A ideia de oferecer um crossover que se posicionasse entre o compacto HR-V e o médio CR-V levou a Honda a criar o ZR-V.
Conceitualmente, a marca japonesa planejou um veículo com porte imponente de utilitário esportivo – com amplo espaço interno e boa altura em relação ao solo – mas que entregasse a estabilidade e a experiência de condução dos sedãs, incluindo uma posição de dirigir menos elevada que a dos SUVs.
Lançado mundialmente em junho de 2022, em outubro de 2023, o ZR-V chegou ao Brasil, importado do México – e a projeção da Honda no lançamento era emplacar cerca de mil unidades mensais.
Contudo, em 2024, a média mensal ficou próxima das 500 vendas e, este ano, caiu para exatos 199 emplacamentos mensais, de janeiro a maio.
O modelo ainda mantém o posto de importado mais vendido pela Honda no Brasil e emplaca mais do que o Civic (média de 189 mensais), o CR-V (86) e o Accord (25). É superado apenas pelos Honda compactos, todos “made in Brazil” – o HR-V (média de 5.165 mensais) e as versões hatch (1.239) e sedã (1.382) do City.
De acordo com a Honda, o nome “ZR-V” significa “Z Runabout Vehicle”, uma referência à chamada “Geração Z” – pessoas nascidas entre meados dos anos 90 e o início da década de 2010, uma geração caracterizada por ser nativa digital, que cresceu sob influência da tecnologia e da internet.
As medidas do ZR-V seguem a “encomenda” da Honda e ficam entre o HR-V e o CR-V em todas as dimensões – tem 4,57 metros de comprimento, 1,84 metro de largura, 1,61 metro de altura e 2,66 metros de entre-eixos.
O porta-malas leva 389 litros e a altura livre em relação ao solo é de 17,8 centímetros. Visualmente, o estilo externo do ZR-V escapa um pouco do atual padrão estético da linha Honda, com capô alongado e linhas arredondadas e musculosas.
O conjunto é equilibrado e elegante – sem ousadias extremas, mas com inegável modernidade. Os faróis full-leds finos ressaltam a grade ampla, em estilo colmeia.
Dentro, o ZR-V preserva mais o estilo atual da marca.
O painel tem tela digital de 7 polegadas com velocímetro analógico e uma saída de ar horizontal atravessa o console frontal e “sublinha” a tela da central multimídia com 9 polegadas, posicionada em estilo “flutuante”. O carregador de celular por indução fica no console central.
Em tempos em que os motores compactos, turbinados e eletrificados ganham protagonismo em todos os mercados globais, o “powertrain” do ZR-V aposta no conservadorismo.
O crossover traz, sob o capô, um 2,0 litros aspirado de quatro cilindro a gasolina, com quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote variável na admissão e no escape.
Não há injeção direta. Trata-se de uma evolução do motor 2.0 aspirado que movia o Civic de décima geração (anterior à atual). Trabalha associado a um câmbio CVT com 7 marchas simuladas e entrega 161 cavalos de potência e 19,1 kgfm de torque.
Segundo o Inmetro, a média de consumo fica em 10,2 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada.
Se a motorização do ZR-V não parece tão ousada, em termos de segurança, a Honda optou por apostar mais na modernidade.
O crossover vem com oito airbags – duplos frontais, laterais, de cortina e de joelhos do motorista – e sensores de obstáculos dianteiros e traseiros, com câmera de ré.
O modelo traz ainda o pacote de recursos autônomos de assistência ao motorista (ADAS) denominado Honda Sense, que agrega alerta de colisão com frenagem autônoma, controle de cruzeiro adaptativo com stop&go e monitoramento de faixa.
No site da Honda, o ZR-V aparece com preço a partir R$ 214.500 – o mesmo da época do lançamento.
Conforme algumas concessionárias da marca, o principal “rival” do ZR-V no mercado brasileiro é “interno” – o compacto HR-V, que cresceu 25% na média mensal de vendas em relação ao ano passado.
Não por acaso, a rede de concessionárias Honda tem oferecido descontos e condições especiais de financiamento para o ZR-V.
No mês passado, a linha 2026 do ZR-V foi apresentada no México e deve chegar ao Brasil no segundo semestre.
O novo modelo traz discretíssimas mudanças em comparação ao atual – basicamente, rodas de 18 polegadas no lugar das de 17 polegadas, iluminação ambiente na cor branca e aprimoramentos na conectividade.
O motor de 2,0 litros aspirado não recebeu alterações.
Experiência a bordo – Ambiente familiar
Se na carroceria o ZR-V traz um estilo bem diferenciado em relação à linha Honda, por dentro, o modelo é inequivocamente similar ao restante da linha da marca japonesa, especialmente ao sedã Civic.
O habitáculo é um pouco mais baixo que o padrão do segmento de crossovers médios e, dentro da proposta do ZR-V, a posição dos bancos dianteiros efetivamente é mais assemelhada à dos sedãs.
Todos os bancos têm boa densidade de espuma e ergonomia correta e o do motorista conta com ajustes elétricos. O entre-eixos de 2,66 metros e o piso plano resultam em espaço generoso para as pernas de quem vai atrás. E o teto solar aumenta a sensação de amplitude.
O padrão de acabamento honra as boas tradições da Honda neste aspecto, com muitas superfícies macias e revestimentos em couro sintético. A central multimídia com tela de 9 polegadas tem espelhamento sem fio para celulares.
O ar-condicionado digital é duplo.
O recurso LaneWatch, que coloca na tela do multimídia a imagem da câmera externa para exibição do lado direito do carro quando é acionada a seta para aquele lado, é bem efetivo para alertar sobre veículos no “ponto cego” – mas pode atrapalhar o motorista que está usando a navegação GPS (é possível desligá-lo).
Impressões ao dirigir – Dinâmica suave
Teoricamente, o motor de 2,0 litros aspirado do ZR-V poderia parecer tradicional demais ou até anacrônico em meio aos concorrentes turbinados e eletrificados que brigam no segmento de SUVs médios no Brasil.
Na prática, com seus 161 cavalos e 191,1 kgfm e bem administrado pelo câmbio CVT, o “powertrain” prioriza a suavidade de funcionamento, mas consegue impor um desempenho dinâmico convincente ao crossover da Honda.
A potência e o torque máximos só ficam disponíveis em giros altos, porém, não há percepção de falta de vigor em nenhuma faixa de rotação.
As acelerações são consistentes e progressivas, com ganhos de velocidade lineares, sem trancos – bem dentro da proposta de oferecer ao ZR-V a dirigibilidade confortável de um sedã.
A aceleração de zero a 100 km/h é em 10,9 segundos e a velocidade máxima, de 195 km/h. Embora não cheguem a expressar emoção e esportividade, bastam para escapar da morosidade.
Em termos suspensivos, o ZR-V justifica o fato de ser chamado de “SUV do Civic”. Com MacPherson na frente e multilink atrás, a suspensão do crossover filtra bem as irregularidades e controla eficientemente as rolagens laterais – à semelhança dos sedãs, o crossover mexicano aderna pouco nas curvas rápidas.
“Emprestada” pelo Civic de décima geração, a plataforma tem boa rigidez torcional e transmite sensação de consistência ao conjunto, mesmo em pisos irregulares. O ZR-V oferece uma experiência de condução confortável, com boa dirigibilidade.
A altura em relação ao solo de 17,8 centímetros não é tão elevada quanto o padrão dos SUVs médios e colabora para manter o equilíbrio dinâmico. O isolamento acústico funciona bem e, abaixo dos quatro mil giros, deixa qualquer ruído do motor fora do carro.
Ficha técnica – Honda ZR-V Touring
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 1.996 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote variável na admissão e no escape. Acelerador eletrônico e injeção multiponto de combustível.
Potência: 161 cavalos a 6.500 rpm
Torque: 19,1 kgfm a 4.200 rpm
Transmissão: continuamente variável (CVT) acoplada por conversor de torque com sete marchas pré-programadas e “paddles shiffters” no volante
Tração: dianteira, com controle eletrônico de tração
Direção: elétrica
Carroceria: utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares
Dimensões: 4,57 metros de comprimento, 1,84 metro de largura, 1,61 metro de altura e 2,66 metros de entre-eixos
Suspensão: independente nas quatro rodas com MacPherson na dianteira e multilink na traseira. Controle eletrônico de estabilidade.
Freios: discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. Oferece ABS com EBD, assistente de partida em rampa, controle de descida e sistema de frenagem autônoma.
Pneus: 215/60 R17
Peso: 1.446 kg
Capacidade do porta-malas: 389 litros, 1.306 litros com os bancos traseiros rebatidos
Tanque de combustível: 53 litros
Preço: R$ 214.500
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