
A Ranger Raptor é um dos veículos mais únicos à venda no mercado brasileiro.
Ela custa nada menos que R$ 490.000, mostrando que bem pouca coisa faz com que ela seja igual os modelos comuns da picape, que custam entre R$ 238.000 e R$ 366.000.
E olha que esse preço é alto mesmo em outros mercados, como nos Estados Unidos, onde a Raptor parte de 55.000 dólares, contra 32.000 dos modelos normais.
Vinda da Tailândia, país que exporta a Ranger Raptor para quase o mundo todo, essa picape super esportiva focada no off-road tem três modos de ajuste dos amortecedores, três modos de ajuste do volante e também quatro modos de ajuste do escapamento duplo.

Seu motor 3.0 V6 biturbo com 397 cavalos de potência (nos EUA tem mais de 400) é ligado a um ótimo câmbio automático de 10 marchas, o mesmo usado no Mustang e na Ford F-150.
Seus pneus são enormes, de medida 285/70R17, e a carroceria, contando os espelhos laterais, tem 2,20 metros de largura, mas sem espelhos, ela é bem mais larga do que suas irmãs mais baratas, o que torna seu uso dentro da cidade um parto.
E, por fim, sua altura é de 1,92 metro, bem mais do que os 1,78 a 1,80 de outras picapes “civis”.
Ficamos com esse monstro por uma semana, e explicamos aqui para você o que achamos dele.

Escalar para entrar, e uma luta no trânsito pesado
Fui pegar a Raptor em uma concessionária Ford, que fica responsável pela frota de veículos para empréstimo, aqui na minha cidade, só que essa concessionária fica em uma região central da cidade, com bastante trânsito.
Inicialmente, aparece aquela dificuldade para entrar na picape, de quem não está acostumado a usar uma picape no dia-a-dia, afinal, ela tem 27,5 centímetros de altura do solo.
Ainda bem que o modelo vem com um estribo lateral que ajuda bastante.
Me ajustei facilmente usando as regulagens elétricas do banco do motorista e parti para o trânsito travado.

Infelizmente, em avenidas com faixas estreitas, com poucos centímetros a mais do que a largura de dois metros e vinte da picape, você fica preocupado o tempo todo, pois não quer invadir a faixa da esquerda e nem a da direita.
As áreas urbanas, especialmente de cidades grandes, não são muito o habitat apropriado para a Ranger Raptor.
Esportiva, sim, mas com um interior muito requintado
O interior da Ranger Raptor é todo refinado, o que se esperaria de uma picape topo de linha, ou melhor, topíssima de linha, e que também é vendida em mercados muito mais exigentes do que o Brasil.
Os detalhes laranja do interior, incluíndo aquela pequena faixa no topo do volante, mostram que se trata de uma picape verdadeiramente esportiva.

Todo o acabamento da cabine da Raptor é de excelente qualidade, e tanto o quadro de instrumentos Full Digital de 12,4 polegadas, o mesmo que equipa a Ford F-150, e a central multimídia com tela em pé, de 12 polegadas, mostram as informações de maneira muito clara.
Apenas não gostei da conectividade da central multimídia com o Carplay, onde o meu celular sempre se conectou rapidamente e sem problemas, mas um outro se conectou apenas uma vez, e depois, durante todos os outros dias do teste, a central se recusou a fazê-lo funcionar com o sistema da Apple.
A junção de conexão sem fio com o celular, com o carregamento via indução faz com que o aparelho se esquente demais, o que leva a um desgaste acentuado da bateria, o que me faz preferir uma conexão com fio, o quão antiquada essa solução seja.

Outros detalhes muito bons do interior da Raptor incluem os bancos dianteiros, que seguram o corpo de maneira perfeita, a inclusão de aquecimento dos bancos, o que é muito útil em regiões mais frias do país, e também a opção de três intensidades do modo Auto do ar-condicionado.
Essas três intensidades ajudam muito as pessoas que não gostam de ar frio direcionado diretamente ao corpo.
Desempenho incrível que também pode entregar um conforto de veículo de luxo
Logo ao pegar a Raptor, temos que fazer aquilo que qualquer um faria: ver como é o desempenho.
Mesmo sem regular todos os ajustes para uma experiência mais off-road e esportiva, a Raptor já tem uma performance que se encontra em pouquíssimos modelos, todos mais caros do que ela.

Mas, deixando a suspensão firme, o volante também, e o sistema de escapamento no modo Baja, o mais barulhento, que o painel recomenda que se use apenas fora de estrada, é pisar fundo que o corpo cola no banco, com o ronco do motor invadindo a cabine na quantidade certa.
Com aceleração de 0-100 km/h em apenas 5,8 segundos, fica mais fácil explicar o quão rápida essa picape é. Ela facilmente deixa para trás um Golf GTI no 0-100.
Outra parte muito divertida de se usar a Raptor dentro da cidade é passar por lombadas e travessias elevadas. As pessoas que estão na picape com você acham que vocês irão bater a cabeça no teto ao fazer isso, mas a suspensão da monstra absorve o impacto com tanta destreza que o resultado é sempre um olhar de surpresa (positiva).

Mas, ao mesmo tempo, se você preferir não focar naquela tocada soviética, pode configurar um volante no modo Comfort, a suspensão no modo Normal e o escapamento no modo silencioso.
Aí a Raptor se torna apenas uma picape de luxo, com todo o conforto esperado de um carro de quase meio milhão de reais.
Com 400 cv e mais de 2.400 kg, você já deve imaginar como é o consumo
Ter uma Ranger Raptor na mão por uma semana é um convite para acelerar, e talvez tenha sido por isso que a média de consumo que conseguimos depois de sete dias de uso tenha sido apenas de 4,5 km/l.

Afinal, uma picape tão grande, tão pesada e com tanta potência, não iria ter consumo de carro 1.6. E isso nem é problema para quem tem R$ 490.000, não concorda?
É claro que poderia ter sido uma média melhor, mas para 95% das cidades do Brasil, inclusive cidades médias e grandes, não acho que seja possível conseguir as médias que revistas e sites localizados na cidade de São Paulo conseguiram, onde em alguns testes falam até de 8,5 km/l em percurso urbano.
São Paulo tem avenidas com extensões e limites de velocidade que se assemelham muito a rodovias, e essa não é a realidade da maioria das pessoas.

Para a Raptor, espere um consumo entre 5 e 6 km/l, é mais razoável pensar assim, até porque a minha média de 4,5 km/l incluiu dois dias de pisadas fortes, mas o restante da semana passou para um modo mais relax de dirigir.
E olha que nem estou localizado em uma cidade minúscula, onde o consumo pode acabar sendo ainda maior.
Sistema de som de verdade
O sistema de som, premium de verdade, da marca Bang & Olufsen, tem 8 alto-falantes, e me lembrou dos anos 90, quando eu assinava a revista Audio Car, que mostrava todos aqueles campeonatos de som que eram febre no Brasil.

Os da USAC focavam nos subwoofers e nos decibéis, mas os campeonatos da IASCA davam prêmios para os melhores sistemas em qualidade e fidelidade, e o termo “palco” era frequente, onde o som que era realmente bom, conseguia te fazer imaginar que o palco estava ali na sua frente, e o cantor estava cantando bem no centro dele.
O som da Bang & Olufsen é incrível, não só na sua qualidade sonora, apresentando esse tal do “palco” que falei, mas também deixou até música de estação de FM com qualidade sensacional.
Outro ponto super positivo é sua potência. Não consegui ouvir com mais do que 30% do volume total que já estava altíssimo.

Não é para todo mundo
Para aqueles que já estão preparados para reclamar nos comentários, que a avaliação fala tão bem da picape, que parece uma matéria paga, saiba que a Ranger Raptor não é para todo mundo.
Seu uso dentro da cidade é bem complicado, não só pela largura das avenidas de várias faixas, mas também pelo uso dentro de estacionamentos subterrâneos, como aqueles de hipermercados e shopping centers em geral.
Em shopping eu nem arrisquei ir, pois seria só passar raiva. Mas fui em um hipermercado.

Tive que abrir a porta para pegar o ticket de entrada, e na hora de estacionar, acabei usando uns 30 centímetros da vaga ao lado, pois não tinha como usar uma vaga que era mais estreita do que a picape.
Também temos a questão do consumo. Não é porque você pagou R$ 490.000 em um veículo que quer torrar dinheiro com gasolina, não é mesmo?
E, por fim, se você já tem 40 anos, ou mais, é quase certeza de que em algum ponto do uso da Raptor, irá se incomodar com o ruído do escapamento esportivo.
Se, por outro lado, não ligar para nada disso, vai fundo na compra!


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