Avaliação: GAC Aion Y tem visual duvidoso e interior simples, mas o desempenho é interessante

A GAC chegou ao mercado nacional com um portfólio variado de carros elétricos e híbridos, com o primeiro segmento tendo o Aion Y como destaque. O crossover de estilo minivan tem duas versões e a mais completa é a Elite, avaliada pelo NA.

Parecendo uma minivan, o Aion Y tem cara de carro de aplicativo e o espaço interno comprova isso, já que o modelo é usado nesse serviço na China , mas aqui a proposta é ser um SUV elétrico descolado.

Custando R$ 187.990, o Aion Y Elite traz um pacote bem interessante de equipamentos que, associado ao desempenho do motor elétrico de 204 cavalos, parece ótimo.

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Ainda assim, o crossover não é exatamente um carro de luxo como seu preço e itens podem sugerir. Vale? Vejamos…

Estranhamente chamativo

O Aion Y é uma fusão de monovolume com crossover e não tem correspondente em sua proposta no mercado, embora sua característica principal possa ser associada ao BYD D1, de aplicativo.

Com frente expressiva, destacada simplesmente pelos faróis full LED com luzes diurnas em forma de asas abertas, o Aion Y tem o restante do frontal liso e limpo, com somente a grade inferior quebrando esse layout.

O Y também apresenta molduras de tom cinza que envolvem as saias de rodas e sugerem seu apelo de “SUV”, mas sua altura está longe de ser um autêntico aventureiro. Seja como for, é o que o mercado aceita, tanto aqui quanto na China.

Oferecendo boa área envidraçada, o Aion Y tem traseira com luzes unidas por uma barra de luz e um visual limpo, como na frente, enquanto o teto tem um vidro panorâmico que abre e as rodas aro 18 com pneus 215/50 em cinza se harmonizam com as saias de rodas.

Dentro, o Aion Y mostra que não tem apego ao luxo, mas à praticidade. Não existem elementos que sugerem uma proposta mais premium, porém, o ambiente é acolhedor.

O enorme espaço interno, especialmente atrás, reforça sua aplicação no transporte diário, com portas traseiras de ótimo ângulo de abertura e piso plano sem degrau nas soleiras.

Tapetes emborrachados que cobrem toda a área ajudam a passar essa mensagem.

Embora a pintura seja um tom pastel de amarelo, dentro o que reina é o verde, assim como o amarelo no volante. Homenagem ao Brasil, certamente. Detalhes metalizados ajudam, assim como revestimento soft nas portas e painel.

O console cortado com um grande porta-objetos amplia a sensação de se estar numa minivan, com direito a slot para celular, porta-copos e mais dois porta-objetos. O volante minimalista e as duas telas de cluster e infotainment estão de acordo.

A instrumentação tem duas opções de visualização e é bem funcional, inclusive com reprodução de veículos e pessoas no melhor estilo Tesla.

Já a multimídia é simples e funcional, mas fica devendo o Android Auto, que já deve ter sido atualizado para o veículo atualmente, mas com conexão somente via cabo, pelo que soubemos.

Ainda existe um compartilhamento de tela de smartphone no painel e o Apple CarPlay, além de monitoramento em 360 graus, ajuste de luzes e retrovisores, bem como abertura do teto solar e do bagageiro, automático.

Os bancos dianteiros têm ajustes elétricos e o do motorista tem ventilação, inclusive com modo inteligente, enquanto o ar-condicionado, apesar de dois comandos de temperatura, só tem uma zona.

Não há comandos de voz como em outras marcas chinesas, assim como a direção é ajustável somente em altura, falhas que podem ser corrigidas adiante.

Atrás, espaço de ônibus executivo com banco tendo apoio de braço central e saídas de ar-condicionado. Lembrou-nos da Ram 1500… Altura interna e largura são boas, enquanto o porta-malas de 361 litros é mediano, mas ajudado em parte pelo banco traseiro bipartido.

Ruim é o sensor de abertura, por bastar passar atrás do carro para abri-lo, o que pode ser ruim se o objetivo não for acessá-lo. Em resumo, exótico por fora e funcional por dentro.

Desempenho satisfatório

Com um motor elétrico de 204 cavalos e 22,8 kgfm, o Aion Y tem um desempenho que se espera dele, afinal, mesmo pesando 1.738 kg, ele parece bem mais leve ao toque do acelerador.

Medindo 4,535 m de comprimento, 1,870 m de largura, 1,650 m de altura e 2,750 m de entre-eixos, o SUV da GAC pode parecer pequeno e leve ao volante, graças à sua força e dirigibilidade.

Nele existem os modos Eco, Normal, Sport e I-Pedal, com o primeiro realmente cortando muito da energia nas saídas e respostas, mas mesmo assim, ainda supera muitos SUVs até mais potentes, já que tudo é entregue quase de uma vez.

Indo de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos, mas com limitação a 150 km/h, o Aion Y não decepciona, em especial no modo Sport, onde o carro mostra toda sua força, apesar da proposta não ser de um esportivo, facilmente perceptível nas reações do SUV à força entregue.

O compromisso do Aion Y é com conforto e o modo Normal é o mais indicado no dia a dia, garantindo uma condução mais prazerosa e até divertida sem gastar tanta energia. Falando nela, pode-se recuperar mais no modo I-Pedal com o uso do freio-motor. Os freios agradecem…

Ágil, o Aion Y se sente à vontade no trânsito urbano, com boa resposta ao volante e facilidade de estacionamento. Na estrada, a boa aerodinâmica também ajuda, assim como seu bom desempenho.

No consumo, o Aion Y fez na cidade o equivalente a 7,24 km/kWh, enquanto na estrada, a 80 km/h, o consumo foi de 6,25 km/kWh, 5,35 km/kWh a 100 km/h e 4,55 km/kWh a 120 km/h.

Bom ou ruim? Tanto faz, já que em carro elétrico o que importa não é o consumo, mas a autonomia. Nesse caso, a bateria de 63,2 kWh do Aion Y garante 490 km no ciclo NEDC e 318 km no Inmetro, mas 430 km é o que realmente você conseguirá rodar com ele.

Aliás, o Aion Y inclusive permite ajustar o mínimo de carga reserva na bateria, uma segurança maior em caso de necessidade eventual na estrada, por exemplo.

Recarregável em tomada doméstica de 220V e aterrada, o GAC tem tensão máxima de 2,2 kW, mas isso já é um alento quando não se tem carregadores rápidos por perto.

Sua bateria tem um bom tamanho e isso ajuda a não depender tanto do uso doméstico frequente. Além disso, pode-se usar carregadores rápidos nas ruas para recompor a bateria, especialmente em viagens.

Sendo assim, o Aion Y pode ir longe, mas assim como qualquer outro carro elétrico, somente com planejamento, afinal, apesar da profusão de carregadores em certos estados, nem todos podem estar disponíveis durante a viagem.

Mas, de volta à direção, o Aion Y tem boa dinâmica de condução, com freios bem atuantes e suspensão com mescla de conforto e firmeza adequados, ainda que tenha curso pequeno, o que é ruim em pisos muito irregulares.

O conforto a bordo é bom, ainda que as imperfeições do solo sejam até reproduzidas um pouco no acabamento. Infelizmente, nossas ruas e estradas estão longe de padrões como da China, o que se torna bem nítido quando andamos em carros como o Aion Y.

Na estrada, a versão Elite tem um pacote ADAS interessante, mas com uma peculiaridade. O modo de direção automática ativa quando percebe boas condições ou não… Não dá para ativá-lo e pronto, é preciso esperá-lo “decidir”.

Quando ele “decide” atuar, o nível é bom, similar ao da Volvo, por exemplo, chegando mesmo a reduzir a velocidade em curvas, dependendo do ângulo. Solicita toque no volante no tempo certo e está de acordo com o que se espera de um ACC de nível 2.

Estigma de aplicativo

Custando R$ 187.990, o Aion Y Elite se diferencia da versão Premium, que custa R$ 175.990, por rodas aro 18, pacote ADAS e assento do motorista com ajuste elétrico e outras coisas.

O pacote de equipamentos é até bom, com quase tudo o que se espera dele, embora tenha decepcionado mais em conectividade. A “mecânica” também agradou pelo desempenho e alcance, assim como enormemente o espaço interno.

Todavia, o visual é um tanto extravagante e chamativo demais para quem busca discrição. A impressão de ser um carro barato com preço alto é perceptível no ambiente a bordo, mesmo com equipamento generoso.

Não passa a sensação de luxo e, ao se observar a parte traseira, vem à mente a ideia de que, numa versão bem mais simples, seria o carro de aplicativo ideal. A cor amarela, então, lembra a dos táxis do Rio de Janeiro, faltando apenas a faixa azul…

Infelizmente, esse é o estigma do Y, mas se você dá de ombros para isso, então ele é um carro elétrico mais aceitável que o rival BYD Yuan Pro, que tem mais cara de SUV, porém, apresenta alcance menor e menos itens.

Vale? Se a comparação for com este último, sim.

GAC Aion Y Elite 2026 – Galeria de fotos

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 29 anos na área automotiva, há 18 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook


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