muitas avaliações, mas que merece ser destacado, é o funcionamento do ar-condicionado.
Mesmo sendo digital, com duas zonas de climatização, o sistema demora muito para atingir a temperatura desejada.
Em dias quentes, é preciso rodar vários minutos até que o interior fique de fato confortável.

Esse atraso na climatização compromete a primeira impressão e gera desconforto, especialmente para quem usa a picape em regiões de clima quente ou com uso urbano intenso.
A sensação é de que o sistema precisa ser mais eficiente e mais rápido na refrigeração da cabine, condizente com o porte e a proposta do veículo.
Não é que ele não consiga resfriar a cabine com rapidez. Ele parece ficar pensando muito longos períodos de 10 a 20 segundos, para só depois “se decidir”, por assim dizer.

Além disso, a Fiat poderia ter aproveitado a reestilização para adotar saídas de ar com controle de intensidade para a segunda fileira de bancos.
Mesmo com ar-condicionado traseiro, não há como regular o fluxo ou a temperatura, o que pode gerar desconforto para os ocupantes nos bancos de trás.
Preços mais altos
Outro fator que chama a atenção é a política de preços da Fiat.

Apesar de estar mais equipada e tecnicamente evoluída, a Titano Ranch encareceu R$ 25 mil em relação ao modelo anterior.
A diferença só faz sentido se o cliente testar o carro e sentir as mudanças na prática, porque visualmente a picape pouco mudou.
A carroceria mantém o mesmo desenho e as mesmas proporções.
A dianteira tem identidade Peugeot, com as tradicionais “garras de leão” no DRL, o que pode não agradar a todos.

A cor vermelha Montecarlo é a única gratuita.
Qualquer outra tonalidade — inclusive branco sólido — exige acréscimo de R$ 1.500 a R$ 2.490, o que encarece ainda mais um modelo que já tem preço elevado.
Perante a concorrência
É verdade que, frente às concorrentes diretas, a Fiat ainda consegue ser mais agressiva na tabela.

Porém, a diferença de valor se justifica apenas pelo pacote de segurança e equipamentos, já que acabamento e refinamento continuam sendo os pontos fracos.
No fim das contas, a Titano Ranch 2026 é uma picape que melhora significativamente onde mais precisava, com nova motorização, melhor dirigibilidade e mais tecnologia embarcada.
Mas ainda tropeça em detalhes que comprometem a experiência do usuário, principalmente em conforto, acabamento e usabilidade.
A Fiat acerta em trazer uma opção mais potente e acessível em termos de equipamentos, mas precisa evoluir no que se vê e se toca.

Para quem precisa de força, robustez e bom pacote de segurança, a Titano é uma escolha coerente.
Mas quem espera requinte e sofisticação deve olhar com atenção para concorrentes mais maduras.
Hoje, a Titano está entre o carro de frota e o carro do patrão. Para se firmar na garagem de quem paga à vista, ainda falta capricho.
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