O Fusion V6 surgiu na linha 2010 para dar uma “pegada” ainda mais refinada ao sedã da Ford.
Afinal, desde que foi lançado no Brasil – em 2006 –, o Fusion cresceu ao roubar público das versões “top” dos médios concorrentes, como Honda Civic, Toyota Corolla e Chevrolet Vectra.
Como é produzido no México – portanto, isento de imposto de importação em virtude dos acordos comerciais –, o preço competitivo sempre foi um atrativo do sedã por aqui.
Com essa nova versão, a ideia é brigar também com sedãs médios-grandes mais sofisticados, como Hyundai Azera, Honda Accord (veja opinião de dono sobre o Accord 2006), Toyota Camry e Volkswagen Passat.
Acontece que, enquanto a versão mais potente parte de “salgados” R$ 103.360, a variante de entrada – menos potente e sem qualquer diferenciação visual – começa em R$ 83.660. A expressiva diferença de quase R$ 20 mil se reflete no “share” de vendas do Fusion.
Hoje, em 2011, a versão com o motor 2.5 é responsável por 89,5% das vendas, enquanto a V6 AWD representa tímidos 8%, e a versão híbrida, a partir de R$ 133.900, apenas 2,5%.
Para tentar aquecer um pouco as vendas diminutas da versão V6, a Ford acaba de lançar uma inédita opção com tração dianteira, a partir de R$ 94.360.
Por fora, o topo de linha não ostenta diferenças. O grande destaque vai sob o capô.
Lá está o poderoso motor Duratec com seis cilindros em V, bloco e cabeçotes em alumínio, duplo comando no cabeçote com sistema de abertura variável de válvulas na admissão, 243 cv de potência a 6.550 rpm e 30,8 kgfm de torque a 4.300 giros.
Ou seja, com força de sobra para encarar sem temores o peso de uma eventual blindagem – precaução comum em veículos bem cotados entre os grandes empresários e altos executivos.
Este moderno propulsor trabalha em conjunto com a caixa de marchas automática de seis velocidades com opção de mudanças sequenciais. Outro ponto alto da mecânica do sedã mexicano é a tração integral do tipo All Wheel Drive – AWD.
Em termos de equipamentos, o Fusion V6 AWD também está bem servido – como deveria estar qualquer modelo que rompa a barreira dos R$ 100 mil.
Sai de fábrica com seis airbags, freios com ABS e EBD, controles eletrônicos de estabilidade e de tração, tela de LCD de 8 polegadas sensível ao toque, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, sensores de ponto cego e de tráfego cruzado e câmara de ré.
O sistema Sync permite ao motorista interagir com o carro por meio de controles de voz e do monitor touch screen.
Além destes, ainda estão presentes os óbvios ar-condicionado automático, direção elétrica, revestimento em couro, computador de bordo, entre outros. A Ford disponibiliza como único opcional o teto solar elétrico, ao preço de R$ 4 mil.
É natural que, com uma diferença de quase R$ 20 mil, a versão V6 pareça – e realmente seja – cara em relação à de entrada.
Apesar disso, apresenta uma relação custo/benefício interessante em comparação com outros sedãs médio-grandes equipados motor V6, como Toyota Camry XLE 3.5 V6 e Honda Accord EX 3.0 V6 – respectivamente R$ 131 mil e R$ 144.500.
No entanto seu maior rival, o coreano Azera V6, tem preço inicial em “agressivos” R$ 83.860. Não por acaso, o sedã da Hyundai teve 3.975 unidades comercializadas nos cinco primeiros meses do ano. Já o Fusion V6 AWD ficou em tímidas 319 unidades.
Ponto a ponto
Desempenho – Basta pisar no acelerador para perceber a força do motor V6. O Fusion apresenta grande vigor e ganha velocidade com facilidade, apesar dos 1.650 kg. Com seu propulsor de 243 cv de potência, o sedã alcançou os 160 km/h sem grandes dificuldades. A Ford fala em uma máxima de 180 km/h limitada eletronicamente por questões de segurança. O câmbio de seis velocidades também merece destaque. Bem escalonado, sem delays ou buracos entre as mudanças de marcha, esta transmissão beneficia ainda mais a performance do sedã. O zero a 100 km/h foi cumprido em bons 8,5 segundos. Nota 9.
Estabilidade – O Fusion V6 AWD se mostra muito equilibrado em diferentes situações. Nas retas, a comunicação entre rodas e volante se mostrou sempre precisa, enquanto a carroceria torce o mínimo e não é possível notar qualquer sinal de flutuação. Nas curvas, o sedã não faz menção de sair de frente e apresenta uma rigidez torcional elogiável – méritos também para a tração integral. Nas freadas bruscas, o carro fica sempre nas mãos do motorista, graças à suspensão bem calibrada. Em situações mais extremas, o modelo conta ainda com controle eletrônico de estabilidade e freios com ABS e EBD. Nota 9.
Interatividade – Os comandos, sempre ao alcance das mãos e dos olhos do condutor, são bem distribuídos dentro do habitáculo do Fusion. O único porém vai para os comandos do computador de bordo, que causam certa estranheza por ficarem à esquerda da coluna de direção. Os variados ajustes elétricos do banco dianteiro ajudam o condutor a encontrar a posição ideal de dirigir. O Fusion ainda traz o sistema Sync, fruto de uma parceria com a Microsoft. A partir dele, o motorista pode interagir com o carro por meio de controles de voz e do touch screen. Nota 8.
Consumo – O modelo testado obteve média de 6,5 km/l com gasolina, número dentro do esperado para um sedã médio-grande empurrado por um motor V6. Nota 6.
Tecnologia – A versão topo de linha do Fusion é marcada por um feliz tríplice encontro – um poderoso motor V6 de 243 cv, uma moderna transmissão automática de seis velocidades e um eficiente sistema de tração integral AWD. A plataforma, apresentada em 2005 no mercado norte-americano, é relativamente nova. O sistema de conectividade Sync é um dos pontos altos. Este traz tela sensível ao toque de oito polegadas, memória de 10 Gb, DVD e comando de voz. Fora isso, o modelo conta com ABS, EBD, controle eletrônico de estabilidade e de tração, sensores de obstáculos traseiros e da pressão dos pneus e seis airbags. Nota 8.
Conforto – Espaço é que não falta no sedã. Todos os ocupantes contam com ótimo vão para pernas e cabeça. No banco traseiro até três pessoas viajam com conforto. O isolamento acústico se mostra sempre eficiente, mesmo em altas velocidades. Já a suspensão filtra os buracos de forma apenas satisfatória. Nota 8.
Habitabilidade – Os acessos aos bancos dianteiros e traseiros são facilitados pelo bom vão das portas. O porta-malas de 530 litros está dentro da média do segmento. A iluminação é eficiente, com luzes de leitura na frente e atrás. Há uma confortável abundância de porta-trecos. Nota 8.
Acabamento – Como um carro luxuoso que se propõe ser, o Fusion conta com materiais de qualidade agradáveis ao toque e que emprestam requinte ao modelo. Revestimentos dos painéis e bancos são agradáveis ao toque e aos olhos. Além disso, os fechamentos e encaixes são precisos e não há sinais de rebarbas. Nota 8.
Design – A mistura balanceada de linhas angulosas e musculosas garantem imponência para o sedã. Desde o lançamento do último “facelift”, em 2009, a ideia da marca foi justamente ir além da aparência sofisticada e tentar ostentar também um aspecto mais robusto. A estratégia deu certo. Nota 8.
Custo/benefício – Com o motor V6, o Fusion passou a mirar no “andar de cima”. Seu preço, a partir de R$ 103.360, é mais barato que quase todos os médios-grandes com motor V6 do mercado. O problema é justamente o “quase”. Seu maior rival, o Hyundai Azera, parte de R$ 83.860 e atinge R$ 98 mil em sua versão mais completa. Não por acaso, mantém uma folgada liderança do segmento. Nota 6.
Total – O Ford Fusion 3.0 V6 AWD somou 78 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir – Expresso executivo
O Ford Fusion é um daqueles carros bem acertados (veja aqui Ford Fusion – defeitos e problemas), que dão prazer de dirigir.
O poderoso motor 3.0 V6 garante um desempenho mais que convincente, com acelerações vigorosas e retomadas competentes. São 243 cv, o suficiente para levar o sedã aos 160 km/h com facilidade. A velocidade máxima é limitada pela Ford aos 180 km/h.
Mesmo assim, o carro apresenta fôlego de sobra para romper a barreira dos 200 km/h. O câmbio de seis velocidades também merece atenção. Bem escalonado e sem qualquer buraco ou delay, fica evidente sua superioridade em relação à transmissão de cinco velocidades da antiga versão.
Graças a esse conjunto, o carro de 1.650 kg levou bons 8,5 segundos para ir da inércia aos 100 km/h.
O comportamento dinâmico do sedã também é um de seus trunfos.
O Fusion encara curvas em alta velocidade de maneira exemplar. E em caso de o motorista se exceder entram em ação uma série de dispositivos eletrônicos para corrigir a trajetória do veículo. Até os 160 km/h não foi possível notar qualquer sinal de flutuação.
E, mesmo nesta velocidade, a impressão é de se trafegar abaixo dos 110 km/h, graças ao excelente isolamento acústico. Em freadas mais bruscas entram em ação os freios com ABS e EBD e o modelo, mais uma vez, se mantém na trajetória desejada.
No interior, a palavra de ordem é requinte – e não poderia deixar de ser em um carro com tal proposta. É evidente que este não é um modelo das marcas “premium”, mas lá estão materiais de perceptível qualidade, tanto aos olhos como ao toque.
Além do luxo, o motorista ainda conta com uma boa dose de conforto. Há abundância de espaço e os bancos – com regulagem elétrica – parecem abraçar os passageiros.
O único porém vai para a suspensão do sedã, que apesar de macia não filtra tão bem os inúmeros desníveis das ruas e estradas brasileiras. Nada que comprometa a “boa vida” de quem vai a bordo do Fusion.
Outro ponto de destaque do sedã da Ford é o sistema de conectividade Sync, desenvolvido em parceria com a Microsoft. O sistema torna realidade algumas situações de filmes futuristas. O motorista pode controlar vários equipamentos através do comando de voz.
Assim, basta falar para trocar a estação do rádio, intensidade do ar-condicionado e até mesmo ativar o sistema Bluetooth – isso tudo obviamente sem precisar acionar qualquer botão. O sistema, no entanto, ainda não entende o português.
E para controlar estes comandos é necessário “gastar” um pouco do inglês, espanhol ou francês. Outro ponto negativo é o sistema GPS. Enquanto a Ford não desenvolve a habilitação do navegador para o modelo, ele segue inoperante no Brasil.
Apesar dos pequenos contratempos, o Sync é uma inegável atração no Fusion SEL 3.0 V6 AWD (leia também sobre o Fusion SEL 2.5).
Ficha Técnica
Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 2.967 cm³, seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro. Comando duplo de válvulas no cabeçote, com sistema variável de abertura das válvulas de admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de seis velocidades à frente e uma a ré com opção de mudanças sequenciais. Tração integral. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 243 cv a 6.550 rpm.
Torque máximo: 30,8 kgfm a 4.300 rpm.
Diâmetro e curso: 87,4 mm x 94,0 mm. Taxa de compressão: 9,7:1.
Suspensão: Dianteira independente, com braços curtos e longos, molas helicoidais, amortecedores pressurizados e barra estabilizadora. Traseira independente com braços múltiplos, molas helicoidais e amortecedores pressurizados e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: A discos na frente e atrás. ABS e EBD.
Carroceria: Sedã médio-grande em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,84 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,44 m de altura e 2,72 m de entre-eixos. Airbags frontais, laterais e do tipo cortina.
Peso: 1.650 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 530 litros.
Tanque de combustível: 62 litros.
Por Marcelo Cosentino – Auto Press
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